
Podcast da Semana
"Podcast da Semana" traz todo domingo um bate-papo de 30 minutos com um convidado sobre o assunto da semana da Gama Revista.
Latest episodes

Oct 1, 2023 • 31min
Claudia Assef: “O mercado da música é muito desigual para cantoras e outras profissionais”
É verdade que quando a gente pensa em música brasileira hoje nos vem muitas mulheres à cabeça. Mas esse número ainda é pequeno. Não apenas na frente do palco, como nos bastidores também.
No ano de 2021, mulheres receberam 9% do total distribuído em direitos autorais. Esse dado vem do relatório Por Elas Que Fazem a Música, lançado em 2022, com base em dados da UBC (União Brasileira dos Compositores). A prova da baixa participação delas nesse mercado.
Foi sabendo disso e com a proposta de ter mais mulheres no mercado musical, que a jornalista Claudia Assef e a curadora Monique Dardenne, lançaram, em 2017, o Women's Music Event, o WME, uma plataforma de música e negócios dedicada ao protagonismo feminino.
Assef é jornalista, escritora, DJ, autora do livro "Todo Dj já sambou" (Conrad, 2008), e criadora desse evento que reúne debates, shows, premiações e muita música, claro.
Em dezembro deste ano, o WME Awards vai premiar artistas e profissionais mulheres da áreas, e também homenagear duas gigantes da nossa história musical: Rita Lee e Dona Onette. Vai também relembrar gravadoras, festivais, plataformas de streaming, marcas e a mídia do espaço que elas ocupam, e ainda falta ocupar, nesse mercado.
Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic
No link abaixo e também noDeezer,Spotify,Apple Podcast,Google Podcastvocê escuta este episódio.

Sep 24, 2023 • 31min
Mirian Goldenberg: "As pessoas acham que a velhice é uma morte"
Pesquisadora da velhice há 30 anos, a antropóloga Mirian Goldenberg tornou-se uma ativista contra a violência e a discriminação do velho e pelo que chama de "bela velhice", que é uma forma de viver essa fase da vida com autonomia. "As pessoas acham que a velhice é uma morte", ela diz, mas rebate afirmando que são seus amigos nonagenários os que mais aproveitam e olham a vida com os olhos certos. "São os velhos que saboreiam a vida a cada dia", afirma na entrevista do Podcast da Semana.
Com mais de 30 livros publicados — entre eles "A Invenção de uma Bela Velhice" (Record, 2020) e "A Arte de Gozar" (2023) —, a professora aposentada da Universidade Federal do Rio de Janeiro virou referência nos estudos dessa área, com uma atuação forte nas redes sociais. "Publico um textão por dia no Instagram sobre esse tema", diz. Ela diz que o Brasil é um país muito fértil para o etarismo, mas que uma luz se acendeu com a reforma da Previdência. "As pessoas entenderam que elas também ficarão velhas", afirma. Nesse tempo de pesquisa, entendeu que envelhecer leva a vulnerabilidades e a diferentes sofrimentos.
"Inclusive, homens e mulheres têm sofrimentos diferentes ao envelhecer. O homem sofre com a aposentadoria; a mulher, com as mudanças no corpo", afirma. Mas diz que é preciso ter coragem para gozar a vida e explica que o gozo da maturidade está em diversas atividades, não como em um projeto de vida, mas em pequenos propósitos diários. "Não existe velhice no singular", afirma.
Ao Podcast da Semana, Goldenberg falou sobre o sexo nessa fase, como fazer para ter mais autonomia e as perdas que as pessoas de mais idade tiveram na pandemia, muitas delas, irreparáveis.
Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima

Sep 17, 2023 • 33min
Felipe Vassão: "A música pop vai ser engolida pela IA, mas o artista pop é mais que a música"
O que a inteligência artificial pode fazer com a música? O produtor musical Felipe Vassão afirma que muita coisa. Já está fazendo, como deixando o processo de mixagem mais fácil. “Ainda vamos ver coisas incríveis, sonoramente absurdas. As pessoas vão começar a expandir essas tecnologias para servir às ideias dela”, afirma Vassão, que é o convidado da edição sobre inteligência artificial do Podcast da Semana.
Há 30 anos na produção musical, Vassão é hoje sócio da Santé, uma agência de música que conecta artistas musicais ao mundo da publicidade, e tem no portfólio trabalhos como a produção do álbum “Amarelo”, de Emicida, pelo qual ganhou um Grammy. Ficou muito conhecido também pelos vídeos que faz no Instagram e no Tik Tok e em que explica elementos da produção musical, aponta referências em samples, conta histórias suculentas da indústria fonográfica, entre outros.
Ele acredita que há sim um tipo de música que vai ser mais atingido pelas máquinas, as trilhas sonoras e a música pop. Mas o artista não será, ele diz: "O artista pop é muito mais que a música, ele é uma persona, uma figura, tem desdobramentos. A música pop, em si, vai ser engolida por isso, mas a cultura pop, o culto à personalidade, não tem como."
Vassão não ignora questões espinhosas como a dos direitos autorais, por exemplo. Sobre isso, acha que uma saída pode ser a cobrança pelo que é usado para a fase de “machine learning”, ou seja, as músicas que são usadas como referência para que a máquina passe a criar.
Ao Podcast da Semana, Vassão falou sobre tudo isso e sobre como o uso de computador para fazer música não é nada novo e sobre a possibilidade de uma greve de músicos, como já acontece no audiovisual dos Estados Unidos.
Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima

Sep 10, 2023 • 28min
Tássia Magalhães: "Encaro premiações sem pirar"
A chef de cozinha Tássia Magalhães virou uma colecionadora de prêmios. Comemorou o primeiro aniversário do restaurante Nelita com a notícia de que integrava a lista dos 50 melhores restaurantes da América Latina, ranking feito pela revista britânica Restaurant. Agora, um ano depois, ela viu seu restaurante ser eleito o melhor da cidade mais gastronômica do país, a capital paulista, pela Folha de S.Paulo.
Se o céu parece ser o limite para esta jovem chef de 34 anos, só falta uma estrela. Com o retorno do guia Michelin ao Brasil, que volta a ser reeditado por aqui depois de um hiato pandêmico, há uma expectativa de que o Nelita ganhe ao menos uma unidade da condecoração máxima da cozinha no mundo. Quem está acompanhando ao seriado-febre “The Bear”, sobre o mundo da gastronomia em Chicago, sabe o que isso significa. “Acredito que estou no auge da minha carreira, mas encaro as premiações de maneira que não pire. É muito difícil trabalhar em restaurante. Há muitas oscilações; tem dia que funciona muito bem, tem dia que não é igual”, afirma ao Podcast da Semana.
Nascida em Guaratinguetá, São Paulo, Tássia Magalhães se formou no Hotel Escola Senac Campos do Jordão e entrou em uma cozinha profissional pela primeira vez aos 18 anos no Pomodori, sob a batuta de Jefferson Rueda, chef que figura em outra lista do 50 Best, essa a dos melhores do mundo. Viajou pela Europa e estagiou em restaurantes nórdicos como o Geranium (três estrelas Michelin), o Kadeau, o Amass e na confeitaria Summerbir. Aos 23, assumiu o cargo de chef pela primeira vez, ainda no Pomodori, onde ficou por dez anos no total. Depois de um período de pausa, ela abriu o Nelita em 2021 e, neste ano, a confeitaria Mag Market.
Ao Podcast da Semana, ela fala sobre o machismo na cozinha, o fato de ter virado uma referência, o que faria diferente se tivesse a chance de uma nova primeira vez e o que aconselha em quem quer estrear no mundo da gastronomia.
Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima

Sep 3, 2023 • 50min
João Moreira Salles: “A nossa ocupação da Amazônia sempre foi desinteressada”
Foi inicialmente por uma pendência pessoal que o documentarista e escritor João Moreira Salles, entrevistado deste episódio, escolheu passar seis meses no Pará.
João sentia que faltava a ele, a sua trajetória, uma relação mais próxima com a Amazônia. "Há uma falha de imaginação em transformar a Amazônia em matéria simbólica. Nós somos um país em que 60% do seu território em que 60% do seu território é a maior floresta tropical do mundo, e no entanto a floresta nao nos define como brasileiros", diz neste episódio do Podcast da Semana.
Dessa experiência, nasceram algumas reportagens para a revista Piauí, e também, de maneira expandida, o livro "Arrabalde: Em Busca da Amazônia" (2022), lançado pela Companhia das Letras.
Com essa viagem e por meio de uma pesquisa multidisciplinar, ele busca entender por que a floresta é vista como um lugar tão distante para a maioria dos brasileiros – ainda que represente a sobrevivência dos povos originários e do planeta.
No livro, e na conversa com Gama, João investiga essa nossa relação com a maior floresta tropical do mundo. Vai desde a chegada dos colonizadores até os anos 1960 – quando o foco declarado de governantes era transformar tudo em pasto -- discurso que se repetiu nos período em que Jair Bolsonaro ocupou a presidência.
Ele traz pesquisas, entrevistas, e seu olhar pessoal de viajante, de observador, de alguém claramente envolvido com esse tema e com esse bioma que pode transformar o Brasil em protagonista, numa "potência ambiental dos trópicos", nas palavras de João Moreira Salles.
Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic

Aug 27, 2023 • 33min
Gabriela Amaral Almeida: "O terror é um gênero que se alimenta da ansiedade"
O terror é um gênero que floresce quando há crises, que "se alimenta da ansiedade". E, neste momento, com tantas turbulências políticas, sociais e ambientais especialmente, o mundo oferece um prato cheio para este tipo de produção. Este é um dos motores que nos fazem testemunhar uma nova era de ouro para os filmes de medo, segundo a avaliação da Gabriela Amaral Almeida, diretora de filmes de terror brasileira que é a entrevistada desta edição do Podcast da Semana.
Expoente de uma vertente que ficou conhecida como “horror social”, Almeida encontra o terror nas tensões cotidianas, como mostrou em filmes com "Animal Cordial" (2017) e "A Sombra do Pai" (2018). Agora, ela se prepara para filmar "Cão de Guarda", que tem Murilo Benício no papel principal de um pai que perde a capacidade de sentir emoções em um acidente de trabalho brutal e parte em uma viagem de moto de São Paulo ao Rio Grande do Sul para entregar sua filha à ex-mulher. "Essa fragilidade da família brasileira pode ser explorada com uma alegoria do horror muito bem", afirma a Gama.
A roteirista e diretora estudou cinema na Universidade Federal da Bahia e Roteiro na Escola Internacional de Cinema e TV de Cuba, além de ter pesquisado a fundo a obra de Stephen King no mestrado, um autor que, segundo ela, "tira o gótico dos castelos para inserir na classe média norte-americana". "O horror de Stephen King vem como uma metáfora da corrupção da família americana. Eu li e estudei por tanto tempo que vejo a família brasileira também como uma unidade frágil às mudanças políticas, econômicas", afirma.
Nesta edição do podcast ela fala sobre os subgêneros do terror, sobre o que realmente dá medo nesses filmes, e sobre como tem ainda preconceito contra o gênero, apesar do sucesso de crítica, e principalmente contra as mulheres que querem fazer terror.
Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima

Aug 20, 2023 • 39min
Mariana Valente: "Não é sua culpa se os nudes caem na rede"
Você tem dúvidas que a internet pode ser um lugar nefasto especialmente para as mulheres?
Basta olhar a frequência com que elas têm fotos nuas expostas nas redes sem autorização e são extorquidas e manipuladas por conta disso – caso da atriz Carolina Dieckmann, que teve de lidar com a disseminação de retratos de nudez, após a invasão de seu e-mail. O fato deu origem a uma lei que leva seu nome e que puni crimes cibernéticos.
Há também ataques e perseguições direcionados a elas. Aqui lembramos de Lola Aranovitch, professora universitária e ativista feminista que virou alvo de grupos de homens que atacam mulheres online e inspiração para uma outra lei que combate crimes de misoginia na internet.
Essas duas leis foram promulgadas em 2012 e em 2018, respectivamente. Partindo disso, podemos dizer que é relativamente recente esse entendimento de que há, sim, violência de gênero online.
Foi baseada no período de uma década -- 2012 a 2022 --, que Mariana Valente, diretora do Internet Lab e professora de direito na Universidade de São Galo, na Suíça, lançou "Misoginia na Internet"(Fósforo, 2023).
Ao longo de sua carreira, Mariana Valente se dedicou à pesquisa de tecnologia e sociedade, economia digital e direitos on-line, com especial foco em violência de gênero, acesso ao conhecimento e outras questões de equidade.
Neste episódio do podcast, ela relaciona a violência online com o machismo que marca a sociedade brasileira fora das redes, trata das dificuldades encontradas por mulheres que buscam seus direitos ao sofrerem violências onlines e abre janelas para pensarmos e lidarmos com um tema tão complexo como esse.

Aug 13, 2023 • 26min
José Henrique Bortoluci: "A busca da história de um pai é uma busca sobre quem nós somos"
A trajetória de um pai caminhoneiro, que passou 50 anos de sua vida pelas estradas no país é contada pelo filho, José Henrique Bortoluci no ensaio biográfico "O que é meu", lançado pela editora Fósforo.
Durante um período da pandemia do covid-19, o sociólogo e escritor -- nosso entrevistado de hoje -- sentou para ouvir o pai, José Bortoluci, para relembrar as histórias que haviam preenchido seu imaginário durante a infância e adolescência, quando o pai voltava de viagens de um mês, um mês e meio, pelos Brasil dos anos 1960, um período de ditadura militar.
Essas conversas aconteceram quando o pai tratava também um câncer. "A escuta e a necessidade do cuidado criaram pontes entre nós dois que são um grande presente da vida. Hoje eu acho que uma das grandes coisas que eu tiro desse livro foi esse aprofundamento muito grande da relação com meu pai", diz a Gama.
O livro do José Henrique Bortoluci já era um fenômeno editorial antes mesmo de ser lançado, no começo de 2023. Doze países vão publicar o título, que se encaixa no gênero de autoficção.
Esse é o primeiro livro do autor, que é doutor em sociologia pela Universidade de Michigan em desde 2015, leciona na Fundação Getulio Vargas. É um livro que consegue, ao mesmo tempo, tratar de amor, de saudade, da diferença de classe que se formou entre os dois -- o pai caminhoneiro, o filho sociólogo -- e da história do Brasil.
A conversa deste episódio é sobre essa relação pai e filho, sobre distanciamentos e aproximações e sobre uma classe trabalhadora que é essencial na história do país, mas nem sempre é lembrada.
Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic

Aug 6, 2023 • 32min
Ana Suy: "Traição: não dá pra fingir que nada aconteceu"
A traição é um tema que aparece nos relacionamentos amorosos. Seja na cabeça dos ciumentos, em descobertas dolorosas demais, seja na tentativa de evitar esse sofrimento abrindo o relacionamento – um formato crescente nos acordos entre casais.
É sobre o episódio com Ana Suy, psicanalista, pesquisadora, autora de uma série de livros sobre amor, desejo e relacionamento, entre eles o best-seller “A Gente Mira no Amor e Acerta na Solidão” (Paidós, 2022). Ela é também professora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná e uma voz ativa nas redes, com mais de 300 mil seguidores no Instagram.
Na conversa com Gama, ela fala sobre o que significa a traição em um relacionamento, diz que a grande questão das partes envolvidas não é contar ou não contar, mas entender por que isso aconteceu. "A traição vai realizar uma fantasia infantil nossa, desastrosa, que é de perder o lugar de ser o objeto amado para alguém", diz a Gama. A psicanalista nos ajuda a identificar em que tipo de relacionamento amoroso estamos inseridos, e sobre as dificuldades de lidarmos com essa quebra de confiança.
Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic
Edição de som: Laura Capelhuchnik

Jul 30, 2023 • 34min
Maria Stockler Carvalhosa e Daniela Thomas: "O audiolivro dá foco de presente"
A nova editora de audiolivros Supersônica nasceu do encontro de quatro mulheres, mas especialmente graças à editora Maria Stockler Carvalhosa. Ela perdeu a visão na adolescência, mas nunca abandonou a literatura. Estudante de letras, ela tinha uma queixa com os leitores eletrônicos, que deixavam o texto sempre frio demais e a experiência triste. Ao saber disso, a artista multimídia Daniela Thomas, amiga da família da Maria e consumidora voraz de audiolivros, entendeu que tinha aí uma oportunidade boa para ser explorada. A elas duas, se uniram a escritora Beatriz Bracher e a produtora executiva e artística Mariana Beltrão e agora no segundo semestre será lançada a editora. A ideia é lançar grandes títulos da literatura, clássicos e contemporâneos, narrados por vozes importantes da cultura brasileira. Pros dois primeiros anos de Supersônica, tem uma programação de 20 lançamentos, que incluem livros de Annie Ernaux lidos pela atriz Isabel Teixeira. Ao Podcast da Semana, Maria Stockler Carvalhosa e Daniela Thomas contam qual o barato desses livros sonoros. O que elas dizem é que eles conseguem capturar todo o nosso foco e a nossa atenção e nos levar a um mundo mágico de um jeito incomum para esse mundo de tanta distração. "O audiolivro te dá o esse presente do foco, você não precisa fazer esforço e ele domina a sua consciência. É um tempo que você ganha de presente para fazer uma viagem astral para dentro do que o autor propõe", diz Thomas.Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira LimaEdição de som: Laura Capelhuchnik