O Assunto

G1
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Jan 30, 2024 • 36min

Carlos Bolsonaro e a espionagem da Abin

Agentes da Polícia Federal cumpriram nesta segunda-feira (29) mandados de busca e apreensão na residência oficial, na casa de praia em Angra dos Reis e no gabinete da Câmara Municipal do Rio de Janeiro do filho Zero Dois do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL). Os autos da operação registram que foram apreendidos 11 computadores, 3 notebooks, 4 celulares e uma série de dispositivos de memória eletrônica dos endereços relacionados ao vereador (que exerce seu mandato pelo Republicanos). Desde 2020, o nome de Carlos é relacionado ao que seria uma ‘Abin paralela’. Agora, a investigação da PF vai além e sugere que há ligação direta entre possíveis ilegalidades cometidas dentro da Agência Brasileira de Inteligência durante a gestão de Alexandre Ramagem (PL) e ordens que viriam de dentro da família Bolsonaro. Para explicar o que busca a operação contra Carlos Bolsonaro, as hipóteses da investigação e os potenciais crimes relacionados, Natuza Nery conversa com os jornalistas Andréia Sadi, apresentadora da GloboNews e colunista do g1, e Breno Pires, repórter da revista Piauí. Neste episódio: Sadi afirma que o atual momento, no qual a PF avança sobre as possíveis ilegalidades cometidas dentro da agência de inteligência a serviço da Presidência, “é o de maior risco para a família Bolsonaro”. E que Carlos ocuparia a posição de “grande entusiasta da Abin paralela”: “assessores dele obtinham informações que abasteciam e municiavam a família Bolsonaro contra inimigos políticos e investigações judiciais”; Sadi e Natuza comentam que a suposta organização criminosa não era paralela à Abin, mas, durante o governo Bolsonaro, “integrava a Abin oficial”: “Nesse caso, a instituição estava a serviço de um projeto de poder”. E alertam para o fato de que ainda há agentes “que abastassem os bolsonaristas e agem em conluio para proteger os investigados”; A jornalista informa que existe uma “guerra de bastidores” entre Abin e PF – e que a atual cúpula da agência de inteligência está por um fio. “O Lula mandou fazer uma limpa, e o que foi feito nesse meio tempo? Fica uma gestão muito desgastada desse jeito”, conclui; Breno explica a hipótese da PF e da PGR de que “a tal da Abin paralela era uma das fontes de informações que alimentava o gabinete do ódio” - supostamente uma milícia digital chefiada pelo filho Zero Dois de dentro do Palácio do Planalto durante o governo de Bolsonaro; Ele descreve também como se organizava “o ecossistema da desinformação” e a função de Carlos Bolsonaro de “dar coesão e união a um conjunto de fake news”.
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Jan 29, 2024 • 29min

Clima árido, pela primeira vez no Brasil

A Caatinga, bioma que se espalha predominantemente pelo Nordeste brasileiro e que ocupa aproximadamente 10% do território nacional, é bem adaptada a altas temperaturas e à escassez de água - um clima que é classificado pelos cientistas como semiárido. Nas últimas décadas, no entanto, a falta de chuvas por períodos ainda mais prolongados, somada ao impacto do aquecimento global, tem alterado de forma acelerada a paisagem. O impacto foi tanto que uma área de 5 mil quilômetros – equivalente ao Distrito Federal – foi classificada, pela primeira vez na história, como árida. Um alerta de risco para o clima de todo planeta e de urgência para que o poder público atenda aos milhões de brasileiros que vivem na região. Para contar o que está acontecendo por lá, Natuza Nery entrevista Fábio dos Santos Paiva, presidente da Associação de Agricultores do Frade, do município de Curaçá, norte da Bahia, e Humberto Barbosa, professor e pesquisador especialista em desertificação da Universidade Federal de Alagoas. Neste episódio: Fabio relata as muitas alterações que ele observou no clima e na vegetação ao longo das últimas décadas: “A chuva era mais frequente, e não conseguimos mais colher os cultivos que a gente estava acostumado a plantar”. E se emociona ao contar suas lembranças da juventude. “A gente tinha pé de umbuzeiro e, agora, vou lá e o encontro seco e morto. Chega a cortar o coração”, diz; Ele conta o desafio de alguns colegas que moram em fazendas para conseguir água potável ou irrigação adequada para plantar ou criar animais. “Os jovens veem que não é viável viver em um ambiente que não tem como crescer”, lamenta. “E quando piora para nós, do semiárido, todo mundo também é afetado”, resume; Humberto explica como nas últimas três décadas a região Nordeste sofreu com fortes secas, degradação da paisagem e desmatamento – e de que modo isso se reflete nas alterações do ecossistema. “É como se fosse um vulcão adormecido. Houve transições e o nosso semiárido se tornou mais árido”, esclarece; O pesquisador afirma que há dois motivos para o processo de desertificação na Caatinga: as mudanças climáticas e a ação humana. “A degradação do solo e rios aumenta a pressão e, no futuro, vai trazer desafios para as populações ribeirinhas e para a produção de alimentos pela agricultura familiar”, alerta.
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Jan 26, 2024 • 31min

A Abin e a república da espionagem

O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência acordou com agentes da Polícia Federal na porta de casa nesta quinta-feira (25). Alexandre Ramagem, hoje deputado federal (PL-RJ), foi um dos alvos da operação Vigilância Aproximada, que investiga o suposto uso criminoso da ferramenta FirstMile. A extensa lista de ilegalidades apontadas na decisão judicial assinada pelo ministro Alexandre de Moraes destaca o possível monitoramento de autoridades públicas (caso de ministros do Supremo, parlamentares e governadores) e cidadãos comuns (como advogados, jornalistas e até a promotora do caso Marielle Franco), e também a obtenção de informações sigilosas que ajudassem a proteger os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em diferentes imbróglios judiciais. Para explicar o que diz a investigação da PF sobre o uso político da Abin e os alvos ilegalmente monitorados, Natuza Nery conversa com Daniela Lima, apresentadora da GloboNews e colunista do g1. Neste episódio: - Daniela recorda como as descobertas da operação Última Milha, de outubro do ano passado, avançaram para a atual ação da PF: “São indícios claríssimos de que a agência de inteligência, ligada à Presidência da República, foi utilizada para espionar ilegalmente ministros do STF, governadores, deputados e senadores”; - Ela apresenta aquilo que a investigação da PF aponta como “motivações” para as ordens de Ramagem aos agentes da Abin: blindagem e abastecimento de informações para Flavio Bolsonaro e Jair Renan; monitoramento de adversários políticos; e fabricação de fake news. “Bolsonaro não mentia quando disse que tinha dados de inteligência”, afirma; - Daniela e Natuza informam que a decisão judicial fala em mais de 60 mil registros coletados pela ferramenta FirstMile, relativos a aproximadamente 1.500 números de telefone que teriam sido ilegalmente observados pela Abin – cujos agentes impuseram dificuldades para a investigação em curso; - A jornalista relaciona o atual escândalo da Abin aos inquéritos das milícias digitais e do 8 de janeiro: “O uso de equipamento público para arapongagem se insere no contexto de ataque à democracia e às instituições”.
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Jan 25, 2024 • 34min

O Orçamento da União sequestrado pelo Congresso

De 2019 até agora, o total da verba público destinada a emendas parlamentares praticamente triplicou. O Orçamento de 2024 prevê o montante inédito de R$ 47,5 bilhões para bancar essas emendas. E esse valor só não é maior porque, nesta segunda-feira (23), o presidente Lula (PT) vetou um total de R$ 5,6 bilhões - veto que gerou reações contrárias no Congresso e que já sofre ameaça de ser derrubado. Diante da pressão de senadores e deputados por nacos do Orçamento, o governo precisa se equilibrar entre a meta de déficit fiscal zero e a promessa de gastos destinados ao novo PAC. Para analisar o impacto das emendas na organização dos recursos da União e o resultado político dos conflitos orçamentários, Natuza Nery entrevista Ursula Dias Peres, professora de finanças públicas da USP e pesquisadora do Centro de Estudos da Metrópole, e Bernardo Mello Franco, colunista do jornal O Globo e da rádio CBN. Neste episódio: Ursula descreve todos os tipos de emendas parlamentares e pondera que elas são um instrumento legítimo para a composição do Orçamento da União, mas que a atual escalada de valores, que engole até 40% dos recursos discricionários, evidencia um conflito. “O investimento sem a análise dos indicadores é abrir mão do uso da técnica em prol da política”, diz; A pesquisadora celebra a melhora na transparência na tramitação das emendas com o fim do orçamento secreto, mas diz que segue impossível fazer a avaliação qualitativa sobre o bom uso desse dinheiro. “Emendas pulverizadas não resolvem os problemas de política pública. Essa distorção pode piorar o problema da desigualdade, ao invés de melhorar”, avalia; Bernardo recorda o contexto no qual o orçamento secreto foi criado, durante o mandato de Jair Bolsonaro (PL), e como os parlamentares “reciclaram” o modelo após sua proibição, imposta pelo Supremo Tribunal Federal. “Houve ganho de transparência, mas do ponto de vista da economia não houve mudança nenhuma. E sem controle do Orçamento, o presidente vira uma rainha da Inglaterra”, afirma; O jornalista analisa também a “engenharia política” tentada por Lula para conquistar apoio no Congresso – e a “chantagem parlamentar” imposta pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), ao poder Executivo. “A situação é delicada, e a negociação está cada vez mais cara”, conclui.
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Jan 24, 2024 • 27min

Dengue – explosão de casos e vacina no SUS

Os números da doença em 2023 não têm precedentes: mais de 1,6 milhão de pessoas foram contaminadas e 1.094 morreram em decorrência de complicações. E agora, em janeiro deste ano, a situação é ainda pior. De acordo com dados do Ministério da Saúde, a quantidade de casos de dengue mais que dobrou em relação ao mesmo período do ano passado. A novidade no combate à doença é a vacina Qdenga, desenvolvida por um laboratório japonês, aprovada pela Anvisa e que será oferecida a um público-alvo específico no SUS. Para analisar o boom de casos e a entrada do imunizante no Brasil, Natuza Nery entrevista os médicos infectologistas Stefan Cunha Ujvari, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e autor do livro “A história das epidemias”, e Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações. Neste episódio: Stefan explica por que a epidemia de dengue foi tão forte no início deste ano: “Depende de vários fatores, mas alguns principais são o aumento de temperatura e um período de chuvas intensas”. E alerta que o número de casos deve aumentar. “O pico deve ser no fim de março ou início de abril”, afirma; (2:20) Ele fala sobre a importância da força-tarefa governamental para reduzir focos de multiplicação do aedes aegypti. “É unânime a compreensão de que nenhum país vai erradicar o mosquito de seu território, será preciso lugar para controlar sua proliferação”, afirma; (10:20) Kfouri comenta a chegada da vacina contra a dengue no Brasil: “No primeiro momento, não terá nenhum impacto, mas à medida que tivermos mais imunizados, aí sim”. Isso porque o SUS recebeu apenas 750 mil doses até o momento - de um total de 50 milhões de doses que serão entregues em 5 anos; (15:15) O médico esclarece por que a faixa etária elegível para a imunização é a de crianças e adolescentes: “É onde a vacina encontrou melhor eficácia”. E apresenta quais são os sintomas mais comuns para a doença - e aqueles que mais representam riscos para a saúde do paciente. (23:00)
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Jan 23, 2024 • 24min

O caminho aberto para Trump na eleição americana

Desde que deixou a Casa Branca, em janeiro de 2021, Donald Trump enfrenta uma via crucis judicial, na qual responde a mais de 90 acusações em quatro processos criminais – como aquele no qual é réu por conspirar contra os Estados Unidos e incentivar a invasão do Capitólio. E nada disso reduziu seu capital político entre os correligionários de Partido Republicano. Nas primeiras prévias do partido para decidir o candidato que irá concorrer contra Joe Biden pela presidência americana, em Iowa, Trump venceu com mais de 50% dos votos. Na sequência, recebeu o apoio formal do governador da Flórida, Ron DeSantis, que desistiu da candidatura – agora, precisa vencer apenas Nikki Haley, ex-governadora da Carolina do Sul, para ter sua revanche contra Biden. Para analisar a força política do ex-presidente e quais desafios eleitorais e judiciais que ele deve enfrentar este ano, Natuza Nery conversa com Fernanda Magnotta, coordenadora do curso de relações internacionais da FAAP e comentarista da rádio CBN. Neste episódio: Magnotta explica por que os votos de DeSantis devem migrar quase na totalidade para Trump dentro do partido: “Há compatibilidade de agenda entre o que os dois defendem”. Ela informa ainda que as pesquisas indicam 70% de apoio à agenda trumpista entre os eleitores republicanos. “Ainda é cedo para dizer que a disputa acabou, mas ele é evidentemente favorito”, afirma; (2:00) A especialista em relações internacionais comenta as disputas pelo protagonismo do campo conservador nos Estados Unidos e descreve em que posições estão Trump e Nikki Haley. “Ela é considerada moderada entre os republicanos, mas pode ser vista também como alguém da direita radical”, diz; (6:50) Ela descreve o atual status jurídico de Donald Trump, que deve enfrentar condenações e restrições eleitorais em alguns dos estados americanos – no Colorado e no Maine a candidatura dele chegou a ser barrada. “Essa será a marca das eleições, que serão decididas mais na Justiça do que nas urnas”, sentencia; (15:50) Magnotta afirma que nos corredores de Washington DC, o “cenário base” imaginado por todos é de uma reedição da disputa entre Biden e Trump. “São dois candidatos que beiram os 80 anos e não têm figuras alternativas. A pergunta mais importante é o que vem depois”, conclui. (21:15)
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Jan 22, 2024 • 21min

As cidades escondidas da Amazônia

Estima-se que pelo menos 8 milhões de pessoas vivessem na Amazônia quando o continente americano recebeu as expedições europeias. Essa população nativa amazônida trazia consigo uma história de ocupação de pelo menos 14 mil anos – tempo nos quais diversos tipos de organizações sociais e econômicas nasceram e morreram, assim como tecnologias e expressões culturais e artísticas. Aos poucos, a ciência moderna encontra vestígios desses povos. O caso mais recente foi a descoberta de cidades com 2,5 mil anos de história na Amazônia equatoriana, encontrada graças ao equipamento óptico Lidar, o mesmo que mapeou dezenas de estruturas milenares na região do Alto Xingu, no Brasil – um trabalho liderado pelo geógrafo Vinícius Peripato, sob a orientação de Luiz Aragão, biólogo chefe da divisão de observação da terra e geoinformática do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Luiz Aragão é o convidado de Natuza Nery para explicar essas descobertas e o impacto delas para o futuro do planeta e da própria humanidade. Neste episódio: Luiz relata como os pesquisadores utilizaram os lasers da tecnologia Lidar para identificar as construções de 2,5 mil anos no Brasil e no Equador. “Havia uma complexidade muito grande com estradas e conexão entre cidades e produção agrícola. É mais uma evidência de que a Amazônia foi extensamente ocupada”, afirma; O biólogo descreve o que as pesquisas encontraram nas cidades amazônicas - e como elas foram “recolonizadas” pela floresta. “Grande parte dessas estruturas foram utilizadas para rituais e outras áreas foram construídas para defesa de aldeias ou para produção agrícola”, detalha; Ele informa que os estudos mais recentes avaliam que pode ainda existir, “embaixo da floresta amazônica mais de 10 mil áreas com essas estruturas”; Luiz explica a relação entre os resquícios de civilizações antepassadas e a biodiversidade de espécies já domesticadas pela humanidade. “Isso pode ser aprendido e utilizado para um desenvolvimento bioeconômico”, afirma. “É uma porta para o futuro do planeta”, resume.
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Jan 19, 2024 • 24min

O vaivém da relação de Lula com os evangélicos

Durante a campanha eleitoral de 2022, o contingente de 30% de brasileiros que seguem religiões cristãs protestantes foi um dos polos de disputa dos então candidatos Lula (PT) e Bolsonaro (PL) - a quem as principais lideranças evangélicas tinham como aliado. O petista sofreu com a forte resistência das principais entidades religiosas neopentecostais e, agora como presidente da República, tenta uma aproximação tanto com parlamentares da Bancada Evangélica, quanto com a massa de 60 milhões de brasileiros filiados a essas igrejas. Para analisar os movimentos de altos e baixos da relação do presidente com os evangélicos, Natuza Nery conversa com a cientista política Ana Carolina Evangelista, diretora executiva do Instituto de Estudos da Religião, e com Ronilso Pacheco, pastor auxiliar da Comunidade Batista e teólogo com mestrado pela Universidade Columbia (EUA). Neste episódio: Ana Carolina e Ronilso questionam a eficiência da estratégia de Lula em dialogar apenas com as lideranças religiosas que estão no Congresso. “A estratégia desses líderes é fazer estardalhaço e colocar o governo contra a parede. É uma relação sensível”, afirma o pastor; (1:30) A cientista política destaca que o diálogo com as cúpulas está contaminado porque elas “se radicalizaram ainda mais e defendem seus princípios como uma agenda para o país”. E Ronilso reforça que a abordagem da população evangélica exclusivamente a partir da pauta religiosa é um erro; (5:50) Ana Carolina avalia os impactos da proximidade que os líderes religiosos tiveram com o poder durante os anos de governo Bolsonaro. “É uma bancada que sabe que pode conseguir mais”, resume; (14:50) Ronilso fala sobre como a maioria das igrejas e dos pastores se organizam economicamente – e de que modo a decisão recente da Receita Federal de acabar com a isenção de impostos sobre líderes religiosos foi recebida. “Segue a vida normal como a de qualquer outro brasileiro”, diz; (17:00) Os dois comentam como os fiéis ponderam suas escolhas eleitorais, que passa por fatores de organização comunitária e efetividade de políticas públicas. (20:45)
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Jan 18, 2024 • 24min

A influência do Irã nos conflitos do Oriente Médio

O ataque terrorista do Hamas a Israel em 7 de outubro desencadeou a mais sangrenta guerra já promovida em território palestino e abriu uma caixa de Pandora para mais violência no Oriente Médio. Frentes de combate se abriram na fronteira entre Israel e Líbano, onde atua o grupo terrorista Hezbollah, e no Mar Vermelho, onde rebeldes houthis atacam navios e são bombardeados pelos EUA. Ataques a grupos militantes também foram registrados no Iraque, na Síria e no Paquistão. E a ligação entre todos os conflitos é o Irã, país controlado por aiatolás xiitas que investe muito dinheiro em sua máquina de guerra e patrocina grupos armados em sua área de influência. Para explicar como o governo iraniano impõe seus tentáculos por toda a região e os riscos de que esses conflitos ganhem escala global, Natuza Nery entrevista Vitelio Brustolin, professor de relações internacional da UFF e professor adjunto na Universidade de Columbia (EUA), e também pesquisador da faculdade de Direito de Harvard. Neste episódio: Vitelio afirma que a guerra entre Israel e Hamas já se espalhou pela região e repercute até na Europa e nos Estados Unidos, onde foram ativados alertas máximos contra atos terroristas. “A estratégia do Hamas se mostra eficiente se a tática terrorista se espalhar pelo mundo”, avalia; Ele comenta a agenda geopolítica do Irã, que financia partidos e milícias xiitas em países vizinhos – e enfrenta agrupamentos também armados sunitas, como é o caso do Talebã e do Estado Islâmico. E descreve o poder militar das forças armadas iranianas – que está perto de ter tecnologia suficiente para construir uma ogiva nuclear; Vitelo explica como agem os rebeldes houthis, sediados no Iêmen: “Eles controlam a entrada do Mar Vermelho, por onde passa 12% do comércio mundial”. E como os ataques do grupo a navios são usados como moeda de troca pelo Irã. “Mostra o uso de terrorismo internacional como ferramenta de política externa”, sentencia; O professor fala sobre sua preocupação em relação à multiplicação de conflitos, que poderiam “desembocar em uma guerra maior, que daria início a uma 3ª Guerra Mundial”.
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Jan 17, 2024 • 28min

A ameaça de Bolsonaro ao PL de Valdemar

Em uma entrevista recente, o presidente do partido que abriga os principais nomes da direita brasileira rasgou elogios a Lula (PT). As declarações de Valdemar Costa Neto pegaram mal entre os apoiadores de Jair Bolsonaro, e o próprio ex-presidente entrou em cena: ele as classificou como “absurdas” e sinalizou que esse tipo de fala tem potencial para “implodir” o partido – o mesmo pelo qual ele disputara a eleição de 2022. Em disputa, mais do que um racha ideológico estão os capitais político e financeiro do PL: é a maior bancada na Câmara e no Senado e recebe a maior fatia dos fundos partidário e eleitoral (que, em 2024, será de R$ 4,9 bilhões). Para explicar as rusgas entre Bolsonaro e Valdemar e os riscos para ambos em caso de racha partidário, Natuza Nery conversa com Flávia Oliveira, comentarista da GloboNews e colunista do jornal O Globo e da rádio CBN. Neste episódio: Flávia recorda a aliança do PL com o PT em 2002, que culminou numa então improvável chapa encabeçada por Lula, candidato à Presidência, com o empresário de direita José Alencar: “Essa articulação se deve a Valdemar”. E relaciona a situação com o atual status da relação de Valdemar e Bolsonaro. “É como se estivessem algemados um no outro, e para saírem do lugar precisam combinar o compasso”, afirma; (3:45) A jornalista compara as personalidades de Valdemar - “um político de acomodação, que faz acenos e é a cara do PL” - e de Bolsonaro - “um outsider que tem desprezo pela lealdade partidária”. E aponta o que um tem a ganhar com o outro: uma robusta estrutura partidária, de um lado; e muitos votos puxados por um valioso cabo eleitoral, de outro; (9:30) Ela comenta o perfil “combatido e autoritário” do ex-presidente e como essa característica colaborou para implodir o partido pelo qual foi candidato à Presidência pela primeira vez, o PSL. “E o Lula é o oposto disso. E também por isso é elogiado por Valdemar”, afirma; (15:00) Flávia avalia que, em caso de uma guerra deflagrada entre Bolsonaro e o líder do PL, Valdemar deve levar a melhor. “Bolsonaro pode sair e levar com ele parlamentares fiéis e capital político, mas com muito menos recursos”, conclui. (24:00)

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