Agora, agora e mais agora

Público
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Apr 14, 2020 • 19min

Como escrever sobre um amigo decapitado?

Esta é a segunda conversa da nossa terceira memória, dedicada à globalização.  No dia 26 de Janeiro de 1536, o português Damião de Góis, que se encontrava na cidade italiana de Pádua, respondeu a uma carta de Erasmo de Roterdão, que estava em Basileia, na Suíça, e que era o mais célebre autor europeu do seu tempo. Entre novidades sobre amigos, livros, mudanças de casa e saúde — Damião de Góis destruíra, em frustração, o bilhete em que Erasmo lhe enviara comunicando-lhe que estava cada vez mais doente com gota — há algo que Damião sente que tem de dizer ao seu amigo e mentor. Trata-se de falar da morte de Tomás Moro (ou Thomas More, ou ainda Morus, o político e jurista inglês que escrevera "A Utopia") que ocorrera no Verão passado, a 6 de Julho de 1535, através de execução por decapitação.  Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares.  Descubra outros programas em https://www.publico.pt/podcasts
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Apr 13, 2020 • 18min

A casa das perguntas

Esta é a primeira conversa da nossa terceira memória, dedicada à globalização.  Passaram mais de 200 anos sobre a nossa última conversa. Estamos agora no dia 4 de Abril de 1571, uma quarta-feira no antigo calendário juliano. Damião de Góis tem 69 anos, é guarda-mor da Torre do Tombo, historiador do reino e autor da "Crónica do Felicíssimo Rei Dom Manuel". Vive entre Alenquer, a sua terra natal, e Lisboa.  Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares.  Descubra outros programas em https://www.publico.pt/podcasts
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Apr 9, 2020 • 24min

Passado, prosperidade e pandemia

Esta é a quinta e última conversa da nossa segunda memória, dedicada à polarização.  Quando Boccaccio se recolheu à vila de Fiesole, nos arredores de Florença, durante a peste de 1348, e teve a sua ideia para o "Decameron" de cem histórias contadas por sete mulheres e três homens que fazem uma quarentena, já era de um exercício de nostalgia que a sua vida literária tratava. Dante morrera uma geração antes, em 1321, no exílio, em Ravena. Boccaccio tinha por ele uma admiração profundíssima. Nós, que conhecemos o título da maior obra de Dante, a “Divina Comédia”, ignoramos na maioria que ela só se chama assim por causa de Boccaccio. Dante chamara ao seu poema apenas a “Comédia”. Foi Boccaccio que lhe acrescentou o adjectivo “Divina” de cada vez que falava ou escrevia sobre ela, de forma que a qualificação acabou por se tornar inseparável do título.  Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares.  Descubra outros programas em https://www.publico.pt/podcasts
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Apr 6, 2020 • 22min

O espanto do mundo

Esta é a quarta conversa da nossa segunda memória, dedicada à polarização.  Em plena epidemia da gripe pneumónica a que chamaram “espanhola”, em 1919, um padre católico em professor da Universidade Complutense de Madrid, chamado Miguel Asin Palacios, que tinha então 48 anos, publicou um livro com o título “A escatologia muçulmana na Divina Comédia”. A ligação entre a escatologia muçulmana e a Divina Comédia é que não pareceu a toda a gente assim tão evidente. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares.  Descubra outros programas em https://www.publico.pt/podcasts
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Apr 2, 2020 • 22min

O tempo do notário

Esta é a terceira conversa da nossa segunda memória, dedicada à polarização.  Vamos falar hoje de uma pessoa nascida em 1220, o que quer dizer há exatamente oitocentos anos de nós. O seu nome era Brunetto Latini, era florentino, era do partido guelfo, e era notário — um dos notários mais interessantes e importantes da história, embora isso não seja à partida motivo para que ele seja muito famoso, até porque as pessoas não são em geral muito fascinadas por notários. Mas fazem mal: o facto de os notários existirem e de poderem assumir os papéis que Brunetto Latini desempenhou durante a sua vida é em si mesmo indicativo dessa revolução perdida — ou dessa revolução não bem chegada a nascer — de que andamos à procura nesta nossa memória.  Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares.  Descubra outros programas em https://www.publico.pt/podcasts
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Apr 1, 2020 • 23min

No princípio era o fim do mundo

Esta é segunda conversa da nossa segunda memória, dedicada à polarização.  Entre 500 e 1500 não há praticamente geração que não acredite ser a última, e o mais notável é que quem faz essas previsões não são só profetas loucos ou marginais, mas os mais importantes bispos, teólogos e autores de três religiões, duas delas cada vez mais dominantes desde a Ásia Central até à Europa Ocidental. A crença no fim do mundo para breve, para hoje, para este ano, até para ontem, não é uma maluqueira das franjas da sociedade mas um facto perfeitamente assumido por estas sociedades a partir do topo da sua hierarquia religiosa, num tempo em que a religião se foi tornando o discurso determinante, ou até mesmo o pensamento único. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares. Descubra outros programas em https://www.publico.pt/podcasts
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Mar 30, 2020 • 26min

Guelfos e Gibelinos

Esta é a primeira conversa da nossa segunda memória, dedicada à polarização.   O que acontecerá às nossas polémicas quando já ninguém se lembrar delas? Quando já ninguém entender o significado das palavras com que tanta energia gastamos, tanto fôlego perdemos?  Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares.  Descubra outros programas em https://www.publico.pt/podcasts
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Mar 29, 2020 • 33min

Make Aristotle Great Again

Esta é a quinta conversa da nossa primeira memória, sobre o fanatismo.  Al Farabi define os seres humanos como “os membros daquela espécie na qual não conseguem cumprir com aquilo de que necessitam sem viverem juntos em muitas associações num único lar”. Essas “associações dos humanos” são: “as aldeias, os bairros, as cidades, os conjuntos de cidades, as nações e as associações de nações” até à “associação cívica” da humanidade inteira que é a “associação humana inqualificavelmente perfeita”. A linguagem é do século X, o pensamento é útil para o nosso tempo. Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares.  Descubra outros programas em https://www.publico.pt/podcasts
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Mar 26, 2020 • 23min

Os zoroastrianos

Esta é a quarta conversa da nossa primeira memória, sobre o fanatismo, dedicada ao filósofo medieval Al Farabi. Provavelmente Zaratustra não se terá pensado a si mesmo como o fundador de uma religião, mas mais como o sistematizador e simplificador de crenças antigas dos seus povos das estepes. Durante uma fase da sua vida, Zaratustra tentou persuadir os seus conterrâneos na sua aldeia das suas ideias mais sistemáticas sobre as crenças que todos partilhavam, mas só conseguiu converter o seu primo. Passado alguns anos Zaratustra decidiu mudar de aldeia e aliar-se a um chefe que aceitou as suas ideias como religião “oficial” e as espalhou através das suas conquistas.Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares.  Descubra outros programas em www.publico.pt/podcasts 
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Mar 25, 2020 • 25min

Os calendários

Esta é a terceira conversa da nossa primeira memória, sobre o fanatismo, dedicada ao filósofo medieval Al Farabi. O agora, agora e mais agora de Al Farabi era uma realidade de religiões encavalitadas umas nas outras, umas recentes que se viriam a tornar dominantes, outras antigas que viriam a quase desaparecer, impérios em fluxo e refluxo, batalhas fratricidas entre seitas, e elementos cada vez mais fortes de messianismo e milenarismo. Grande parte dos contemporâneos de Al Farabi, seus correligionários muçulmanos ou também cristãos e judeus, acreditavam que o fim do mundo estava para muito breve, e que poderia ocorrer naquela geração ou na seguinte, perto do ano mil.Agora, agora e mais agora — seis memórias do último milénio, é um podcast de história para tempos de quarentena. Por Rui Tavares.  Descubra outros programas em www.publico.pt/podcasts 

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