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O Assunto

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Nov 3, 2022 • 34min

PT: a história e os desafios à frente

Fundado em 1980, na esteira de uma greve de metalúrgicos que deu projeção nacional a sua principal liderança, o Partido dos Trabalhadores chegou à Presidência da República 22 anos depois e lá ficou por dois mandatos de Lula e “um e meio” de Dilma Rousseff - alvo de impeachment em 2016. A partir daí, o partido atravessou um longo deserto até receber das urnas, no último dia 30, a missão de voltar ao Palácio do Planalto e “reorganizar a democracia”, em processo muito semelhante ao levado a cabo por Ulysses Guimarães e o PMDB ao final da ditadura, avalia Celso Rocha de Barros, convidado de Renata Lo Prete neste episódio. Autor do livro recém-lançado “PT, uma história”, o sociólogo avalia que se trata do “último grande partido ainda de pé” no país. Para ele, neste terceiro mandato de Lula é possível que a militância passe por uma “crise de identidade”, a partir da necessidade de fazer alianças mais ao centro - com personagens como Simone Tebet (MDB) e Eduardo Paes (PSD). Ele explica como a transição Bolsonaro-Lula pode definir a política econômica na largada do novo governo. “Quando Lula assumiu em 2003, sabia que não tinha ninguém pronto para dar golpe, o que lhe permitiu tomar medidas impopulares na economia”, lembra. E conclui falando sobre o desafio de lidar com Bolsonaro. “Essa é a grande questão da política brasileira”: com o futuro ex-presidente liderando a oposição será preciso “se preparar para uma década de instabilidade”.
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Nov 2, 2022 • 30min

A baderna a serviço de Bolsonaro

Os dois dias de silêncio do presidente da República serviram de combustível para o bloqueio de rodovias em 24 estados por seguidores inconformados com a derrota nas urnas, movimento antidemocrático que causou prejuízos de todo tipo, além de deixar Bolsonaro isolado até dentro do próprio governo. Quando finalmente se pronunciou, passou a mão na cabeça dos desordeiros e não mencionou o adversário eleito, mas reconheceu implicitamente o resultado ao agradecer os votos recebidos e dar púlpito ao ministro da Casa Civil para declarar iniciada a transição. “Ele tentou tirar as meias sem descalçar os sapatos”, diz Maria Cristina Fernandes em conversa com Renata Lo Prete. Para a colunista do jornal Valor Econômico, Bolsonaro adotou tom de “vitimização” já de olho em eleições futuras e porque tem uma “bola de ferro amarrada nos pés” - pela primeira vez em mais de três décadas, não desfrutará de foro privilegiado. Na avaliação de Maria Cristina, a toada será essa nas próximas semanas: “ele vai esticar a corda até o último dia”.
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Nov 1, 2022 • 29min

Os primeiros passos da transição

Vinte anos depois de ser eleito pela primeira vez, Lula terá que lidar com uma troca de guarda em tudo diferente daquela de 2002. A começar pelo fato de que, mais de 24 horas depois de anunciado o resultado, o adversário ainda não havia se pronunciado sobre a derrota. "Entre uma opção pacífica e o confronto”, o governo de Jair Bolsonaro (PL) “sempre escolheu o confronto", diz Thomas Traumann, pesquisador da FGV e colunista da revista Veja, que volta ao podcast para dar sequência à conversa com Renata Lo Prete sobre os resultados do 2° turno. O jornalista relembra “a transição modelo” entre Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Lula. Agora será outro padrão, prevê ele. Thomas explica as regras previstas na lei que rege as transições, como a indicação, pelo presidente eleito, de nomes que terão acesso a documentos e informações antes da posse, em 1º de janeiro. Autor do livro “O Pior Emprego do Mundo”, sobre ministros da Fazenda, Thomas elenca os perfis dos possíveis escolhidos para o cargo na próxima administração. Para ele, a experiência de negociação com o Congresso é um dos ativos mais importantes, o que poderia render a indicação a quadros petistas como o governador Rui Costa (BA) e o deputado federal Alexandre Padilha (SP). Mas Thomas pondera que uma conjuntura econômica mais delicada poderia favorecer “um nome de maior confiança” do mercado, como o de Henrique Meirelles. Para ele, os sinais emitidos até aqui pela equipe do presidente eleito sugerem "um governo menos petista que os dois primeiros de Lula".
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Oct 31, 2022 • 35min

A vitória de Lula para 3° mandato inédito

Estavam apuradas mais de 98% das urnas quando o TSE anunciou o resultado oficial da eleição para Presidente. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) registrou a maior votação da história do país: foram mais de 60 milhões de votos, o que garantiu a ele 50,90% do total de válidos - diante de um uso nunca visto antes da máquina pública a favor de Jair Bolsonaro (PL). “Uma vitória nos minutos finais da prorrogação”, sintetiza Thomas Traumann, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas. Na madrugada desta segunda-feira, ele e Renata Lo Prete analisaram os dois discursos do presidente eleito: o primeiro para seus correligionários, e o segundo, para a militância, na Avenida Paulista. “Foram mensagens muito claras”, afirma o jornalista. Lula sabe que vai assumir um “país partido” e que precisa pregar um governo de amplo espectro. O petista também reconhece “que o PT sozinho não teria ganho essa eleição”: daí a importância da ampla aliança construída no 2º turno com Simone Tebet (MDB), Marina Silva (Rede) e o grupo de economistas responsáveis pelo Plano Real - além da presença de seu vice, Geraldo Alckmin (PSB). Para Traumann, no entanto, essa “grande tenda” organizada por Lula tem contradições naturais: “O que unia todo mundo era o movimento contra Bolsonaro”. Agora, entende, o presidente eleito – que assume o Planalto em 1º de janeiro de 2023 - terá que aglutinar essas forças para serem “a favor de outras pautas”.
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Oct 28, 2022 • 23min

Taxa de abstenção: a incógnita final

Mais de 32 milhões de brasileiros não compareceram ao 1º turno, número que representa quase 21% do total de aptos a votar. “É um problema para a sociedade”, considera o cientista político Antonio Lavareda, convidado de Renata Lo Prete neste episódio. Na avaliação dele, não é natural que tantos abdiquem de participar do “principal momento da democracia”. Professor colaborador da Universidade Federal de Pernambuco e presidente do Conselho Científico do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), Lavareda explica como, em uma reta final tão acirrada, a abstenção se tornou variável de peso, e por que ela tem potencialmente mais impacto sobre o desempenho de quem está na frente - no caso da disputa presidencial, Lula (PT), que aparece com 5 pontos de vantagem sobre Jair Bolsonaro (PL) no Datafolha divulgado nesta quinta-feira. Lavareda discute o papel da gratuidade do transporte público, ampliada no 2º turno, para garantir o exercício do voto aos eleitores mais vulneráveis. “Tirar dinheiro do bolso para votar afasta compulsoriamente muitos brasileiros da urna”, diz. E recomenda olhar com especial atenção para o comparecimento no Sudeste e no Nordeste: “A abstenção pode alterar profundamente o desenvolvimento dos fatores políticos de um país”.
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Oct 27, 2022 • 23min

O papel de Minas no desfecho da eleição

Segunda maior concentração de votantes do país, único Estado do Sudeste a dar vitória a Lula (PT) em 2 de outubro. Ali, a vantagem percentual do petista sobre Jair Bolsonaro (PL) foi praticamente a mesma do resultado nacional. Isso porque, explica Bruno Carazza, Minas Gerais é, sob vários aspectos, uma síntese do Brasil. Na conversa com Renata Lo Prete, o colunista do Valor Econômico analisa o desempenho dos dois candidatos por região do Estado no primeiro turno e as seguidas visitas de ambos nas últimas quatro semanas. Avalia o peso da máquina comandada pelo governador reeleito Romeu Zema (Novo), agora a serviço do presidente. E elenca também os apoios reunidos por Lula, que luta para conservar ao menos parte dos cerca de 600 mil votos de dianteira que obteve entre os mineiros. Carazza chama a atenção ainda para os números da abstenção, que foi elevada em partes do interior. Em Minas, conquista estratégica para a vitória nacional, “cada voto conta”.
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Oct 26, 2022 • 25min

Eleição: a batalha do salário mínimo

Na cabeça de Paulo Guedes desde a largada do governo Bolsonaro, a ideia de desatrelar o mínimo das aposentadorias (que assim não teriam mais correção pela mesma regra) voltou ao noticiário. O vazamento, em pleno segundo turno, de um estudo do Ministério da Economia sobre formas de cobrir o rombo fiscal deixado pelo esforço pró-reeleição obrigou o presidente a jogar a bola para o mato. Bolsonaro agora promete dar aumento real ao salário (o que não fez no primeiro mandato), sem, no entanto, esclarecer o que aconteceria com as aposentadorias. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Valdo Cruz, comentarista da Globonews e colunista do g1, para entender a disputa dentro do governo e por que o comparativo com a gestão Lula é especialmente desfavorável a Bolsonaro nesse quesito. Participa também João Saboia, professor de emérito da UFRJ. É ele quem explica a centralidade do salário mínimo na discussão econômica brasileira e seu papel na redução da pobreza e da desigualdade.
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Oct 25, 2022 • 34min

Caso Jefferson: baderna bolsonarista

Depois de desrespeitar seguidas vezes as condições que lhe permitiam cumprir pena em regime domiciliar, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) recebeu com dezenas de tiros de fuzil e três granadas os policiais federais que foram cumprir a ordem judicial de prendê-lo. De gravidade inédita, o incidente suscita uma série de perguntas ainda sem resposta, começando pela mais flagrante: “como um condenado tinha esse arsenal em casa?”, indaga Andréia Sadi, apresentadora do Estúdio i (GloboNews) e colunista de política do g1. Em conversa com Renata Lo Prete, ela mostra como o evento de domingo desnorteou as milícias digitais a serviço de Jair Bolsonaro. De início, elas formaram uma espécie de corrente de defesa do criminoso - que, ao reagir a bala e desrespeitar o Supremo, nada mais fez do que seguir, de forma literalmente explosiva, a cartilha do presidente. Só que este, ao perceber o risco eleitoral envolvido, procurou se dissociar do aliado. Operação difícil, considera Sadi. “Ele esqueceu de combinar com a turma e deixou o bolsonarismo nu”, diz. Fora os rastros da ligação entre ambos, como o onipresente Padre Kelmon (prestador de serviços para Bolsonaro no primeiro turno, “negociador” na cena da rendição do delator do mensalão). A jornalista avalia ainda as semelhanças com o caso Daniel Silveira, outro petebista de extrema-direita condenado, ao qual o presidente concedeu perdão. Para Sadi, tudo indica que Bolsonaro se inclinava a fazer o mesmo com Jefferson, mas a campanha eleitoral e o atentado contra os agentes inviabilizaram esse caminho.
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Oct 24, 2022 • 24min

Amazônia urgente: o impacto no clima

O desmatamento acelerado da floresta está no topo das preocupações globais com o aumento das temperaturas e os eventos extremos em diferentes pontos do planeta. E há razões de sobra para isso. Neste episódio do podcast, a cientista Luciana Gatti detalha os resultados do mais recente estudo coordenado por ela no Laboratório de Gases de Efeito Estufa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Segundo esse trabalho, as emissões de gás carbônico na região dobraram no período 2019-2020, “principalmente por desmantelamento na aplicação da lei”. O volume de precipitações caiu 12% no acumulado (na estação chuvosa, a queda chegou a 26%), e a temperatura média subiu 0,6°. “É a nossa grande fábrica de chuva”, define Luciana. “Que estamos transformando em acelerador das mudanças climáticas”. Na conversa com Renata Lo Prete, ela explica consequências que se estendem para pontos distantes do país e atingem setores essenciais, como a produção de alimentos. Independentemente de quem vencer a eleição presidencial, Luciana não tem dúvida quanto a um ponto: “A Amazônia não aguenta mais quatro anos de destruição”.
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Oct 21, 2022 • 26min

O TSE e a avalanche de desinformação

Na largada da campanha, o presidente da Corte, Alexandre de Moraes, prometeu coibir abusos de forma “célere, firme e implacável”. Mas o volume de fake news e outras distorções tem desafiado o ministro e seus colegas, em especial neste segundo turno. Em resposta, o tribunal aumentou a pressão sobre as plataformas, abriu investigação em torno de uma rede de notícias falsas que atuaria em favor de Jair Bolsonaro (PL) e concedeu quase duas centenas de direitos de resposta - a maioria à campanha de Lula (PT). Na noite desta quinta, eles foram suspensos, até julgamento em plenário, pela ministra Maria Claudia Bucchianeri. O conjunto das medidas revela “uma estratégia combativa”, nas palavras de Rafael Mafei, professor da Faculdade de Direito da USP. Muitos, no entanto, se perguntam se o cerco não deveria ter começado mais cedo, considerando que se trata da eleição mais mentirosa e violenta já vista no país. “O TSE responde aos desafios do momento”, pondera Mafei. “E o desafio do momento é esse”. Em conversa com Renata Lo Prete, ele recupera os anos de ofensiva planejada de Bolsonaro contra a Justiça Eleitoral e seus principais representantes. E explica como essa operação de desgaste se relaciona com as dificuldades para conter o presidente dentro das regras agora.

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