

Agora, agora e mais agora
Público
Agora, agora e mais agora é um podcast de histórias da história para tempos de quarentena. Baseado num livro em progresso com o mesmo título, de Rui Tavares, Agora, agora e mais agora percorrerá mil anos de história europeia e global tendo por objetivo atualizar os dilemas das pessoas do passado e colocar em perspectiva histórica os dilemas das pessoas do presente.
Episodes
Mentioned books
Apr 29, 2020 • 23min
A desunião geral
Esta é a segunda conversa da nossa quinta memória, dedicada ao ódio. Até 1870, a França é um império governado por um Napoleão: o Segundo Império e o Imperador é o Luís Napoleão Bonaparte, Napoleão III Imperador dos franceses e sobrinho do Napoleão Bonaparte. Mas o Império perdeu-se por causa de um telegrama. Em 1870, uma troca de mensagens entre o Embaixador de França e o Rei da Prússia é adulterada pelo Chanceler Bismarck de maneira a parecer que o Rei da Prússia se referira ao embaixador francês de forma humilhante. O episódio, em si insignificante, vai excitar o nacionalismo francês e levar Napoleão III a declarar guerra à Prússia. Grave erro. O que era para ser um momento de glória transformou-se numa catástrofe: a França perde rapidamente a guerra e, com ela, as suas Províncias da Alsácia e da Lorena e, finalmente, o próprio império. Humilhação suprema: é em Versalhes que o Rei da Prússia vai ser coroado imperador do Império Alemão. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Mais programas em publico.pt/podcasts.
Apr 28, 2020 • 24min
A senda do ódio
Esta é a primeira conversa da nossa quinta memória, dedicada ao ódio. Léon Daudet era um escritor de algum talento. Mas era um autor que detestava, detestava e detestava. Logo nas primeiras páginas anuncia-se que o autor detesta a democracia. Detesta o parlamento e o parlamentarismo. Detesta a ideia de que a ciência "não tenha pátria nem fronteiras”. Detesta a ideia dos Estados Unidos da Europa (mais sobre isto à frente). Detesta a ideia da igualdade, e a ideia de que “o povo queira igualdade”. Detesta a ideia de que “a democracia seja a paz”. Detesta a ideia de que “a ciência seja boa e que o futuro pertença à ciência”. Detesta a ideia da "instrução laica” e mais ainda a ideia de que “a instrução laica seja a emancipação do povo”. Detesta “a igualdade entre religiões”. Há muitas razões para acreditar que o século XIX tenha sido estúpido, como há muitas razões para encontrar estupidez em todos os séculos da história da humanidade. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Mais programas em publico.pt/podcasts.
Apr 27, 2020 • 23min
Um português pousa a pena no século XVIII
Esta é a quinta conversa da nossa quarta memória, dedicada à emancipação. No dia 15 de Novembro de 1759 um português pousou a pena com que escrevera em Paris um tratado sobre reformas da educação — tema de actualidade naquele ano, como vimos atrás — a que deu o título de "Cartas sobre a Educação da Mocidade". O homem que escrevia não estava em Portugal, de onde fugira aos 27 anos com medo da Inquisição, e aonde nunca mais voltara. Passou por Londres, onde se converteu brevemente ao judaísmo, religião dos seus antepassados. Foi para a Holanda, onde estudou medicina, e ficou racionalista para o resto da vida. Acabou na Rússia, onde foi médico da czarina Anna Ivanovna. Esteve na Crimeia, onde conviveu com muçulmanos e budistas. Passou pela Prússia a visitar Frederico II. E agora está em Paris, onde tenta sobreviver sem pensão até que Catarina a Grande se lembrará dele e o deixará confortável em rublos até ao fim da vida. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Conheça os podcasts do PÚBLICO em https://www.publico.pt/podcasts
Apr 26, 2020 • 32min
Homens que nunca se aborrecem
Esta é a quarta conversa da nossa quarta memória, dedicada à emancipação. John Stuart Mill é principalmente conhecido como pai do liberalismo clássico do século XIX. Mas antes de o ter sido, foi filho — e afilhado — do utilitarismo iluminista do século XVIII, tendo visto a sua infância sacrificada à mesma organização do tempo que tinha nascido antes com Benjamin Franklin, inspirada numa figura como a de Robinson Crusoe, e que no outro lado do mundo formava mentalidades como a do velho general Bolkonski, aquele que em Guerra e Paz dizia “em verdade vos digo, nunca me aborreci um único dia da minha vida”. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Conheça os podcasts do PÚBLICO em https://www.publico.pt/podcasts
Apr 24, 2020 • 29min
A modernidade como pontapé na bunda
Esta é a terceira conversa da nossa quarta memória, dedicada à emancipação. Pelos mesmos dias de outubro e novembro de 1755 em que Benjamin Franklin andava por Filadélfia a tentar convencer a assembleia da Pensilvânia a alterar as políticas radicalmente pacifistas do fundador William Penn, ocorria do outro lado do Atlântico um daqueles acontecimentos de que se diz que “mudam o mundo”. Nove em cada dez vezes, não é verdade. Esta é uma das outras. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Conheça outros podcasts do PÚBLICO em https://www.publico.pt/podcasts
Apr 22, 2020 • 26min
A solução Quaker para a Europa
Esta é a segunda conversa da nossa quarta memória, dedicada à emancipação. No final do século XVII, quase todos os cristãos tinham uma certeza e uns quantos deles tinham uma preocupação. A certeza era a de que o cristianismo era a verdadeira religião. A preocupação era que, nesse caso, se tornava difícil saber qual cristianismo. Se o cristianismo era a verdadeira religião, então por que raio os cristãos estavam num estado de guerra e discórdia permanente entre católicos e protestantes, entre protestantes e protestantes, entre seitas dentro de cada igreja e tendências dentro de cada seita? Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Descubra outros programas em https://www.publico.pt/podcasts
Apr 21, 2020 • 24min
O lado B
Esta é a primeira conversa da nossa quarta memória, dedicada à emancipação. Um dia, quando estava mais ou menos a começar a escrever este livro, decidi ir a uma igreja assistir a uma missa. Bem, isto é mentira, não era uma igreja e não era uma missa, mas é maneira mais aproximada que eu tenho de vos explicar. Além disso, eu sou ateu. Mas se fosse religioso acho que estava sempre lá caído para as missas e não só. Se eu não fosse ateu gostaria de ser devoto, do judaísmo ao candomblé. Como não sou religioso, gosto de ser ateu, e gosto de gostar de religiões. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Descubra outros programas em https://www.publico.pt/podcasts
Apr 18, 2020 • 31min
O amor é um jogo perdido
Esta é a quinta conversa da nossa terceira memória, dedicada à globalização. Em 1560, um jovem de 21 anos, filho de pai espanhol e de mãe inca, saiu da cidade de Cuzco, nos Andes, e fez os mais de mil quilómetros de montanha e selva que o separavam de Lima, cidade fundada há apenas 25 anos e há menos de 20 anos capital do Vice-Reino do Peru, para poder apanhar um barco para a Europa. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Descubra outros programas em https://www.publico.pt/podcasts
Apr 17, 2020 • 36min
O ódio sagrado ao mundo
Esta é a quarta conversa da nossa terceira memória, dedicada à globalização. Fuga sæculi, o ódio sagrado ao mundo, era um sentimento comum a gente religiosa de várias religiões na transição entre a Idade Média e o Renascimento. Neste episódio veremos como Isaac Abravanel, o judeu, abandonou os seus entusiasmos aristotélicos para se dedicar a estudar uma data para o fim do mundo. Outros odeiam o mundo, detestam-no com uma força tal precisamente por ele não ter ainda acabado e para demonstrarem o seu amor maior pela espiritualidade que há-de vir, desprezando a carnalidade, a corporeidade deste mundo desgraçado em que vivemos. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Descubra outros programas em https://www.publico.pt/podcasts
Apr 15, 2020 • 28min
Memória, medo e media
Esta é a terceira conversa da nossa terceira memória, dedicada à globalização. Há 500 anos, por estes dias, um jovem monge alemão enviou para o seu bispo um texto composto por uma série de 95 curtas teses de uma ou duas linhas cada, escritas em latim. Pode ser que tenha também pregado o mesmo texto na porta da Igreja de Todos os Santos em Wittenberg, no dia 31 de Outubro de 1517, dando assim início à Reforma Protestante. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Descubra outros programas em https://www.publico.pt/podcasts


