

O Assunto
G1
Um grande assunto do momento discutido com profundidade. Natuza Nery vai conversar com especialistas, com personagens diretamente envolvidos na notícia, além de jornalistas e analistas da TV Globo, do g1, da Globonews e demais veículos do Grupo Globo para contextualizar, explicar e oferecer diferentes pontos de vista sobre os assuntos mais relevantes do Brasil e do mundo.
O podcast O Assunto, em comemoração aos 5 anos de existência, selecionou os 10 episódios essenciais para todo ouvinte na playlist 'This Is O Assunto'. Ouça agora no Spotify:
https://open.spotify.com/playlist/37i9dQZF1DXdFHK4Zrimdk
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Mentioned books

Feb 24, 2022 • 21min
Ucrânia invadida: as sanções contra a Rússia
Enquanto a Rússia avança sobre o leste da Ucrânia, a comunidade internacional vai anunciando represálias econômicas. “Elas são um tipo de pressão, sem caráter bélico”, resume Fernanda Magnotta, pesquisadora do Centro Brasileiro de Relações Internacionais. Neste episódio, a professora começa por resgatar exemplos históricos do uso desse instrumento de dissuasão, destacando diferentes medidas impostas pelos Estados Unidos contra Cuba, Iraque e Irã, além da própria Rússia, quando esta anexou a Crimeia, em 2014. Se naquela ocasião Vladimir Putin conseguiu se virar sem maiores concessões, agora isso é ainda mais provável, explica Fernanda, pelo menos no curto prazo, porque o governo russo vem aumentando sua poupança em ouro e hoje tem patamar confortável de reservas internacionais. Providências que lhe “dão fôlego” caso tenha que socorrer bancos oficiais, integrantes da elite econômica e parlamentares atingidos pelas sanções. Na conversa com Renata Lo Prete, Fernanda avalia o alcance desses bloqueios financeiros e comerciais, apontando um paradoxo: quanto mais amplos, maior a chance de atingirem seu objetivo coercitivo; por outro lado, maior a probabilidade de um efeito bumerangue, com perdas não apenas para a Rússia. Esse “movimento em cadeia” tende a atingir, de imediato, os preços da energia e dos alimentos em escala global, com “mais pressão inflacionária”.

Feb 23, 2022 • 23min
Militares e urnas: que confusão é essa?
Em nova ofensiva contra o sistema de votação que o levou à Presidência da República, Jair Bolsonaro distorceu informações ouvidas de um general indicado pelo governo para uma comissão de transparência criada pelo Tribunal Superior Eleitoral. Na esteira da tentativa de golpe no 7 de Setembro, o TSE fez, além desse, um outro movimento para se aproximar dos militares: convidou o ex-ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva para assumir a direção administrativa da corte, oferta da qual ele acabou declinando, por motivos ainda não completamente esclarecidos. Em conversa com Renata Lo Prete, o jornalista Bernardo Mello Franco analisa a sucessão de eventos que contribuiu para dar às Forças Armadas um protagonismo no processo eleitoral brasileiro incompatível com o regime democrático. Colunista do jornal O Globo e comentarista da rádio CBN, ele lembra que o papel delas nessa matéria é essencialmente de apoio logístico, não lhes cabendo coordenar nem fiscalizar nada. Até porque, completa Bernardo, “os militares não são observadores desinteressados”, menos ainda neste governo, que lhes garantiu cargos em abundância e uma série de demandas atendidas. Ele também avalia as condições para se desativar, agora, uma armadilha para a qual a Justiça Eleitoral involuntariamente contribuiu. Convencido de que, se perder, Bolsonaro tentará desrespeitar a vontade das urnas, Bernardo recorre à comparação com Donald Trump: “Lá o golpe não deu certo, as Forças Armadas não deixaram. E aqui, como seria?”

Feb 22, 2022 • 21min
Putin avança sobre o leste da Ucrânia
Dois movimentos do Kremlin, nesta segunda-feira, colocaram em novo patamar uma crise que tem repercussões mundiais. Primeiro, o reconhecimento da independência de duas regiões separatistas no território ucraniano: Donetsk e Luhansk. Horas depois, o anúncio de que elas receberão tropas russas, em missão de “pacificação”. Com isso, Vladimir Putin “mexeu completamente no tabuleiro” de um jogo que vinha se desenrolando há meses na base da troca de ameaças entre Moscou e Washington, em meio a tentativas de mediação de líderes europeus. É o que explica, na conversa com Renata Lo Prete, o comentarista da TV Globo em Nova York Guga Chacra. Ao analisar o discurso feito por Putin, o jornalista observa que não se trata mais de exigir que a Ucrânia permaneça fora da Otan, mas de algo muito maior: questionar a própria existência do país como tal, advogando implicitamente a restauração geral do mapa que existia antes da dissolução da União Soviética, no início da década de 90. A partir de agora, analisa, o diálogo entre Putin e Joe Biden fica cada vez mais “complicado e improvável”. Para Guga, os próximos passos do governo de Volodymyr Zelensky serão determinantes para o desenrolar do conflito. Se a Ucrânia revidar, “poderemos caminhar para uma guerra aberta”.

Feb 21, 2022 • 38min
Os 50 anos do 'Clube da Esquina'
Foi um lugar -o encontro das ruas Divinópolis e Paraisópolis, em Belo Horizonte. E também um movimento que reuniu talentos excepcionais, como os irmãos Lô e Marcio Borges, Ronaldo Bastos e Fernando Brandt, guiados “pela inquietação e pela genialidade” de sua figura maior, Milton Nascimento. Quem relembra é o jornalista e antropólogo Paulo Thiago de Mello, autor de um livro sobre o Clube da Esquina e seu principal fruto: o disco homônimo lançado em março de 1972, divisor de águas na história da música brasileira. Um álbum duplo (dos primeiros a sair no país) de sonoridade sofisticada e caráter sinfônico, no qual se mesclam influências que vão das raízes mineiras aos Beatles. Na conversa com Renata Lo Prete, Paulo Thiago resgata o contexto histórico em que vieram à luz canções como “Cais”, “Trem Azul”, “Um Gosto de Sol” e “Nada Será Como Antes”. Elas refletem “a angústia e a asfixia” da pior fase da ditadura militar. Sinal disso, diz ele, é a presença de estrada em quase todas as letras, como um “portal para um universo que está no interior, e que só quem bota a mochila nas costas poderá encontrar". Chamado a comparar “Clube da Esquina” a outros discos seminais que saíram naquele ano (como “Acabou Chorare”, dos Novos Baianos), Paulo Thiago afirma que Milton e seus amigos levaram “o interior para a beira do mar". “A revolução deles foi musical”.

Feb 18, 2022 • 21min
Celular roubado: muito além do aparelho
Quem ainda não foi vítima tem pelo menos um familiar ou conhecido que já foi. Ver o telefone ser levado por ladrões, em abordagens cada vez mais violentas, vai se tornando cena recorrente nas cidades brasileiras. O choque do momento pode se desdobrar em meses de transtornos, porque ali está armazenada boa parte da vida da pessoa, inclusive o que mais interessa aos criminosos: dados financeiros. Repórter da Globo em São Paulo, César Galvão descreve neste episódio o modus operandi das quadrilhas e por que seus integrantes se expõem a risco em ações espetaculosas, que incluem quebrar vidros e “mergulhar” dentro de carros em pleno congestionamento: “eles querem o celular desbloqueado” para “ter acesso a senhas e contas bancárias”. César mostra ainda o despreparo de parte da polícia para lidar com um crime que atinge simultaneamente vários tipos de patrimônio. Renata Lo Prete conversa também com Thiago Ayub, especialista no desenvolvimento de ferramentas de segurança digital. Ele fala da responsabilidade das empresas fabricantes e recomenda “pensar na proteção do celular assim como pensamos na proteção da nossa casa”, tamanha a importância das informações que ele carrega.

Feb 17, 2022 • 22min
Desastres naturais: adaptação urgente
O maior volume de chuva em 24 horas registrado em quase um século de medições na região serrana do Rio de Janeiro. A água deslocou imensos blocos de terra dos morros, transformou as ruas de Petrópolis em rios de lama e foi destruindo tudo pelo caminho, numa tragédia que, na madrugada de quinta-feira, já passava de uma centena de mortos. “Água acima de 2 metros. A sensação era a de estar sendo engolido”, descreve o André Coelho, repórter da GloboNews. Do Morro da Oficina, um dos pontos mais afetados, ele contou a Renata Lo Prete o que viu ao chegar à cidade. Natural da vizinha Teresópolis, André detalha a geografia local, explicando os fatores de vulnerabilidade: “Encosta muito grande de rochas, vegetação insuficiente e ocupação desordenada”, uma mistura que, somada à omissão do poder público, faz com que os episódios de devastação se repitam. Participa também o economista Sérgio Margulis. Um dos autores do estudo "Brasil 2040”, ele lista providências que os governos precisam tomar. A primeira, afirma, é “estar atento e levar muito a sério” os impactos das mudanças climáticas. Do ponto de vista de infraestrutura, “as soluções são conhecidas e, agora, têm que ser implementadas”, e as autoridades deveriam estar dispostas a “pagar qualquer coisa para não deixar acontecer de novo”.

Feb 16, 2022 • 24min
Lula em hora de vento a favor
A pouco mais de sete meses da eleição, a liderança nas pesquisas segue folgada e estável. Dentro do PT, diminui a resistência à escolha do ex-tucano Geraldo Alckmin para vice. Uma conjuntura a que agora se somam duas novidades: um manifesto em defesa da candidatura, assinado por apoiadores tanto históricos quanto recentes; e uma entrevista na qual o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avalia que o mercado financeiro já digere bem a possibilidade de vitória de Lula. Neste episódio, Renata Lo Prete recebe Maria Cristina Fernandes, colunista do Valor Econômico e comentarista da Rádio CBN, para discutir esse quadro e o que pode alterá-lo. Na conversa, elas tratam também das dificuldades enfrentadas pelos nomes da chamada “terceira via” e do que esperar de Jair Bolsonaro na campanha: “Ele tentará reeditar o antipetismo, que foi a maior força eleitoral de 2018”. O problema é que há “outro fenômeno mais poderoso agora”, o antibolsonarismo.

Feb 15, 2022 • 21min
Violência no campo: em alta e impune
Em 2020, primeiro ano da pandemia e o último com dados consolidados disponíveis, o Brasil registrou mais de 1.500 conflitos de terra, recorde desde 1985. A Comissão Pastoral da Terra, ligada à Igreja Católica, aponta ainda aumento de 30% nos assassinatos derivados desses conflitos - crimes cuja investigação não raro dá em nada. “É uma impunidade recorrente”, afirma Carlos Lima, um dos coordenadores nacionais da CPT. Em entrevista a Renata Lo Prete, o historiador avalia de que modo as políticas do atual governo contribuem para disseminar, entre os agressores, a certeza de que “matar índio, quilombola e sem-terra” não resulta em condenação, menos ainda dos mandantes. A análise vem no momento em que ganha o noticiário um caso particularmente chocante: um menino de nove anos, filho de dirigente de sindicato de trabalhadores rurais, morto a tiros dentro de casa, diante da família, por homens encapuzados. O repórter Ricardo Novelino, do g1 em Pernambuco, recupera a história de Jônatas e explica o conflito em Barreiros, na Zona da Mata pernambucana.

Feb 14, 2022 • 28min
Amazônia ilegal: modelo de subdesenvolvimento
Dois anos e meio depois do evento que ficou conhecido como Dia do Fogo, quando criminosos se organizaram para incendiar centenas de hectares de floresta, uma área do sudoeste do Pará onde havia vegetação nativa hoje está tomada por extensa plantação de soja. “Eu consegui ver duas realidades”, conta Daniel Camargos, jornalista da organização Repórter Brasil, que esteve no local nos dois momentos. “A soja levou dinheiro, mas também violência, medo e morte”. Na conversa com Renata Lo Prete, ele narra a “expulsão” dos pequenos agricultores que, antes da destruição, seriam assentados perto da cidade de Novo Progresso (PA). Uma história, explica Daniel, de assédio para que arrendem ou vendam seus lotes, transformando-se em “laranjas da soja”. A despeito de investigações abertas pela Polícia Civil e pela PF, o que aconteceu no Dia do Fogo “entrou para a gaveta”, diz. Participa também do episódio Caetano Scannavino, coordenador da ONG Projeto Saúde & Alegria e integrante do Observatório do Clima. É ele que traz o contexto da “cultura da ilegalidade”, vigente em boa parte da região. “O que já era ruim agora está catastrófico”, afirma. O ambientalista explica por que deu errado: já foi desmatada uma área equivalente a duas Alemanhas e, no lugar, dois terços viraram pastagem de baixa produtividade. “É a insistência em um modelo de subdesenvolvimento”. E com consequências severas para o planeta: se fosse um país, o território que os mapas descrevem como Amazônia Legal seria um dos dez mais poluentes do mundo, tamanha sua emissão de gases do efeito estufa. “O agronegócio deveria ser o primeiro a se preocupar com as mudanças climáticas”, acrescenta Caetano. A solução, aponta, é investir no aumento da produtividade e em novas tecnologias da floresta. “Dá para tornar a Zona Franca de Manaus em um Vale do Silício da bioeconomia”.

Feb 11, 2022 • 21min
Bolsonaro na Rússia em meio à crise militar
O presidente brasileiro desembarca em Moscou no início da próxima semana para encontrar o russo Vladimir Putin. Na sequência, se reúne com o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, em um giro de três dias numa região que vive tensão extrema: a estimativa é de que 130 mil soldados russos estejam perto da fronteira da Ucrânia, sinalizando risco de invasão iminente. Neste episódio, apresentado por Natuza Nery, o historiador Felipe Loureiro explica como a intenção de Putin ao receber Bolsonaro é mostrar “que a Rússia não está isolada” na atual crise internacional. Coordenador do curso de Relações Internacionais da USP e do Observatório da Democracia no Mundo, Loureiro avalia os significados do encontro de Bolsonaro com Putin e Orbán, dois líderes autoritários. O professor lembra como a Rússia é conhecida por interferir em eleições de outros países e alerta para o risco de a viagem servir como “laboratório” de métodos que possam causar disrupção na votação brasileira deste ano. Loureiro pontua ainda como Bolsonaro pode fazer aguar o esforço da diplomacia brasileira – que defende uma solução pacífica para o conflito entre russos e ucranianos. Segundo ele, uma eventual declaração desastrada de Bolsonaro prejudicaria a relação do Brasil com os EUA e ameaçaria até a prometida entrada do país na OCDE.


