O Assunto

G1
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Mar 19, 2021 • 28min

Estrangulamento logístico das UTIs

O colapso dos hospitais é realidade em todo o Brasil. Doentes que morrem à espera de leitos. Unidades de Tratamento Intensivo onde atuam profissionais exaustos e já faltam medicamentos essenciais para o atendimento de pacientes graves. Um cenário de guerra, relatado neste episódio pelo repórter Bruno Tavares. Ele descreve o desalento dos médicos ao ver alas inteiras tomadas por vítimas de uma única doença, boa parte em estado crítico. Um deles diz que no trabalho se sente, todos os dias, “dentro de um Boeing caindo”. Além de Bruno, Renata Lo Prete recebe a médica Laura Schiesari, professora do FGV Saúde e do Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa. Ela enumera tudo o que o governo federal deveria ter feito e não fez, sugere medidas de emergência para dar alívio aos hospitais e às equipes, ampliando assim a capacidade de atendimento no curtíssimo prazo. E diz que, neste momento, a mensagem para quem não está doente é uma só: fazer o distanciamento mais rigoroso possível, para reduzir drasticamente a circulação do vírus. “Porque nos hospitais não há lugar para ninguém”, nem com Covid, nem com outras doenças.
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Mar 18, 2021 • 29min

Juro básico em alta: e agora?

Alimentos, combustíveis, preços da indústria: diante da inflação disseminada, o Banco Central optou por aumentar a Selic pela primeira vez desde 2015, em 0,75 ponto. Ela agora está em 2,75% ao ano. Para o ex-presidente do BC Affonso Celso Pastore, entrevistado neste episódio, o movimento era inevitável, mas poderia ter sido mais brando num primeiro momento. “É uma dosagem excessiva do remédio monetário", analisa, diante do claro desaquecimento da economia. Ele lembra que antes mesmo de o "meteoro chamado Covid" se abater sobre nós, produzindo uma crise “completamente diferente de todas as do passado", já enfrentávamos sérias dificuldades - na atividade, no emprego e na situação fiscal. E diz que só há um passaporte para a recuperação: vacina. “Antes disso, ela será artificial”. E vacinação como não temos ainda: “rápida, abrangente e eficaz."
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Mar 17, 2021 • 27min

O cerco aos críticos de Bolsonaro

"Fiquei muito espantado quando vi que estava sendo acusado de crime contra a segurança nacional", disse o comunicador Felipe Neto, intimado pela Polícia Civil do Rio, a pedido filho do presidente da República, depois de chamar Jair Bolsonaro de genocida na condução da pandemia. Neto não foi o primeiro. Órgãos do governo e instituições de Estado têm avançado contra professores universitários, estudantes, jornalistas e blogueiros num processo a que o professor de Direito da USP Conrado Hübner Mendes deu o nome de “Estado de Intimidação”. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa a esse respeito com a professora de Direito da Estácio Fabiana Santiago, autora de um livro sobre a Lei de Segurança Nacional, e com o doutor em Filosofia Fernando Schuler, do Insper. Ela resgata a história da LSN, dispositivo sobrevivente de seguidas ditaduras, e diz que, independentemente de qualquer outra consideração, é flagrante que a lei não se aplica aos casos em questão. “Isso viola a lógica da segurança humana e do Estado democrático de direito”. Estudioso do tema da liberdade de expressão, Schuler considera que “o país não sabe o que quer” nessa matéria. “E arrisco dizer: o Congresso não sabe, o Supremo não sabe. E o debate público é pobre”. Ele conclui: "Liberdade de expressão não dá para ser seletiva. Tem que ser para todo mundo".
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Mar 16, 2021 • 33min

Novo ministro, o mesmo Bolsonaro

"Se o presidente pudesse, ele não tiraria o Pazuello", avalia a repórter da Globo Andréia Sadi, convidada de Renata Lo Prete neste episódio. Subserviente ao extremo, fiel executor da política do chefe de não-enfrentamento da pandemia, o terceiro ministro da Saúde do atual governo sobreviveu 10 meses, durante os quais os mortos por Covid saltaram de 15 mil para quase 300 mil. E o general teria durado mais, não fosse a reconfiguração política que começou com a sucessão nas Casas do Congresso e teve capítulo decisivo na semana passada, explica Sadi: “O Centrão está aproveitando o retorno de Lula para reconquistar ministérios que ocupou em outros governos”. No caso específico da Saúde, não só parlamentares, mas também governadores, prefeitos e ministros defendem uma completa mudança de rumo -que ninguém se arrisca a dizer se virá com o médico Marcelo Queiroga. Confirmada no início da noite desta segunda-feira, a escolha do presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, figura próxima do filho mais velho do presidente, causou menos impacto do que a recusa da convidada anterior, a também cardiologista Ludhmila Hajjar. Alegando "incompatibilidade técnica", ela deixou claro que não teria autonomia, além de relatar as ameaças que sofreu de apoiadores do presidente.
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Mar 15, 2021 • 26min

A vida na linha de frente da vacinação

“A gente sempre dá um jeito”, resume Mayane Brito, 32 anos, enfermeira numa unidade de Saúde da Família em São José de Espinharas, interior da Paraíba. De carro, moto, barco ou mesmo atravessando rio a pé, com a caixa de doses sobre a cabeça, ela tem chegado até os idosos da zona rural para imunizá-los contra a Covid-19. É recebida com entusiasmo e confiança. “Porque a vacina traz isso mesmo: uma esperança”, diz. A história de Mayane, contada neste episódio, é a de milhares de profissionais que, atuando na porta de entrada do SUS, fazem com que a vacinação aconteça nos pontos mais remotos do país, não deixando nenhum brasileiro para trás. Eles já cumpriram essa missão com sucesso em diversas campanhas, e só temem mesmo a escassez de doses -fruto da falta de planejamento e de sentido de urgência por parte do governo federal. É disso que trata Ligia Bahia, especialista em saúde pública e professora da UFRJ, na entrevista a Renata Lo Prete. Ela entende a aflição de governadores e prefeitos, mas receia que a compra descentralizada de doses, agora liberada, venha a criar uma “fila dupla”, em prejuízo de regiões com menos recursos. A vacina, lembra Ligia, tem que ser como o verso da canção de Milton Nascimento: “ir aonde o povo está”.
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Mar 12, 2021 • 26min

Como ficou a PEC Emergencial

A emenda à Constituição que permitirá a volta do auxílio emergencial foi finalmente aprovada pelo Congresso, mas bastante despida dos mecanismos de controle de despesas que a equipe de Paulo Guedes pretendia implantar. “O fogo amigo veio de dentro do próprio governo", conta Valdo Cruz, jornalista da GloboNews em Brasília, um dos convidados de Renata Lo Prete neste episódio. Participa também o economista Felipe Salto, diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente. Valdo relembra como a proposta nasceu, tramitou e foi esvaziada. "A mudança era para ter sido mais profunda. O governo teve que ceder para evitar uma derrota maior", diz. Valdo explica o que falta para definir valores e duração do auxílio, que deve beneficiar bem menos brasileiros do que a temporada de 2020. “É uma medida para reduzir o desgaste do presidente", conclui. Do ponto de vista fiscal, Salto alerta: “Os impactos não são imediatos, e não se sabe os efeitos de medidas que só serão acionadas em 2025. É muito distante do que foi prometido”. Ele aponta que o texto aprovado abre brecha para novos gastos no Orçamento do próximo ano - “a despesa sobe de escada, e o teto, de elevador”, ironiza. E lembra que o novo auxílio, que custará R$ 44 bilhões e está fora do teto de gastos, poderia ter sido implementado muito mais rapidamente, via crédito extraordinário.
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Mar 11, 2021 • 28min

São Paulo de joelhos diante da Covid

“Estamos enxugando gelo no calor". É assim que o médico Márcio Bittencourt define a situação do sistema hospitalar no Estado mais rico do Brasil. Mestre em saúde pública e integrante do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica do Hospital Universitário da USP, ele é um dos entrevistados de Renata Lo Prete neste episódio, ao lado de Ismael Pérez Flores, intensivista em dois hospitais da capital. Ambos mostram como São Paulo, que com muito esforço conseguiu se manter à tona na primeira onda, sucumbiu nesta, e agora assiste impotente à morte de doentes na fila por vaga nas UTIs. Márcio alerta que abrir leitos é urgente, mas igualmente importante é radicalizar o distanciamento e os demais cuidados, para reduzir o contágio. E chama a atenção para o aumento do número de jovens sem comorbidades entre os casos graves. "Pacientes de 22 anos intubados. Mãe internada com filho, gente que perdeu familiar e ainda não pudemos contar". Ismael vai na mesma linha, relatando o impacto, sobre os profissionais da saúde, da perda de pacientes nessas condições. Ele diz ainda o que sente ao ver a história se repetir - e de maneira mais grave. "Frustrante. Em nenhum momento a gente saiu da pandemia”.
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Mar 10, 2021 • 25min

Brasil: celeiro de Covid, ameaça global

Além da OMS, vários países deram o alerta: enquanto a transmissão do novo coronavírus estiver fora de controle aqui, toda a América Latina e até regiões mais distantes seguirão sob risco. Os convidados de Renata Lo Prete neste episódio são Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo, e Mathias Alencastro, doutor em Ciência Política e pesquisador do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). Ethel explica como o Brasil se tornou terreno fértil para novas variantes do Sars-CoV-2: “Cada vez que o vírus é transmitido, a gente dá a ele a chance de fazer uma mutação". Para ela, "a preocupação é com o que ainda está por vir". A epidemiologista resgata ainda importantes ações de controle, como as adotadas em Wuhan no início de 2020. E compara: “Nós não tomamos nenhuma medida, e continuamos como se nada estivesse acontecendo". Mathias Alencastro analisa o custo para o país no longo prazo. "Estamos num contexto internacional em que os diplomatas são tão importantes quanto médicos e enfermeiros". Ele lembra a crise global na busca por vacinas e a relevância de negociações neste momento da pandemia. E aponta como os brasileiros terão que lidar com um "passaporte desvalorizado" para viagens de turismo, estudos e negócios.
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Mar 9, 2021 • 27min

Lula livre para a eleição de 2022

A decisão caiu como uma bomba na tarde da segunda-feira: o ministro do STF Edson Fachin resolveu, sozinho, anular todas as condenações de Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava Jato, o que devolve ao ex-presidente a condição de ficha limpa e lhe permite participar da próxima sucessão. “Fachin concordou com o que a defesa sempre disse: que as investigações não tinham a ver com a Petrobras, e portanto, não deveriam ficar na 13ª Vara de Curitiba, onde atuava Sergio Moro", explica o jornalista Felipe Recondo a Renata Lo Prete neste episódio. Repórter do Jota, veículo especializado em notícias jurídicas, e autor de um livro essencial sobre o Supremo (“Os Onze”), Felipe detalha a decisão de Fachin, inclusive no que se refere a Moro - o ministro considerou que as ações de contestação à imparcialidade do ex-juiz agora perdem a razão de ser. E prevê o que acontecerá quando o plenário analisar o despacho de Fachin: “O cenário de reversão é improvável". Participa também o sociólogo Celso Rocha de Barros. É ele quem analisa os efeitos eleitorais da anulação para o próprio Lula e para os demais pré-candidatos. No terreno que vai do centro à esquerda, "Ciro Gomes vai ter que correr para montar sua coalizão". Ele pondera ainda que, numa eventual polarização Bolsonaro-Lula, o atual presidente pode ver o apoio do Centrão ruir, a depender de sua taxa de aprovação mais adiante. "Se Bolsonaro conseguir se segurar, repete-se o desenho de 2018. Mas em condições piores para Bolsonaro".
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Mar 8, 2021 • 24min

Mulheres, as mais prejudicadas na pandemia

“Minha barraca, às 5h da manhã já tava aberta. E até 20h30 da noite eu já fiquei nessa barraca. Mas aí, pronto, veio a pandemia”. Essa era a rotina de Elisangela Amâncio, de 46 anos, que todos os dias vendia cachorro-quente no bairro de Itapuã, Salvador. Ela é uma das milhões de mulheres que perderam emprego e renda durante a pandemia – e que também perdeu um ente querido, seu irmão, para a Covid. A retração nos empregos afetou sobretudo o gênero feminino: já são mais mulheres fora do mercado de trabalho do que dentro, o maior recuo em 30 anos, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Neste episódio do Dia Internacional das Mulheres, Natuza Nery ouve a história de Elisangela e conversa com a economista Juliana de Paula Filléti, professora e pesquisadora do Núcleo de Pesquisas de Economia e Gênero da Facamp. Elisangela conta tudo que passou nos últimos meses: a impossibilidade de trabalhar, o luto pela morte do irmão, os filhos sem aulas online, a dificuldade financeira e a depressão que a acometeu – uma pesquisa da USP informa que 40,5% das mulheres brasileiras apresentaram sintomas de depressão em algum momento da pandemia. “O pior é querer trabalhar e não poder. E também o medo de sair na rua, passei por uma quase depressão e só voltei agora a fazer minhas coisinhas”, relata. Juliana detalha o custo da sobrecarga do trabalho doméstico, detalha o impacto do fim do auxílio emergencial e explica a relação entre crise no setor de serviços e o desemprego entre mulheres – sobretudo, as negras. “Elas são maioria nas vagas de trabalho mais precárias”, diz.

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