O Assunto

G1
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Nov 27, 2020 • 24min

Por que é tão difícil sair da pobreza no Brasil

Qual é a chance de uma pessoa nascida em família pobre conseguir ter o rendimento médio do brasileiro? Quanto tempo isso demora? A resposta: nove gerações. "Demoraria mais ou menos 160 anos", diz Paulo Tafner, economista e pesquisador associado da USP, convidado de Renata Lo Prete neste episódio. Diretor-presidente do recém-lançado Instituto de Mobilidade e Desenvolvimento Social, Tafner detalha o círculo vicioso que mantém brasileiros em situação de pobreza e pobreza extrema nas mesmas condições de seus antepassados. No Brasil, "a história do indivíduo está determinada na barriga da mãe", explica o economista. Tafner detalha ainda quais são as barreiras para que haja mobilidade de classe e compara a situação brasileira com a de outros países.
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Nov 26, 2020 • 32min

Maradona, o mais humano dos deuses

O futebol perdeu na quarta-feira, 25 de novembro, um dos mais geniais jogadores da história: Diego Armando Maradona, aos 60 anos. O argentino que provocou devoção nos gramados e controvérsias fora de campo, tudo sempre movido a muita paixão. Neste episódio, Renata Lo Prete recebe dois convidados que dão a dimensão da perda: Martín Fernandez e Ariel Palácios. Martín, jornalista esportivo do Grupo Globo, detalha como Maradona se encaixa no panteão do esporte: "Enquanto o Maradona jogou, ninguém jogou mais do que ele, numa era que tinha Zico, Platini e Rummenigge". Fala também da personalidade do craque: "sempre foi difícil de entender, tanto quanto o jogador foi difícil de marcar". Já Ariel Palácios, correspondente em Buenos Aires, descreve as várias facetas de Diego "um complexo quebra-cabeças que gera nos argentinos as mais variadas reações" e relata a relação turbulenta de amor do país com o craque.
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Nov 25, 2020 • 25min

O que o encalhe dos testes de Covid revela

Em junho, o Ministério da Saúde anunciou uma testagem em massa cuja meta era aplicar 24,5 milhões de exames. Novembro chegou e o resultado é totalmente diferente: até agora foram feitos 5 milhões pelo SUS. E outros 7 milhões estão parados em um galpão, mas correm o risco de vencer, enquanto governo federal, Estados e municípios empurram de um para outro a responsabilidade por distribuí-los. O que deu errado na estratégia de testagem – uma das ações consideradas essenciais para mapear e tentar frear a pandemia? Neste episódio, Renata Lo Prete ouve dois convidados: Carolina Moreno, jornalista de dados da TV Globo que desde a chegada do coronavírus no Brasil acompanha as medidas das autoridades e os números da doença; e Márcio Bittencourt, mestre em Saúde Pública e pesquisador do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica do Hospital Universitário da USP. Carolina explica onde estão os gargalos e conta como, sem poder fazer teste, um trabalhador de São Paulo que mora com uma pessoa contaminada não consegue ser dispensado e corre o risco de espalhar o vírus. Márcio fala da importância da testagem em larga escala: "É o diagnóstico coletivo. Em uma pandemia, quem está doente é a sociedade". E responde se ainda dá tempo de contornar a situação ou se já é tarde demais.
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Nov 24, 2020 • 27min

Polícia privada e o mercado de segurança

João Alberto Silveira Freitas foi morto por dois seguranças privados de uma empresa terceirizada que atende a uma loja do Carrefour, em Porto Alegre. Uma história terrível, mas não inédita. São muitos os casos de violência por agentes privados de segurança, a serviço de grandes corporações de áreas como mercados e bancos, sobretudo contra cidadãos negros. O que se repete também é a lógica de poucas e brandas punições aos agressores. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Sheila de Carvalho, advogada da Uneafro Brasil, coordenadora da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP e fellow do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU, e André Zanetic, cientista político especialista em dados e estatística do programa Fazendo Justiça. André explica a gênese da indústria da segurança privada na ditadura militar, detalha os limites da atuação de policiais no setor e informa os números do mercado de segurança clandestina no Brasil. Sheila analisa a relação entre a violência dos agentes e a raça das vítimas e o impacto destes eventos na imagem e no lucro das empresas. Ela indica o que pode ser feito para que casos como este não se repitam, mas sentencia: "quanto tempo vai levar para termos um próximo Beto, provavelmente, não muito."
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Nov 23, 2020 • 21min

Distanciamento: ainda o que mais salva

Os sinais de que o contágio pelo novo coronavírus voltou a aumentar no Brasil estão por toda parte. Um dos mais evidentes é a crescente reocupação de leitos de UTI em capitais de diversas regiões do país. No momento em que o quadro se agrava e muitos se comportam como se a pandemia tivesse acabado, é urgente lembrar das práticas essenciais de proteção contra o vírus, as únicas disponíveis enquanto a vacina não chega. Por isso, neste episódio Renata Lo Prete conversa com o médico brasileiro Ricardo Parolin, doutorando na Universidade de Oxford e participante do Grupo de Resposta do Imperial College de Londres. De restaurantes a academias, de escolas ao transporte coletivo, ele avalia o grau de exposição em diversos ambientes e conclui: “nossa proteção se baseia em um conjunto de medidas”. Mas elas têm gradação de importância: “A principal é o distanciamento social”, diz. A máscara deve ser associada a ele, “como oportunidade de reduzir ainda mais o risco". Parolin explica por que o distanciamento vem antes de tudo e ensina como fazê-lo de maneira correta no trabalho e nos deslocamentos necessários.
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Nov 21, 2020 • 23min

ESPECIAL ELEIÇÕES: centro, centrão ou direita?

A qualificação varia ao gosto do freguês. O fato é que partidos desse campo foram os grandes vencedores do primeiro turno - começando pelas sete capitais em que a disputa se definiu já no último domingo. E podem ampliar o placar no segundo, tanto em número de prefeituras quanto em população governada, já que têm finalistas nas duas maiores cidades do país. Qual é o significado do crescimento de siglas como DEM, Progressistas (antigo PP), PSD e Republicanos, que, com graus variados de adesão, sustentam o governo Bolsonaro no Congresso? Elas terão projeto próprio em 2022 ou tendem a acompanhar o presidente na tentativa de reeleição? No oitavo episódio da série de O Assunto sobre as eleições municipais de 2020, Renata Lo Prete debate essas e outras questões com Bernardo Mello Franco, colunista do jornal O Globo, e o cientista político Christiano Noronha, vice-presidente e sócio da consultoria Arko. A série tem dez episódios, lançados sempre aos sábados.
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Nov 20, 2020 • 19min

O reconhecimento da negritude no Brasil

Mais da metade da população é negra: 57% dos brasileiros se autodeclaram pretos ou pardos. Proporção impulsionada pelos 12 milhões de pessoas que, nos últimos 8 anos, mudaram a forma como se identificam do ponto de vista racial. Trata-se de um fenômeno demográfico e sociológico que acompanha o aumento do acesso da população negra à educação formal e à representação política. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Matheus Gato, professor de sociologia na Unicamp, integrante do Núcleo Afro do Centro Brasileiro de Pesquisa e Planejamento (Cebrap) e autor do livro “O Massacre dos Libertos – sobre raça e república no Brasil”. Ele analisa as motivações para que cada vez mais pessoas se autodeclarem negras. Matheus relaciona o espaço do negro na sociedade brasileira com o episódio da história brasileira que é tema de seu livro - em 1889, centenas de moradores negros de São Luís, no Maranhão, protestaram contra a possibilidade de a recém-proclamada república revogar a abolição da escravatura, assinada um ano antes - e afirma que este movimento é uma forma de buscar “imagens e possibilidades de referencial para as pessoas negras possam se ver e se sentir protagonistas de suas próprias histórias”.
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Nov 19, 2020 • 26min

Os caminhos da madeira ilegal

Ao prometer divulgar uma lista de países que estariam comprando madeira retirada da Amazônia de forma criminosa, o presidente Jair Bolsonaro atraiu a atenção para uma atividade que vem burlando as normas e a fiscalização graças, em boa medida, ao desmonte regulatório promovido pelo próprio governo. Neste episódio, Renata Lo Prete explica e dimensiona o problema em conversas com Beto Veríssimo, engenheiro agrônomo e co-fundador do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) e Maurício Torres, professor do Instituto de Agriculturas Amazônicas da Universidade Federal do Pará. Beto faz um raio-X do negócio da madeira, descreve seu histórico declinante e mostra que o produto ilegal abastece majoritariamente o mercado interno. Ele também avalia a nova tecnologia de rastreamento da Polícia Federal, mencionada por Bolsonaro no mesmo evento em que falou da suposta lista. Maurício relata o passo-a-passo da extração na floresta e os expedientes para dar “verniz de legalidade” à madeira. Para ele, trata-se do “maior antro de trabalho escravo” da Amazônia.
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Nov 18, 2020 • 23min

Peru: onde os presidentes não param em pé

Três presidentes em uma semana: Francisco Sagasti assumiu após a renúncia de Manuel Merino, que entrou no lugar de Martín Vizcarra, tirado do cargo em um processo de impeachment. Este é o novo capítulo da crônica peruana, país que vive uma turbulência política. Mas tudo começou dois anos atrás, com a renúncia de Pedro Pablo Kuczynski. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com dois convidados: Marina Yzu, peruana que esteve nos protestos, e Nicolás Urrutia, analista sênior para o Peru da consultoria Control Risks. Marina relata o clima de medo nas manifestações: "Não são só duas pessoas que morreram, são duas pessoas que saíram de casa para defender o país e que morreram por uma agressão violentíssima da polícia". Ela ainda detalha o papel das redes sociais e dos jovens nas manifestações e a repercussão da ação violenta da polícia, "abraçada" pela população durante a crise da pandemia e agora supostamente envolvida no estranho caso de desaparecimento de jovens. Nicolás explica a conjuntura política que derrubou Vizcarra, indica o que Sagasti precisa fazer para não ter o mesmo destino de seus antecessores e analisa se ele tem condições de se manter no cargo até as eleições presidenciais marcadas para abril de 2021.
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Nov 17, 2020 • 29min

Eleição foi mesmo ruim para Bolsonaro?

A maioria dos candidatos aos quais o presidente deu apoio explícito naufragou nas urnas, inclusive na maior cidade do país. E o principal sobrevivente, Marcelo Crivella (Republicanos), tem pela frente um segundo turno dificílimo no Rio de Janeiro. Sinal de fracasso e de enfraquecimento para 2022? Não necessariamente, pondera o filósofo Marcos Nobre, professor da Unicamp e presidente do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), nesta entrevista a Renata Lo Prete. Ele começa por lembrar que o pleito deste ano não é “sobre” Bolsonaro. Ainda que a desaprovação ao presidente, em alta nas capitais, tenha contribuído para alguns dos resultados do domingo, convém não esquecer que partidos cada vez mais embarcados no governo, como PP e PSD, tiveram salto no número de prefeitos. Para Nobre, o que se desenha é uma reorganização de forças políticas com um núcleo de extrema direita, outro da “direita tradicional” (que agora tem o DEM como principal ator) e um terceiro à esquerda. “Dentro de cada um desses núcleos, a fragmentação aumentou e será preciso negociar mais”, diz. Ele também desenha um mapa de pontos de atenção para o segundo turno.

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