Isso te diz alguma coisa?

Como ser psicanalista? O que devo fazer para me tornar psicanalista? Qual a formação necessária? Qual o salário? Quanto tempo leva? Essas perguntas foram retiradas do Google. Aparentemente são os principais questionamentos em torno do tornar-se psicanalista. Sobre as respostas, bem, ficaríamos aqui horas e horas tentando responder apenas uma delas. Então, proponho discutir uma outra coisa: como é isso de querer ser psicanalista? É desejo de ser psicanalista? Bom, isso te diz alguma coisa? A mim sim. Eu sou Larissa Lima, escritora, psicóloga e psicanalista, e hoje minha convidada é a Lourena Schiavon, ela é psicanalista lacaniana, médica de família e comunidade, co-autora do livro "O aprendiz de Psicanálise".

Ninguém escreve sozinho, escutei uma vez. Depois, pensei: sim, escrevemos com muitos de nós e, não poucas vezes, precisamos acalmar os anseios de quem já fomos e somos agora. É como se fosse uma grande discussão de família. Sem a família. Talvez a escrita seja uma reunião de nós com nós mesmos: com nosso repertório construído tão seletivamente; com nossa particular habilidade de selecionar as palavras da mesma forma que selecionaram para nós um dia; com a forma que a vida aconteceu e, sobretudo, o que a gente viu da vida que aconteceu - ou da vida que não aconteceu. A narrativa é sempre nossa, mesmo não sendo. A capacidade que temos de reunir todas as nossas versões em um papel é esquisitamente brilhante. Ninguém é eu. Ninguém é você. Esta é a solidão. Quem disse essa frase foi Clarice Lispector. Isso te diz alguma coisa? A mim sim. Eu sou Larissa Lima, escritora, psicóloga e psicanalista, e hoje tenho duas maravilhosas convidadas: Aline Bei, escritora e autora dos prestigiados romances “O peso do pássaro morto” e “Pequena coreografia do adeus”; e Ana Suy, ela é escritora, psicanalista e professora, autora do best-seller “A gente mira no amor e acerta na solidão” e o recém-republicado “Não pise no meu vazio”.

Depois de assistir o filme Aftersun fiquei 5 minutos parada olhando para a televisão. Eu estava chorando sem nem saber o por quê. Dias depois, comentei com amigos que era um filme que não dói tudo de uma vez, a dor continua durante os dias. Na rotina dos dias. Talvez seja isso, a crueza cotidiana que o filme retrata. Quem sabe foi a honestidade da câmera que teve a crueldade de captar os gestos e expressões banais. A dor continua durante os dias depois que você lembra que nada é tão banal assim. O que seria de nós se revisitássemos as cenas de nossas infâncias? Compreender algumas coisas levam anos, às vezes a vida inteira. Isso te diz alguma coisa? A mim sim. Eu sou Larissa Lima, escritora, psicóloga e psicanalista, e hoje minha convidada é a Kauana Ditadi, ela é psicóloga e psicanalista, pós-graduanda em Fundamentos da Psicanálise (ESPE) e voluntária da ONG Em Ação. Atua na clínica, atendendo adolescentes, adultos e idosos. E, para além disso, é curiosa, questionadora, sensível, ávida por conhecimento e mais um bocado de coisas.

“Estudar teoria de gênero me faz uma psicanalista do meu tempo”. Essa frase foi dita pela convidada de hoje. A primeira vez que escutei, fiquei pensativa: afinal, o que é ser psicanalista do nosso tempo? Há quem diga que não existe lugar para estudos contemporâneos na psicanálise lacaniana ou que, se esse lugar existe, ele não é tão interessante. Isso te diz alguma coisa? A mim sim. Eu sou Larissa Lima, escritora, psicóloga e psicanalista, e hoje minha convidada é a Thayz Athayde, ela é psicóloga, psicanalista, escritora, degustadora de memes, doutora em Educação e pós-doutoranda pela UERJ. É membra e co-fundadora do projeto Uma Psicanálise Outra. Além disso, atua com atendimentos clínicos, supervisões e grupos de estudos.

Em 2022, a Folha de São Paulo publicou uma matéria com o título: “Pessoas negras precisam de terapeutas negros? Não, mas é indicado”. E deu o que falar, no Twitter algumas pessoas acusaram a Folha de racismo e segregação. Alguns disseram: “Então os brancos precisam de terapeutas brancos?”. Em contrapartida, houveram os que concordaram: “Passei por psicólogos brancos e nenhum deles me entendeu, até eu passar por uma psicóloga negra e me sentir bem”. Bom, isso te diz alguma coisa? A mim sim. Eu sou Larissa Lima, escritora, psicóloga e psicanalista, e hoje meu convidado é o Fauzy Araujo, ele é psicólogo, psicanalista, membro da APOLa, mestrando em Psicanálise pela Universidade de Buenos Aires e especialista em Saúde Mental. Ele atua com atendimento clínico, supervisão e é também professor de psicanálise lacaniana.

Está liberado escrever sobre toda e qualquer coisa? Até onde vai a liberdade criativa na ficção? Essas são perguntas minhas. Recentemente, um livro me arrancou risadas transgressoras. Era um livro em que a narradora é uma menina de 8 anos que se prostitui (e gosta disso). Eu, envergonhada pelas minhas risadas pecadoras, logo pensei: eita, está permitido escrever sobre isso? E rir, é permitido? O livro é O caderno rosa de Lori Lamby de Hilda Hilst. Não é um livro sofrido. Pelo contrário, é a própria subversão. E talvez por isso, genial. Bom, confesso que a minha melhor ficção é essa: a que me tira de um lugar confortável. Às vezes, aos tabefes. Isso te diz alguma coisa? A mim sim. Eu sou Larissa Lima, escritora, psicóloga e psicanalista, e hoje a minha convidada é Marcela Dantés, autora de "Sobre pessoas normais”, “Nem sinal de asas" e “João Maria Matilde”, ela ainda foi finalista de prestigiados prêmios literários como o Prêmio São Paulo de Literatura, Prêmio Oceanos e o Prêmio Jabuti.

Não é novidade para ninguém que o campo da psicanálise lacaniana não é dos mais acolhedores, sobretudo aos próprios psicanalistas. É um campo contraditório onde é inadmissível errar, porém é apontando os erros que muitos psicanalistas se sustentam. Nessa brincadeira, é como se houvesse duas posições: senhor ou escravo. Bom, esse não é um episódio com psicanalistas semideuses. É um episódio sobre erros, deslizes e críticas ao campo. É um episódio, sobretudo, de portas abertas. Entre e fique. Espero que te diga alguma coisa. Eu sou Larissa Lima, escritora, psicóloga e psicanalista, e hoje meu convidado é Felipe Teles, ele é psicanalista lacaniano, e como gosta de dizer, isso já é muita coisa. Além de atendimento clínico, da supervisão individual e em grupo, criou o projeto "Lacaniando", onde busca apresentar a teoria Lacaniana da forma mais acessível possível, em todos os sentidos, com grupos, cursos e afins.

De onde vem a criatividade? Como é que se começa a criar? É interessante o quanto as pessoas ficam imobilizadas na possibilidade de criar algo. Ficam até aterrorizadas na ideia de fazer algo do nada. Eu particularmente gosto muito da palavra “inventar”. É curioso porque a raiz latina da palavra “inventar” significa “encontrar”. Talvez seja sobre isso: encontrar coisas. Nada vem do nada. Isso te diz alguma coisa? A mim sim. Eu sou Larissa Lima, escritora, psicóloga e psicanalista, e hoje a minha convidada é a Daniele Moraes, ela é escritora, colunista da Revista Cláudia, jornalista e especialista em escrita terapêutica.

O psicanalista se forma no divã? E, se sim, no divã de quem? Por quanto tempo? De que forma? Essas são apenas algumas perguntas que me vem à mente quando escuto essa frase. Não é novidade para ninguém que a formação do psicanalista é um tema polêmico. Principalmente dentro do próprio campo. A psicanálise é uma experiência ética e não jurídica? E tem como ser não jurídica? Cada um autoriza a si mesmo? E como é que se autoriza? Bom, esses questionamentos te dizem alguma coisa? A mim sim. Eu sou Larissa Lima, escritora, psicóloga e psicanalista, e hoje a minha convidada é Marianna Flamarion, ela é psicóloga graduada pela Universidade Federal Fluminense, pós-graduanda em Filosofia Antiga pela PUC-Rio, psicanalista, fundadora e membro da Associação Thopos Lacaniano e sócia da APOLa Internacional.

Quando você pensa em um psicanalista, você o imagina como? Talvez, sentado de pernas cruzadas em uma poltrona de cor neutra. Com roupas também de cores neutras. Quem sabe ele até segure uma caneca? Ah, claro, a cor da caneca é também neutra. Tudo isso para acompanhar seu olhar indagador e misterioso. Acertei? Bom, não é novidade para ninguém que se espera um certo padrão visual e estético para as pessoas que exercem a psicanálise. E essa espera, muitas vezes, vem do próprio campo. São aquelas famosas normas não escritas, mas que estão ali. Isso te diz alguma coisa? A mim sim. Eu sou Larissa Lima, escritora, psicóloga e psicanalista, e hoje a minha convidada é a Gabriela Moura, ela é psicóloga graduada pela UFPB, psicanalista membro do Coletivo Ciranda de Psicanálise, aderente da APOLa, Mestra em Psicologia (UFAL), Doutoranda em Linguística (UFAL), criadora do podcast “Heresia Psicanalítica”. É também mineira-nordestina, gateira, viciada em café e idealizadora da página @psicanalisemaceio.