

O Assunto
G1
Um grande assunto do momento discutido com profundidade. Natuza Nery vai conversar com especialistas, com personagens diretamente envolvidos na notícia, além de jornalistas e analistas da TV Globo, do g1, da Globonews e demais veículos do Grupo Globo para contextualizar, explicar e oferecer diferentes pontos de vista sobre os assuntos mais relevantes do Brasil e do mundo.
O podcast O Assunto, em comemoração aos 5 anos de existência, selecionou os 10 episódios essenciais para todo ouvinte na playlist 'This Is O Assunto'. Ouça agora no Spotify:
https://open.spotify.com/playlist/37i9dQZF1DXdFHK4Zrimdk
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Mentioned books

Jun 1, 2021 • 27min
O “fora Bolsonaro” ganha as ruas
As manifestações pró-vacina e pelo impeachment do presidente que ocorreram sábado em mais de 200 cidades marcam uma inflexão e pressionam ainda mais um governo investigado em CPI, hiperdependente do Congresso e em contínuo flerte com a ideia de golpe. “Agora será difícil as pessoas voltarem para casa”, diz Maria Cristina Fernandes, colunista do jornal Valor Econômico e comentarista da rádio CBN. Ao mesmo tempo em que considera provável a repetição desses eventos, ela vê risco de que Bolsonaro se aproveite deles para disseminar fake news e dobrar a aposta na cooptação das forças de segurança. “Em tensão com a cúpula das Forças Armadas, porque não quer ver o general Eduardo Pazuello punido, ele estimula a politização dos quartéis”. E a repressão da Polícia Militar aos atos em Recife -- que o governo estadual promete punir -- pode ser peça-chave para a reação bolsonarista. “O presidente se pauta por atos de indisciplina da PM”. O preço do apoio do Centrão, que já tinha aumentado com a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid, agora vai escalar ainda mais, prevê a jornalista.

May 31, 2021 • 25min
Indígenas à mercê do crime no Pará
Apesar da escalada de violência e de seguidos alertas do Ministério Público, foi apenas depois de determinação do Supremo que a PF realizou, na semana passada, uma operação em terras dos Munduruku no Alto Tapajós. Garimpeiros ilegais, ao que tudo indica previamente informados, confrontaram os agentes. Neste episódio, você ouve o pedido de socorro de Maria Leusa Munduruku, uma das mais importantes lideranças da etnia, pouco antes da chegada dos homens que incendiaram sua casa. “Com toda a certeza foi retaliação”, afirma o procurador da República Paulo de Tarso Moreira, um dos entrevistados por Renata Lo Prete. Ele relata a rotina de ameaças e explica por que o quadro tende a piorar: “Hoje, a estratégia oficial é de legalização. Mas isso não resolve. Pelo contrário, intensifica”. Participa também Fabiano Villela, repórter da TV Liberal, afiliada da Globo no Pará. Ele descreve um barril de pólvora em que se misturam grupos criminosos (respaldados por políticos locais e da esfera federal), divisões entre os próprios indígenas e a progressiva ausência do Estado.

May 28, 2021 • 26min
Alta na mortalidade materna por Covid
Menos de um mês se passou entre o nascimento do menino Ravi e a morte de sua mãe, a contadora Flávia Carneiro Araújo, aos 34 anos. Um calvário descrito neste episódio pelo viúvo Adriano Rodrigues Oliveira, preparador físico, que agora cuida do bebê com a ajuda da família de Flávia. Ela pertenceu a um grupo de especial risco na pandemia: o de gestantes e puérperas (mães de recém-nascidos). Foram 1.204 óbitos, cerca de 60% deles em 2021. E a taxa acelera mais do que no conjunto da população. Também entrevistada neste episódio, a médica Rossana Francisco, professora da Faculdade de Medicina da USP e presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo, explica que, dentro do grupo, há as que estão particularmente expostas: “Os riscos são maiores para puérperas até 42 dias depois do parto e para gestantes entre 14 e 28 semanas”. E completa: “Precisamos rapidamente vacinar todas elas”.

May 27, 2021 • 20min
O capital humano perdido para a Covid
Quando Naomi Munakata morreu aos 64 anos, em março do ano passado, o Brasil contava 77 vítimas do novo coronavírus. Com a maestrina do coro do Teatro Municipal de São Paulo se foi uma vida inteira dedicada ao aprendizado e ao ensino da música em patamar de excelência. “Ela foi a figura mais importante de sua geração no canto coral brasileiro”, resume Maíra Ferreira, substituta de Naomi -- que a ex-assistente considera insubstituível. “A falta que ela faz... nossa, eu nem consigo medir”. Claudio Considera resolveu tentar. Inspirado em trajetórias como a de Naomi, o economista do FGV Ibre procurou mensurar o impacto das mortes da pandemia para o país. E chegou a um valor de pelo menos R$ 5,9 bilhões anuais, considerando brasileiros da faixa entre 20 e 69 anos. Ele mesmo reconhece que isso é só o começo da história: tem ainda as habilidades, o conhecimento e a experiência dessas pessoas, além da desestruturação de famílias que perdem seu arrimo de renda.

May 26, 2021 • 26min
Quem é quem no gabinete paralelo
Diferentes depoimentos à CPI da Covid vão identificando os personagens que Jair Bolsonaro ouviu e seguiu enquanto dispensava dois ministros da Saúde e transformava o terceiro em despachante dos conselhos e interesses dessa turma. “São três grupos claros de influência”, diz o jornalista Octavio Guedes, comentarista da GloboNews. “Um liderado pelo empresário Carlos Wizard, outro pelo [ex-assessor palaciano] Arthur Weintraub e um terceiro pelo gabinete do ódio, com participação do Carlos Bolsonaro. Além da participação-chave do deputado Osmar Terra”, resume. Para Guedes, é no mínimo impreciso dizer que esses personagens atuavam “nas sombras”, como se ouviu de senadores da comissão. Pelo menos a partir da gestão de Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde, foram eles que que deram as cartas -- do incentivo ao uso de cloroquina à aposta velada na imunidade de rebanho por contágio. No depoimento da secretária Mayra Pinheiro, conhecida como “Capitã Cloroquina”, o jornalista enxergou “um outro efeito colateral” do remédio: “a cegueira deliberada diante da realidade”.

May 25, 2021 • 25min
Eletrobras: venda à moda do Centrão
Projetos de lei para privatizar a principal estatal de energia elétrica emperraram tanto no governo Temer quanto no atual. Agora a ideia avança por meio de Medida Provisória -- que os deputados reconfiguraram antes de aprovar. Em vez de estimular a competição, o texto que saiu da Câmara estabelece várias reservas de mercado para interesses específicos, notadamente das usinas termoelétricas (que geram energia mais cara e mais suja). “A conta irá recair sobre os consumidores”, resume Daniel Rittner, repórter especial do jornal Valor Econômico. Derrotada também nessa matéria, a equipe econômica se conformou, diz ele: “Estão no modo ‘privatiza de qualquer jeito’. Precisam de uma agenda para apresentar à Faria Lima em 2022”. Renata Lo Prete conversa também com Maurício Tolmasquim, ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética e professor do Programa de Planejamento Energético da UFRJ. Ele espera que o Senado entenda e modifique a MP que passou na outra Casa legislativa -- a qual, na avaliação de Tolmasquim, “não faz sentido nem do ponto de vista ambiental e nem do ponto de vista do consumidor”.

May 24, 2021 • 24min
Desmonte da proteção ambiental, fase 2
Na fase 1, o Executivo agiu praticamente sozinho, nos termos explicitados por Ricardo Salles na inesquecível reunião ministerial de 22 de abril do ano passado: “é só parecer e caneta, parecer e caneta”. “Nos primeiros dois anos, a boiada passou por decreto. Com a troca no comando da Câmara e o Centrão mais próximo do Planalto, passa por lei”, explica Suely Araújo, especialista-sênior em Políticas Públicas do Observatório do Clima e presidente do Ibama entre 2016 e 2018. Em entrevista a Renata Lo Prete, a advogada diz que não se trata de mudança trivial: “É muito mais difícil reverter”. Ela se refere, antes de tudo, ao recém-aprovado projeto do licenciamento, que promove um “liberou geral” classificado por Suely como “a mãe de todas as boiadas”. Mas não só: vem aí, com incentivo do governo e expressivo respaldo parlamentar, nova tentativa de emplacar o PL da grilagem de terras. Suely fala também dos relatos de perseguição do próprio Ministério do Meio Ambiente a funcionários do Ibama, no exato momento em que Salles cai de vez na mira da PF por suspeita de envolvimento num esquema para facilitar exportação de madeira extraída de forma ilegal. “O governo burocratiza o processo para inviabilizar autuações. A intenção só pode ser dificultar a aplicação de multas”, conclui.

May 21, 2021 • 27min
A CPI, as boiadas que passam e 2022
Da diluição do licenciamento ambiental ao sinal verde para a venda da Eletrobras, contemplando ainda uma alteração no regimento que reduziu a margem de manobra da minoria, os deputados estão votando matérias em série, enquanto o governo tenta erguer um muro de contenção de danos na comissão em que senadores investigam a gestão da pandemia. Para completar, o depoimento de Eduardo Pazuello coincidiu com a operação que coloca na mira da PF um outro personagem próximo de Jair Bolsonaro: o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Em entrevista a Renata Lo Prete, o filósofo Marcos Nobre liga todos esses pontos para traçar o quadro político do momento e o que ele projeta para 2022. “É um presidencialismo de coalização secreto”, afirma o professor da Unicamp e presidente do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). A expressão se refere a um outro elemento da conjuntura: o recém-revelado Orçamento paralelo para atender aliados do Planalto no Congresso. Para Nobre, esse expediente tem permitido a Bolsonaro manter uma base parlamentar mais sólida do que muitos imaginavam. E a CPI ainda está por mostrar quanto dano pode causar ao presidente. Por enquanto, avalia o professor, a narrativa bolsonarista sobre o enfrentamento da Covid “seduz entre 25% e 30% do eleitorado”. “O suficiente para levá-lo ao segundo turno no ano que vem”.

May 20, 2021 • 28min
Pazuello: a voz de Bolsonaro na CPI
Para quem estava protegido por um habeas corpus, o ex-ministro da Saúde até que falou bastante. Mas basicamente para se desviar de culpa e blindar o presidente, para isso falseando a realidade em diversos temas -- da compra de vacinas ao investimento na ineficaz cloroquina. “Ele foi disposto a matar no peito, mas derrapou”, analisa Natuza Nery, comentarista da GloboNews e apresentadora do Papo de Política. Ela e Renata Lo Prete examinam, neste episódio, o primeiro dia do mais aguardado depoimento à CPI da Covid. Tratam do desempenho do relator Renan Calheiros (considerado mais brando do que com outros convocados) e do senador Flavio Bolsonaro (que, mesmo não pertencendo à CPI, tem atuado como uma espécie de cão-de-guarda do pai nas sessões). Elas também destacam a tentativa de Pazuello de sugerir que haveria dois governos paralelos, um das redes sociais e outro das ações concretas (e que este último nada teria feito de errado). Para Natuza, isso dificilmente livrará o general de responsabilização. “Será difícil ele se defender, principalmente sobre o que aconteceu em Manaus”.

May 19, 2021 • 20min
Chile rumo à nova Constituição
No final de semana, mais de 6 milhões foram às urnas para escolher os 155 representantes encarregados de elaborar a Carta que irá aposentar aquela vigente desde a ditadura do general Augusto Pinochet. O resultado foi um baque para o sistema político tradicional: a coalizão de direita que sustenta o presidente Sebastián Piñera não fez nem um terço dos votos, e os independentes (muitos sem filiação partidária) terão a maior parcela das cadeiras. “Se pudermos esboçar um perfil, os vencedores têm em torno de 45 anos, muitos são advogados e vêm de escolas públicas. E entre as pautas em comum estão obrigar o Estado a fornecer e distribuir água e promover a equidade de gênero”, explica Camilla Viegas, correspondente da GloboNews em Santiago. Em conversa com Renata Lo Prete, ela descreve o novo desenho do tabuleiro político e detalha o calendário que o país tem pela frente: prazo máximo de um ano para elaborar a Carta (que depois irá a plebiscito) e, antes, eleição presidencial (novembro deste ano). “O que sobreviveu na atual Constituição, depois da transição democrática, foi um consenso liberal”, agora em xeque, analisa o doutor em história política Leandro Gavião, professor da Universidade Católica de Petrópolis. Ele diz que, agora, a bússola está “mais inclinada para a esquerda”, em defesa da “construção de um regime de bem-estar social com ampliação de serviços de acesso básico”, e também de “pautas difusas do século 21”.


