Isso te diz alguma coisa?

Esses dias esbarrei em um tweet em que dizia algo do tipo: "É muito difícil ser verdadeiramente feliz". Como se a noção de felicidade não fosse complexa o bastante, foi escrito um "verdadeiramente" antes. O que é uma felicidade verdadeira? E a falsa, é como? E ser feliz, tem como? Bom, esses questionamentos te dizem alguma coisa? A mim sim. Eu sou Larissa Lima, escritora, psicóloga e psicanalista, e hoje a minha convidada é a Valéria Codato, ela é psicanalista, membro fundadora da Associação de Psicanálise de Maringá Ato Analítico e coautora do livro "Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise comentados" (Ed Ágalma, 2022).

Abrir a aba do reels é, vez ou outra, esbarrar com vídeos do tipo: "10 coisas que você não sabia mas são sinais de TDAH" ou “6 sinais sobre o transtorno de personalidade borderline”. E aí, às vezes, a gente até assiste porque pensa: não é possível que não seja uma piada de mau gosto. E logo depois se arrepende porque descobre: não é uma piada de mau gosto. Bom, isso te diz alguma coisa? A mim sim. Eu sou Larissa Lima, escritora, psicóloga e psicanalista, e hoje a minha convidada é a Marina Reigado, ela é psicóloga formada pela UFMG e especialista em Teoria Psicanalítica pela mesma universidade. Ela é filiada ao IBPW (Instituto Brasileiro de Psicanálise Winnicott) e é também a fundadora do “Pensando Winnicott” (@pensandowinnicott), um espaço de estudos interessado na articulação do teoria winnicottiana com temas contemporâneos.

Há quem acredite que o inconsciente está localizado no fundo da mente em um baú guardado a sete chaves. Bom, não está. Ao menos não para Lacan. Sua clássica frase “o inconsciente é estruturado como uma linguagem” é repetida inúmeras vezes em seus seminários e textos. Ele ainda diz que a frase é um grande pleonasmo, visto que a linguagem é a estrutura. Isso te diz alguma coisa? A mim sim. Eu sou Larissa Lima, escritora, psicóloga e psicanalista, e hoje a minha convidada é Luciana Salum, ela é psicanalista, autora do livro “Fragmentos sobre o que se escreve de uma psicanalise” (Iluminuras, 2016), Membro da APOLa Internacional, pesquisadora e Doutora em Psicologia Clínica pela USP.

Dia desses estava na fila do caixa do supermercado e, como uma boa fofoqueira, prestava atenção na conversa de dois homens atrás de mim. Um deles dizia confiante sobre estar constantemente buscando sua melhor versão: “É necessário manter o foco nas coisas certas (....) não me comparo com ninguém, apenas comigo mesmo, sempre buscando meu potencial”. O rapaz dizia tão animado que me lembrou do particular ânimo religioso. Ah, o neoliberalismo e seus convertidos fiéis. Bom, isso te diz alguma coisa? A mim sim. Eu sou Larissa Lima, escritora, psicóloga e psicanalista, e hoje meu convidado é o Túlio Bueno, ele é psicanalista lacaniano, é formado em psicologia desde 2017 e atua exclusivamente na clínica online. Além de psicanálise lacaniana, gosta de estudar teoria crítica, estudos raciais e de gênero. Livros citados no episódio: “Bem-vindo ao deserto do Real!” - Slavoj Zizek; “O sujeito na contemporaneidade: Espaço, dor e desalento na atualidade” - Joel birman; “Seminário 1” - Lacan; “Tornar-se negro” - Neusa Santos Souza.

“Como é que se escreve? Que é que se diz? E como dizer? E como é que se começa? (…) Sei que a resposta, por mais que intrigue, é única: escrevendo.” Bom, quem escreveu essas palavras foi Clarice Lispector. Uma das maiores e mais aclamadas escritoras brasileiras não sabia como escrever. Afinal, quem é que sabe? Freud tem um texto chamado “Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise”. Achei interessante essa ideia de recomendação. Por isso, o tema deste episódio será “Recomendações aos que querem escrever”. E, como uma boa recomendação, você pode usá-las ou simplesmente jogá-las fora, porque pasmem, também não sabemos como se escreve. Isso te diz alguma coisa? A mim sim. Eu sou Larissa Lima, escritora, psicóloga e psicanalista, e hoje meu convidado é Lucas Lujan, ele é psicanalista, escritor, autor do livro Tamanho de Flor e coautor dos livros Crônicas de Um Amor Crônico e Aglomerados. Além de sua dedicação à psicanálise e à literatura, é fotógrafo e produtor audiovisual.

Maristela tinha oito anos quando a vida tratou de apresentar a primeira perda: sua mãe saltou da varanda do apartamento onde moravam. A grande perda que a vida apresentou foi a morte. A vida e suas grandes indelicadezas. E como se isso já não bastasse, Maristela não só foi apresentada à morte como a viu, enquanto via sua mãe saltar da varanda. Foi assim que Maristela adoeceu por excesso de lucidez, foi por causa da indelicadeza da vida de apresentar a morte tão cedo. Isso te diz alguma coisa? A mim sim. Eu sou Larissa Lima, escritora, psicóloga e psicanalista, e hoje minha convidada é a grandiosa escritora por trás desse romance visceral, Liana Ferraz.

O que é fazer literatura? Essa arte que é uma arte diferente. Pintores usam tintas. Escritores, palavras. E como é que faz isso? Como é que pega uma palavra e faz dela uma coisa nova? Convenhamos, que arte atrevida essa que pega da palavra servida para servir outra coisa. Que maus modos desses escritores que brincam com as palavras como quem brinca com tintas. Isso te diz alguma coisa? A mim sim. Eu sou Larissa Lima, escritora, psicóloga e psicanalista, e hoje minha convidada é Maria Fernanda Elias Maglio, ela é defensora pública e escritora, publicou pela Editora Patuá os livros: “Enfim, imperatriz” (Prêmio Jabuti 2018), “179. Resistência” (Prêmio Biblioteca Nacional 2020) e “Quem tá vivo levanta a mão” (finalista dos prêmios Candango e Oceanos 2022).

Durante uma entrevista, Clarice Lispector foi questionada por uma jornalista se ela tinha paz. Sua resposta foi rápida: “Nem pai nem mãe”. Logo em seguida, a jornalista fez uma correção: “Eu disse 'paz'”. E Clarice respondeu de maneira honesta: “Que estranho, pensei que tivesse dito 'pais'. Eu estava pensando em minha mãe alguns segundos antes. Pensei em mamãe e então não ouvi mais nada. Paz? Quem é que tem?”. Bom, isso te diz alguma coisa? A mim sim. Eu sou Larissa Lima, escritora, psicóloga e psicanalista, e hoje meu convidado é o psicanalista, psicólogo e mediador no instituto de primeira infância (IPREDE), Fernando Lino.

O mito de Édipo conta a tragédia grega de um filho destinado a matar o próprio pai e casar-se com a mãe. Entretanto, não é estranho que ao falar de Édipo, lembramos automaticamente de Freud, autor que cria um complexo baseado nesse mito. Bom, apesar do episódio de hoje levar o nome de Édipo, não é sobre ele que quero falar. Proponho que falemos sobre o pai. Qual é o pai desse drama? A resposta, talvez, seja mais curiosa que a pergunta: depende. Flávia Dutra menciona que, a depender do modelo teórico, pai pode ser um homem ou um nome. Isso te diz alguma coisa? A mim sim. Eu sou Larissa Lima, escritora, psicóloga e psicanalista, e hoje meu convidado é o Caique Mendes, ele é psicólogo pela UNESP, psicanalista lacaniano e membro associado da Thopos lacaniano.

Sabemos que socialmente uma mulher grávida tem o poder de despertar alguns rebuliços em quem a vê. O seu corpo passa a não passar despercebido. E a barriga, bem, a barriga pode significar uma infinidade de significados: vida, corpo, sexualidade, etc etc. Talvez possamos dizer que uma mulher grávida tem o poder de escancarar essa estranheza da vida que vivemos todos: um ser humano gerando outro ser humano. Caramba, é estranhamente bonito. E quando a mulher grávida é a analista? O que será que passa a não passar despercebido? Bom, esse é o papo de hoje: essa coisa estranhamente bonita que une todos nós. Isso te diz alguma coisa? A mim sim. Eu sou Larissa Lima, escritora, psicóloga e psicanalista, e hoje minha convidada é a Beatriz Lourenção, ela é psicóloga pela Universidade de Londrina, psicanalista, idealizadora do projeto Entre uma e outra - enlaces psicanalíticos, e atua com atendimentos clínicos, supervisões e grupos de estudos.