

O Assunto
G1
Um grande assunto do momento discutido com profundidade. Natuza Nery vai conversar com especialistas, com personagens diretamente envolvidos na notícia, além de jornalistas e analistas da TV Globo, do g1, da Globonews e demais veículos do Grupo Globo para contextualizar, explicar e oferecer diferentes pontos de vista sobre os assuntos mais relevantes do Brasil e do mundo.
O podcast O Assunto, em comemoração aos 5 anos de existência, selecionou os 10 episódios essenciais para todo ouvinte na playlist 'This Is O Assunto'. Ouça agora no Spotify:
https://open.spotify.com/playlist/37i9dQZF1DXdFHK4Zrimdk
O podcast O Assunto, em comemoração aos 5 anos de existência, selecionou os 10 episódios essenciais para todo ouvinte na playlist 'This Is O Assunto'. Ouça agora no Spotify:
https://open.spotify.com/playlist/37i9dQZF1DXdFHK4Zrimdk
Episodes
Mentioned books

Mar 10, 2022 • 28min
X-Tudo: projeto para liberar geral em terras indígenas
O apelido vem do amplo espectro do texto enviado pelo governo Bolsonaro ao Congresso. Além de garimpo, autoriza construção de hidrelétricas, exploração de petróleo e até cultivo de transgênicos. “É a pior” de quase duas dezenas de propostas apresentadas para regulamentar a mineração nessas áreas desde que entrou em vigor a atual Constituição, em 1988. A avaliação é de Marcio Santilli, que foi deputado constituinte, presidente da Funai e um dos fundadores do Instituto Socioambiental. “Uma aberração”, continua ele, patrocinada pelo Palácio do Planalto com apoio engajado do comando da Câmara - nesta quarta-feira, a Casa aprovou urgência para levar o PL 191 a votação. Se for aprovado, vai parar no Supremo, aposta Marcio, tão flagrantes são suas inconstitucionalidades. E isso reforçará o ambiente de insegurança jurídica, benéfico apenas à “garimpagem predatória”, que “já vem barbarizando” essas terras há muito tempo e ao arrepio da lei. Para Alessandra Munduruku, primeira mulher a presidir a Associação Pariri, que representa aldeias do médio Tapajós, trata-se de “um projeto de morte”, ao qual ela promete resistir: “Jamais vou me ajoelhar diante de quem quer destruir meu povo”.

Mar 9, 2022 • 26min
Deu a louca nas commodities
O anúncio do boicote dos EUA a petróleo e gás da Rússia é o novo motor de uma escalada de preços que começou ainda antes da invasão à Ucrânia e já levou o barril a quase US$ 140, recorde em 14 anos. Um movimento em linha com “a narrativa” da Casa Branca em resposta à guerra, mas de efeito interno limitado, já que os americanos compram menos de 10% de seus estoques dos russos. Quem pondera é a professora da FGV Fernanda Delgado, observando que países europeus, mais dependentes de Moscou nessa matéria, optaram até aqui por outras sanções. Em entrevista a Renata Lo Prete, a diretora-executiva do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) analisa o esforço diplomático dos EUA para encontrar alternativa inclusive com desafetos, como Venezuela e Irã, além de tentar convencer a Arábia Saudita a aumentar sua produção. E opina que a crise atual pode acabar atrasando a tão desejada transição para energia limpa. “O investimento de longo prazo seguirá com essa preocupação, mas, no momento, segurança é mais importante do que transição ou preço”, diz ela, que prevê aumento da demanda por carvão, por exemplo. Participa também Lucilio Alves, professor da Faculdade de Agricultura da USP, para tratar de outras commodities em disparada, em especial trigo e milho. Juntas, Rússia e Ucrânia responderam por 30% e 18%, respectivamente, das transações globais desses dois produtos nos últimos cinco anos. Enquanto países “buscam outros fornecedores”, a inflação dos alimentos seguirá pressionada, ele afirma, lembrando que o Brasil depende da importação do trigo.

Mar 8, 2022 • 23min
Crimes de guerra: violações da Rússia
Imagens de ataques a alvos civis e de áreas residenciais alvejadas na Ucrânia correm o mundo. É o caso do vídeo, feito por uma equipe do jornal The New York Times, do momento em que uma mãe e seus dois filhos são mortos por um explosivo quando tentavam fugir do cerco russo a Irpin, cidade próxima à capital, Kiev. É uma “guerra em tempo real”, afirma Flavia Piovesan, ex-secretária nacional de Cidadania e ex-integrante da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Ela se refere ao contínuo compartilhamento desses registros, do qual resulta um fenômeno que o jornalista americano Thomas Friedman chama de “globalização do repúdio moral” à invasão. Em entrevista a Renata Lo Prete, ela lembra que mesmo conflitos armados precisam respeitar “limites éticos e jurídicos”. Aperfeiçoado desde o fim da Primeira Guerra Mundial, esse regramento está hoje inscrito no Estatuto de Roma, assinado em 1998, e os casos afeitos a ele são analisados pelo Tribunal Penal Internacional. No entender da professora da PUC-SP, o que está acontecendo na Ucrânia dá margem a investigação e processo por crimes de guerra, contra a humanidade e de genocídio. Ela reconhece que não será simples fazer Vladimir Putin se curvar ao TPI, mas defende a importância de a comunidade internacional perseguir esse objetivo: “Para que não sejam punidos apenas os executores, mas os arquitetos da destruição”.

Mar 7, 2022 • 23min
Guerra na Ucrânia: oligarcas na mira
Alexei Mordashov, Alisher Usmanov, Igor Sechin. São alguns dos homens que construíram imensas fortunas privadas a partir dos escombros do Estado soviético, no início dos anos 90. Um “processo obscuro”, resume o jornalista Jaime Spitzcovsky, azeitado por laços estreitos com o governo russo, que lhes permitiu dominar setores como energia, mineração, telecomunicações e finanças. Na conversa com Renata Lo Prete, o ex-correspondente em Moscou, hoje colunista da Folha de S.Paulo, explica a origem, as relações e como essa elite foi enquadrada internamente. “Desde o início, o projeto do Putin é claro: restaurar o poder do Kremlin”, corroído nos anos de Mikhail Gorbatchov e Boris Yeltsin. Agora, com sanções que vão do congelamento de fundos ao sequestro de alguns dos apartamentos e iates mais valiosos do mundo, os EUA e seus aliados pretendem indispor esses bilionários com Moscou. Ainda é cedo, avalia Jaime, para saber se vai funcionar. “O que já dá para dizer é que a vida deles vai ficar bem menos confortável”, ironiza. Participa também do episódio Rodrigo Capelo, jornalista do ge e do Sportv. Especializado na cobertura de negócios do esporte, ele analisa a ascensão dos oligarcas russos no futebol e, em particular, a trajetória de Roman Abramovich, que na esteira das sanções anunciou a decisão de vender o Chelsea, clube inglês que comprou em 2003.

Mar 4, 2022 • 22min
Guerra na Ucrânia: a ameaça nuclear
Vladimir Putin prometeu “consequências nunca vistas antes” a quem tentar impedir o avanço de suas tropas. E já acenou explicitamente com uma carta que provoca o maior de todos os medos. Afinal, ninguém supera a Rússia hoje em número de ogivas - são mais de 6 mil. Na avaliação de Vitélio Brustolin, professor da Universidade Federal Fluminense e pesquisador de Harvard, trata-se da situação mais perigosa desde os “13 dias que abalaram o mundo”, durante a Crise dos Mísseis, que envolveu EUA, União Soviética e Cuba em 1962. Na conversa com Renata Lo Prete, ele explica que o arsenal global diminuiu 80% com o fim da Guerra Fria, mas se tornou mais destruidor - as atuais bombas são milhares de vezes mais poderosas do que as lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, em 1945. Fora o descontrole: menos respeito aos tratados em vigor, mais integrantes no clube dos países que têm esse tipo de armamento. Apesar da ausência de limites demonstrada por Putin na operação ucraniana, Vitélio considera que o presidente russo tenta tirar os adversários do prumo, mas não executará uma ameaça que representaria a “destruição total”. Para o professor, “mesmo na guerra os líderes tomam decisões racionais”.

Mar 3, 2022 • 34min
Notícias de Kiev, por Gabriel Chaim
No momento em que os russos intensificam os ataques contra as principais cidades ucranianas, O Assunto ouve Gabriel Chaim, um dos poucos jornalistas brasileiros a permanecer na capital do país. Fotógrafo e documentarista, com larga experiência na cobertura de guerras, ele chegou a Kiev dias antes da invasão, encontrando um centro urbano repleto de vida e história, que o fez lembrar de Praga, na República Tcheca. Não mais: o cenário que Gabriel descreve agora mistura o desespero de quem tenta ir embora e as estratégias de sobrevivência de quem decidiu ou simplesmente se resignou à ideia de ficar. Na principal estação ferroviária, milhares de pessoas que não sabem “qual será o próximo trem e para onde ele vai”. Em residências semidestruídas pelos bombardeios, “principalmente idosos, com menos mobilidade e menos recursos” para fugir. O momento “é crítico”, diz Gabriel, referindo-se ao cerco à capital e aos limites da resistência da população. “Ninguém sabe o que vai acontecer amanhã”.

Mar 2, 2022 • 29min
Guerra na Ucrânia: os refugiados
Em uma semana de invasão russa, mais de 600 mil pessoas deixaram o país - de trem, carro e até mesmo a pé. A ONU e a União Europeia estimam que esse número pode chegar a 4 milhões em questão de dias. Uma tragédia humanitária narrada neste episódio por dois repórteres, um de cada lado da fronteira. O fotojornalista André Liohn conversa com Renata Lo Prete a partir de Lviv, cidade a cerca de 60 km da Polônia que virou um “lugar de separação”. Como o governo tornou obrigatória a permanência de homens entre 18 e 60 anos, muitas famílias precisam seguir viagem partidas. “Uma menina, criança, perguntou para o pai: 'numa guerra todo mundo tem que lutar?’” André completa o relato: “Ele respondeu apenas que mulheres e crianças não, mas percebeu que a filha havia compreendido que eles se separariam". Da Polônia, onde os que têm sucesso na fuga chegam exaustos, depois de jornadas que duram dias, em condições precárias e sob frio gélido, fala o correspondente da TV Globo Rodrigo Carvalho. O país já recebeu mais de 370 mil pessoas, numa política de braços abertos no momento adotada também por Hungria, Moldávia, Eslováquia e Romênia - e que contrasta com barreiras impostas, no passado recente, a refugiados vindos da África e do Oriente Médio. Rodrigo resgata histórias duras, “que levamos tempo para processar”, como a de um idoso que mal conseguia caminhar com as próprias pernas no posto de imigração. O jornalista descreve também o fluxo contrário - muito menor, mas mesmo assim surpreendente. São ucranianos vindos de outras partes da Europa para combater em seu país de origem. Ou casos como o da mulher que disse a Rodrigo estar voltando, mesmo ciente do perigo, para cuidar da mãe idosa em Lviv.

Mar 1, 2022 • 24min
Guerra na Ucrânia: asfixia econômica da Rússia
Cinco dias depois dos primeiros ataques ao território ucraniano, Moscou sente o aperto total das sanções. Enquanto o exército de Vladimir Putin tenta tomar Kiev, o Banco Central russo vê congelada boa parte de suas reservas internacionais, hoje estimadas em US$ 630 bilhões. Fora a exclusão do Swift, sistema internacional que interliga pagamentos ao redor do mundo. Para conter a queda livre das ações, a Bolsa de Moscou foi fechada - e assim permanecerá nesta terça-feira. O rublo mergulhou 30% frente ao dólar, e o BC dobrou a taxa de juros, na tentativa de estancar a fuga de moeda e a corrida aos bancos. “Neste momento, o BC está encurralado”, explica Miriam Leitão em conversa com Renata Lo Prete neste episódio. Comentarista da Globo, apresentadora da GloboNews, colunista do jornal O Globo e da rádio CBN, ela detalha como, mesmo com a provável ajuda da China, a Rússia não conseguirá impedir que seu sistema financeiro tombe diante da ação coordenada dos Estados Unidos e de seus aliados, especialmente na Europa. "A Rússia está exposta porque os países entraram em acordo para atacá-la ao mesmo tempo". Miriam também fala dos efeitos colaterais, que serão sentidos inclusive no Brasil.

Feb 28, 2022 • 30min
Carnaval e pandemia: há um século e hoje
Em 2021, uma segunda onda feroz, quando a vacinação contra a Covid ainda engatinhava, impediu qualquer folia. Neste ano, a variante ômicron cuidou de adiar novamente a retomada plena da festa. Mas houve uma vez, muito tempo atrás, em que foi possível sair de uma tragédia sanitária e social direto para a celebração da vida. Uma história -ou “coleta de histórias”, como ele prefere- trazida pelo jornalista David Butter no recém-lançado livro “De Sonho e de Desgraça: o Carnaval Carioca de 1919”. Até onde dá para separar mito de realidade nessa matéria, ainda mais a tamanha distância no tempo, David concorda: aquele foi, sim, um Carnaval de extravasamento e superação no Rio de Janeiro. “Uma reunião na rua de sobreviventes” da gripe espanhola, que em meados de 2018 contaminou mais da metade da população, matando, em registros sabidamente subestimados, 15 mil pessoas, numa cidade então habitada por menos de 1 milhão (hoje são cerca de 6,8 milhões). Na conversa com Renata Lo Prete, David explica de que maneiras a memória da doença superada se fez presente nas marchinhas e nas fantasias. E aponta inovações introduzidas naquele ano que chegaram até os dias atuais, como o Cordão da Bola Preta. Ao comparar o efeito catártico do Carnaval de 1919 às limitações que o coronavírus ainda impõe, ele nota que, agora, há uma “desigualdade no alívio”, por enquanto privilégio de quem “pode pagar ingresso” em eventos fechados. O episódio tem participação especial da apresentadora da GloboNews Maria Beltrão, lendo trechos de jornais e outros documentos da época.

Feb 25, 2022 • 32min
Guerra na Ucrânia: aberta a caixa de Pandora
Depois de meses estacionando tropas na fronteira, a Rússia fez o que os Estados Unidos repetidamente disseram que ela faria. Uma invasão em ampla escala do território ucraniano, do tipo que a Europa não via desde o fim da 2ª Guerra Mundial, há quase 8 décadas. Em conversa com Renata Lo Prete neste episódio, o professor de Relações Internacionais Oliver Stuenkel explica que o ataque em curso marca o fim do sistema unipolar que vigorou no mundo desde a dissolução da União Soviética, no início dos anos 90. A despeito das palavras duras e de novas sanções econômicas, os americanos e seus aliados da Otan nada farão pela Ucrânia do ponto de vista militar. “A não ser, mais adiante, armar a resistência”, diz Stuenkel, lembrando que os EUA seguiram essa trilha no Afeganistão, na época da ocupação soviética, e mais tarde colheram resultado amargo. O professor chama a atenção para a retórica “pré-2ª Guerra” de Putin, que rasgou o princípio fundador da estabilidade no continente: respeito às fronteiras. Isso abre uma “caixa de Pandora” da qual sairá, além de uma nova onda de refugiados, muita instabilidade global.


