Podcast da Semana

Gama Revista
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Aug 20, 2023 • 39min

Mariana Valente: "Não é sua culpa se os nudes caem na rede"

Você tem dúvidas que a internet pode ser um lugar nefasto especialmente para as mulheres? Basta olhar a frequência com que elas têm fotos nuas expostas nas redes sem autorização e são extorquidas e manipuladas por conta disso – caso da atriz Carolina Dieckmann, que teve de lidar com a disseminação de retratos de nudez, após a invasão de seu e-mail. O fato deu origem a uma lei que leva seu nome e que puni crimes cibernéticos. Há também ataques e perseguições direcionados a elas. Aqui lembramos de Lola Aranovitch, professora universitária e ativista feminista que virou alvo de grupos de homens que atacam mulheres online e inspiração para uma outra lei que combate crimes de misoginia na internet. Essas duas leis foram promulgadas em 2012 e em 2018, respectivamente. Partindo disso, podemos dizer que é relativamente recente esse entendimento de que há, sim, violência de gênero online. Foi baseada no período de uma década -- 2012 a 2022 --, que Mariana Valente, diretora do Internet Lab e professora de direito na Universidade de São Galo, na Suíça, lançou "Misoginia na Internet"(Fósforo, 2023). Ao longo de sua carreira, Mariana Valente se dedicou à pesquisa de tecnologia e sociedade, economia digital e direitos on-line, com especial foco em violência de gênero, acesso ao conhecimento e outras questões de equidade. Neste episódio do podcast, ela relaciona a violência online com o machismo que marca a sociedade brasileira fora das redes, trata das dificuldades encontradas por mulheres que buscam seus direitos ao sofrerem violências onlines e abre janelas para pensarmos e lidarmos com um tema tão complexo como esse.
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Aug 13, 2023 • 26min

José Henrique Bortoluci: "A busca da história de um pai é uma busca sobre quem nós somos"

A trajetória de um pai caminhoneiro, que passou 50 anos de sua vida pelas estradas no país é contada pelo filho, José Henrique Bortoluci no ensaio biográfico "O que é meu", lançado pela editora Fósforo. Durante um período da pandemia do covid-19, o sociólogo e escritor -- nosso entrevistado de hoje -- sentou para ouvir o pai, José Bortoluci, para relembrar as histórias que haviam preenchido seu imaginário durante a infância e adolescência, quando o pai voltava de viagens de um mês, um mês e meio, pelos Brasil dos anos 1960, um período de ditadura militar. Essas conversas aconteceram quando o pai tratava também um câncer. "A escuta e a necessidade do cuidado criaram pontes entre nós dois que são um grande presente da vida. Hoje eu acho que uma das grandes coisas que eu tiro desse livro foi esse aprofundamento muito grande da relação com meu pai", diz a Gama. O livro do José Henrique Bortoluci já era um fenômeno editorial antes mesmo de ser lançado, no começo de 2023. Doze países vão publicar o título, que se encaixa no gênero de autoficção. Esse é o primeiro livro do autor, que é doutor em sociologia pela Universidade de Michigan em desde 2015, leciona na Fundação Getulio Vargas. É um livro que consegue, ao mesmo tempo, tratar de amor, de saudade, da diferença de classe que se formou entre os dois -- o pai caminhoneiro, o filho sociólogo -- e da história do Brasil. A conversa deste episódio é sobre essa relação pai e filho, sobre distanciamentos e aproximações e sobre uma classe trabalhadora que é essencial na história do país, mas nem sempre é lembrada. Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic
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Aug 6, 2023 • 32min

Ana Suy: "Traição: não dá pra fingir que nada aconteceu"

A traição é um tema que aparece nos relacionamentos amorosos. Seja na cabeça dos ciumentos, em descobertas dolorosas demais, seja na tentativa de evitar esse sofrimento abrindo o relacionamento – um formato crescente nos acordos entre casais. É sobre o episódio com Ana Suy, psicanalista, pesquisadora, autora de uma série de livros sobre amor, desejo e relacionamento, entre eles o best-seller “A Gente Mira no Amor e Acerta na Solidão” (Paidós, 2022). Ela é também professora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná e uma voz ativa nas redes, com mais de 300 mil seguidores no Instagram. Na conversa com Gama, ela fala sobre o que significa a traição em um relacionamento, diz que a grande questão das partes envolvidas não é contar ou não contar, mas entender por que isso aconteceu. "A traição vai realizar uma fantasia infantil nossa, desastrosa, que é de perder o lugar de ser o objeto amado para alguém", diz a Gama. A psicanalista nos ajuda a identificar em que tipo de relacionamento amoroso estamos inseridos, e sobre as dificuldades de lidarmos com essa quebra de confiança. Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic Edição de som: Laura Capelhuchnik
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Jul 30, 2023 • 34min

Maria Stockler Carvalhosa e Daniela Thomas: "O audiolivro dá foco de presente"

A nova editora de audiolivros Supersônica nasceu do encontro de quatro mulheres, mas especialmente graças à editora Maria Stockler Carvalhosa. Ela perdeu a visão na adolescência, mas nunca abandonou a literatura. Estudante de letras, ela tinha uma queixa com os leitores eletrônicos, que deixavam o texto sempre frio demais e a experiência triste. Ao saber disso, a artista multimídia Daniela Thomas, amiga da família da Maria e consumidora voraz de audiolivros, entendeu que tinha aí uma oportunidade boa para ser explorada. A elas duas, se uniram a escritora Beatriz Bracher e a produtora executiva e artística Mariana Beltrão e agora no segundo semestre será lançada a editora. A ideia é lançar grandes títulos da literatura, clássicos e contemporâneos, narrados por vozes importantes da cultura brasileira. Pros dois primeiros anos de Supersônica, tem uma programação de 20 lançamentos, que incluem livros de Annie Ernaux lidos pela atriz Isabel Teixeira. Ao Podcast da Semana, Maria Stockler Carvalhosa e Daniela Thomas contam qual o barato desses livros sonoros. O que elas dizem é que eles conseguem capturar todo o nosso foco e a nossa atenção e nos levar a um mundo mágico de um jeito incomum para esse mundo de tanta distração. "O audiolivro te dá o esse presente do foco, você não precisa fazer esforço e ele domina a sua consciência. É um tempo que você ganha de presente para fazer uma viagem astral para dentro do que o autor propõe", diz Thomas.Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira LimaEdição de som: Laura Capelhuchnik
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Jul 23, 2023 • 34min

Flávia Oliveira: "Ter um neto dá a sensação de permanência, mas também de finitude"

“Ter um neto dá a sensação de permanência, mas também de finitude.” Com essa declaração, a jornalista Flávia Oliveira comenta como tem sido a experiência dela de ser avó de Martin, de dois anos e meio. Comentarista da Globonews e colunista do jornal O Globo e da rádio CBN, ela fala sobre um mix de sentimentos, uma sensação de realização mas também de certo desconforto, ao ter assumido esse novo papel. Oliveira é a entrevistada da edição sobre avós do Podcast da Semana. “Talvez tenha sido a experiência mais bonita e profunda que eu tive em um momento de tragédia global”, diz sobre o nascimento do Neto durante a pandemia. “Eu vivi a gestação da minha filha com uma intensidade maior do que a própria gestação que eu tive”, ela conta. A mãe de Martin é a também jornalista Isabela Reis, com que Oliveira apresenta o podcast Angu de Grilo. Ao Podcast da Semana, Flávia Oliveira falou sobre o envelhecimento da população brasileira e o que isso representa para a sociedade e para o país, tanto social quanto economicamente; sobre o etarismo no mercado de trabalho; sobre a ideia de ancestralidade ser mais discutida hoje; e sobre o que isso representa para as religiões de matriz africana. Ela fala também sobre a sua experiência pessoal como avó e sobre a importância dos avós serem rede de apoio para mães, mulheres que muitas vezes estão sobrecarregadas entre o cuidado dos filhos e o trabalho. Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima Edição de som: Laura Capelhuchnik
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Jul 16, 2023 • 33min

Valdecir Nascimento: "Como um médico pode decidir que uma mulher negra pode sentir mais dor que uma branca?"

O racismo e o machismo são as principais ameaças aos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres negras e, na visão de Valdecir Nacimento, fundadora do Instituto Odara, uma organização negra feminista centrada no legado africano e sediada em Salvador, na Bahia, eles nunca estiveram bem no Brasil. E gera números assustadores, como um alto índice de mortalidade materna, assim como o de mortalidade infantil, que estão diretamente relacionados: "O estado que proibe o aborto e persegue as pessoas que fazem aborto é o mesmo que mata crianças e jovens negros. O índice de meninos e meninas negras assassinados pela polícia é alarmante. O mesmo estado que tem os defensores e os heróis, os donos de Deus. O aborto descriminalizado também vai assegurar que as mulheres negras tenham outro tipo de cuidado e não precisem abortar nem morrer de aborto. O racismo tem tudo a ver com isso", afirma a Gama. Entrevistada da edição sobre direitos sexuais e reprodutivos do Podcast da Semana, Valdecir Nascimento diz que o tipo de atendimento que uma mulher negra recebe ao ir a um posto de saúde é pior que o de uma mulher branca. "Como um médico pode decidir que uma mulher negra pode sentir mais dor que uma branca na hora de ter um filho, de receber uma anestesia?", questiona. Na entrevista, ela fala sobre o escopo mais amplo desses direitos, que hoje vão desde a discriminalização do aborto e o direito a um acompanhamento de gravidez e parto humanizado até o acesso a absorventes íntimos para todas as mulheres, e discorre sobre a diversidade da mulher negra brasileira: "O tailleur não cabe nas mulheres negras, nossa presença incomoda muito por isso". Graduada em História pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), e Mestre em Educação pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), ela se debruça há décadas sobre a situação da mulher negra e luta por direitos. Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima Edição de som: Laura Capelhuchnik No link abaixo e também no Deezer, Spotify, Apple Podcast, Google Podcast você escuta este episódio.
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Jun 25, 2023 • 33min

Marcelo Rubens Paiva: "Perdoar faz muito mal ao país"

O escritor, dramaturgo e jornalista Marcelo Rubens Paiva traz na sua produção até agora uma combinação sensível entre memória pessoal e de país. Entrevistado deste episódio, ele já levou um jabuti pelo seu livro "Feliz Ano Velho", que em 2022 completou 40 anos. É autor de peças e livros como "Blecaute" (1986), "Malu de Bicicleta" (2003) e "Ainda Estou Aqui" (2015) – esse, que é seu livro mais recente, vai virar um filme dirigido por Walter Salles. Para Marcelo, o "Ainda Estou Aqui" é, de alguma maneira, a continuação do "Feliz Ano Velho", lançado em 1982 – ainda um período de ditadura militar. Neste título mais recente, ele traz a história de sua mãe, a advogada Eunice Paiva, que ficou viúva depois que seu marido, Rubens Paiva, foi torturado e morto pela ditadura, deixando cinco filhos. É também um livro sobre o avanço do Alzheimer em Eunice. Agora, Marcelo está trabalhando em um novo livro, esse sobre paternidade, que vai sair pela Companhia das Letras. Ele é pai de dois meninos. Na conversa a seguir, ele fala de memória, de escrita, de paternidade, da importância de relembrarmos os traumas de um país e da força de sua literatura. Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic Edição de som: Laura Capelhuchnik
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Jun 18, 2023 • 32min

Cauana Mestre: “Está cada vez mais difícil identificar o que é do coletivo e o que é singular”

Como ser livre para seguir seus desejos, para fugir de padrões e para respeitar as suas escolhas?Os ideais de beleza, de comportamento, de performance invadem nosso cotidiano e, muitas vezes, fica difícil identificar o que é um desejo seu, o que faz parte da sua singularidade, e o que veio do mundo. “Está cada vez mais difícil identificar o que é do coletivo e o que é singular”, diz a psicanalista Cauana Mestre, entrevistada deste episódio. Mestre é graduada em Psicologia e tem mestrado em Literatura. Nessa área, ela estudou especialmente a obra de Elena Ferrante. Recentemente, ministrou o curso “Gozo, Corpo, Feminino, Sexuação“, com a colega Licene Garcia. Nas redes sociais, a psicanalista sempre traz personagens do cinema e da literatura para falar de psicanálise. Na conversa a seguir a gente fala do conceito de liberdade, de liberdade sexual, da dificuldade de aceitarmos nossos desejos e também da psique das personagens de filmes e séries recentes como “Tár”, “Succession” e “A Filha Perdida”.
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Jun 11, 2023 • 43min

Rita Lobo: "Quem não sabe cozinhar vira presa da indústria de ultraprocessados e cai em modismos"

Rita Lobo chega aos 23 anos de vida do Panelinha, site que virou editora, escola, loja, canal no YouTube e produtora de TV, com a publicação de um livro que considera definitivo. São 550 receitas que formam uma espécie de oráculo da cozinha brasileira doméstica contemporânea. Poucos dias depois deste lançamento, iniciou na TV a nova temporada do “Cozinha Prática”, programa que tem há 11 anos. Agora, ela se lança na temporada batizada de #ReceitaDesafio, em que justamente desafia os telespectadores a largarem todas as barreiras que os afastam da cozinha, seja preguiça, falta de tempo ou qualquer outra justificativa. Com a realização de tantos feitos, ela quer ainda mais: escalar sua voz para além dos milhões de brasileiros que já a ouvem, como é fácil verificar em sua conta de quase 2 milhões de seguidores no Instagram. Depois de lançar livros temáticos e específicos, fazer 16 temporadas na TV e deste mais recente livro-compêndio, ela quer que sua voz seja amplificada para quem ainda não a ouviu e levar todo mundo para a cozinha. “Ensino a cozinhar porque quem cozinha tem uma vida melhor”, afirma a Gama. Isso porque come-se melhor, de forma mais variada, saborosa e, acima de tudo, saudável. “Quem não sabe cozinhar vira presa dessa indústria de ultraprocessados, cai nas pegadinhas, nos modismos, e tem menos chances de ter uma alimentação variada, saborosa”, diz ela que há anos comprou briga contra os gigantes dos ultraprocessados e faz um ativismo pela comida de verdade. Entrevistada da edição sobre comida do Podcast da Semana, Rita fala sobre como a cozinha é lugar para a família inteira, os novos planos do Panelinha, sua rotina de exercícios e diz que “ao cozinhar, você aprende mais sobre você e melhora as relações”. Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima Edição de som: Laura Capelhuchnik
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Jun 4, 2023 • 24min

Julia Rezende: “Há uma indignação que uma história real provoca”

“Todo Dia a Mesma Noite”, minissérie da Netflix que fala sobre o trágico incêndio da boate Kiss, foi um sucesso estrondoso, a produção brasileira da plataforma de streaming com melhor desempenho de audiência até hoje. Para a diretora Julia Rezende, o caráter trágico da história e a indignação de quem passa a conhecer seus detalhes explica o fenômeno de audiência. “As pessoas sofreram quando a tragédia aconteceu há dez anos, mas todo mundo esqueceu ou não acompanhou as repercussões e os desdobramentos. Agora, com a série, veio à tona tudo o que aconteceu, os conflitos, as injustiças. Há uma indignação que uma história real provoca, as pessoas falam não ‘é possível que isso tudo aconteceu’”, afirma. Todo Dia a Mesma Noite foi baseado no livro homônimo de Daniela Arbex e lançado em janeiro. Em 5 dias de exibição, a minissérie de XX capítulos já tinha um bilhão de referências no Tik Tok. Foram os adolescentes que mais comentaram a produção. “Descobri pela minha analista que muitos diziam que era a primeira vez que souberam que jovens podiam morrer”, afirma. “Cada um dos 242 jovens que morreram nesse incêndio tinham uma família, seus amigos, seus sonhos e você se envolve e se apaixona por eles — e aí aquilo tudo é tirado. Esse impacto desse casamento do true crime e da ficção talvez não tenha comparação talvez não tenha comparação com outros gêneros”, afirma. Rezende tem no currículo produções como as comédias “Meu Passado me Condena” e “Depois a Louca Sou Eu”. Agora, ela se prepara para filmar a vida de Ayrton Senna. Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima Edição de som: Pedro Pastoriz

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