O Assunto

G1
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Apr 19, 2021 • 28min

CPI da Covid: um guia de perguntas

Por que o governo Bolsonaro esnobou ofertas de vacina no 2º semestre de 2020? Quanto dinheiro público foi usado na compra e na produção, pelo Exército, de um remédio que não funciona contra o novo coronavírus e até mortes já provocou? Onde foi parar o plano de testagem que Nelson Teich disse ter deixado pronto? Que sequência de ações e omissões matou doentes por falta de oxigênio em Manaus? Que fim levaram os medicamentos para intubação requisitados de laboratórios pelo Ministério da Saúde? Vem aí a Comissão Parlamentar de Inquérito que poderá iluminar essas e muitas outras questões, apontando responsabilidades pelo maior desastre sanitário da história do Brasil, que já conta mais de 373 mil vítimas. Às vésperas de sua instalação no Senado, Renata Lo Prete conversa com Carlos Andreazza, âncora da CBN e colunista do jornal O Globo. Ele lista convocados que não poderão faltar e passa em revista os temas, mostrando quais são os mais explosivos para o presidente e o governo como um todo.
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Apr 16, 2021 • 26min

Ricardo Salles, o novo Ernesto Araújo

No momento em que Jair Bolsonaro tenta convencer Joe Biden e líderes europeus de que tem compromisso com a preservação da Amazônia, o ministro do Meio Ambiente está no centro de uma crise deflagrada com a maior apreensão de madeira da história do país, feita pela Polícia Federal na divisa entre Amazonas e Pará no final do ano passado. Ricardo Salles entrou na história mais recentemente, ao visitar a região e se colocar ao lado dos madeireiros. “A PF sustenta que essa operação detectou uma organização criminosa”, relata Fabiano Villela, repórter da TV Liberal (filiada à Globo no Pará) e um dos entrevistados neste episódio. É ele quem explica os expedientes mais usados na região para “esquentar” madeira ilegal. Renata Lo Prete conversa também com Julia Duailibi, apresentadora e comentarista da GloboNews. Ela analisa o impasse criado com a decisão do superintendente local da PF, Alexandre Saraiva, de apresentar ao Supremo notícia-crime contra Salles - movimento que custou o cargo ao delegado. E fala também de como, mais e mais, o titular do Meio Ambiente lembra o chanceler dispensado em março. Assim como Ernesto Araújo, Salles já esgotou a paciência de empresários e parlamentares aliados do Planalto - além de ser entrave a qualquer melhora nas relações externas do governo Bolsonaro. “Ele se segura porque é quadro remanescente da chamada ala ideológica, mas há grande pressão no Congresso para derrubá-lo”, diz Julia.
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Apr 15, 2021 • 22min

A importância da 2ª dose

"Duração maior da proteção", resume o médico Marco Aurélio Sáfadi. Em conversa com Renata Lo Prete, ele explica o imperativo de tomar o reforço, no caso das vacinas contra a Covid-19 disponíveis no Brasil (a Coronavac e a do consórcio Oxford-AstraZeneca). Presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, Sáfadi ressalta que só completando o processo de cada imunizado (e aumentando muito o número geral de doses aplicadas por dia) conseguiremos controlar o contágio. Segundo o Ministério da Saúde, 1,5 milhão de pessoas que receberam a primeira dose não retornaram para a segunda. Ainda que secretarias estaduais e municipais apontem exagero nesse dado, o problema existe, mas pode ser sanado com medidas práticas e melhor comunicação. “Se cada comunidade faz uma coisa diferente, sem coordenação nacional, dificulta. A população fica confusa", analisa Carla Domingues, que chefiou o Programa Nacional de Imunizações entre 2011 e 2019 e também participa deste episódio. Para ela, ainda há tempo de colocar os retardatários de volta no bonde da vacinação, com uma grande campanha de conscientização, além de mutirões e providências locais para localizar os faltosos. Estes, por sua vez, não devem desistir, orienta Sáfadi. Seja qual for o atraso, “basta ir tomar a segunda dose para que ela ofereça a proteção necessária".
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Apr 14, 2021 • 25min

A multiplicação das armas

À margem do Legislativo, por meio de dezenas de decretos e portarias, o governo Bolsonaro vem executando sua principal política: a de facilitação ampla do acesso a armas de fogo, tal como afirmado pelo presidente na famosa reunião ministerial de um ano atrás. Em 2020, o número de registros de posse por colecionadores, atiradores e caçadores mais do que dobrou. E o crime organizado não encontrou dificuldade para se apoderar de parte expressiva desse arsenal. Na véspera da entrada em vigor de quatro decretos, ainda mais permissivos, a ministra do Supremo Rosa Weber suspendeu vários de seus artigos, e o caso agora será examinado pelo plenário do tribunal. Neste episódio, o jornalista Marcio Falcão, da TV Globo em Brasília, analisa as perspectivas para esse julgamento e lembra que não é inédito um ministro do STF conceder liminar na contramão da escalada armamentista promovida pelo atual governo - Edson Fachin já fez o mesmo. Renata Lo Prete conversa também com o advogado Bruno Langeani, gerente do Instituto Sou da Paz. Ele chama a atenção para o tipo de arma que vem sendo liberada: “Algumas são mais potentes que as da polícia”. E estabelece a conexão: “A maioria esmagadora das armas apreendidas com criminosos é nacional é foi comercializada antes do desvio para o crime”.
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Apr 13, 2021 • 26min

Bolsonaro no redemoinho

“Quando o presidente viu que a bomba das mortes e de todo esse desastre ia cair em seu colo, decidiu jogar no ventilador e espalhá-la”, diz Maria Cristina Fernandes, colunista do jornal Valor Econômico e comentarista da rádio CBN. Neste episódio ela analisa, em conversa com Renata Lo Prete, de que maneira o conteúdo do telefonema entre Bolsonaro e o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) se encaixa na tática presidencial de empastelar a CPI da Covid, se não for possível evitá-la. Vazado pelo senador, o diálogo mostra tentativa explícita de interferir nos poderes Legislativo e Judiciário para tirar as ações e omissões do governo federal na pandemia do foco, diluindo as investigações por Estados e municípios. Como tal comportamento pode configurar crime de responsabilidade, muita gente não entendeu quando Kajuru revelou que divulgou a conversa autorizado por Bolsonaro - que no dia seguinte se declarou “traído”. Maria Cristina explica também como o Orçamento aprovado pelo Congresso entra nesse cenário turbulento. Para se proteger da CPI, o presidente precisará dos parlamentares, que, neste momento, cobram dele que preserve a generosa parcela que lhes coube na peça de 2021. “Se Bolsonaro sancionar sem vetos, incorrerá em outro crime de responsabilidade. Se vetar, pode azedar a relação e levar a Câmara a engrossar o coro por impeachment”.
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Apr 12, 2021 • 24min

O golpe mortal no Censo

A pandemia já atrasou, em um ano, a única radiografia completa da população brasileira, feita a cada década, desde 1940. E ainda impõe dificuldades sanitárias à realização dessa ampla e detalhada pesquisa do IBGE. Mas o que realmente ameaça sua sobrevivência é a asfixia de recursos. Com custo estimado, ainda em 2019, de R$ 3,4 bilhões, o Censo Demográfico foi sendo lipoaspirado pelo Executivo e pelo Legislativo até ficar, no recém-aprovado Orçamento de 2021, com minguados R$ 71,7 milhões, valor que inviabiliza o levantamento. Um falso barato que sairá caríssimo, alerta o economista Sérgio Besserman, presidente do IBGE entre 1999 e 2003, hoje integrante da Comissão Consultiva do Censo. Entrevistado por Renata Lo Prete neste episódio, ele começa por lembrar do básico: “Além de vital para a elaboração e a eficiência de qualquer política pública, o Censo serve de base para outras pesquisas. Sem ele, vai se eliminando a racionalidade”. Para além desse aspecto, estamos falando de um direito da cidadania, em especial diante da devastação do último ano: “A sociedade brasileira precisa saber o que aconteceu com as populações mais vulneráveis e com o sistema de saúde, balisada pelas informações censitárias”. Participa também Lucianne Carneiro, repórter do jornal Valor Econômico. Ela trata da demissão da presidente do IBGE e do cancelamento do concurso que recrutaria mão-de-obra para o Censo, além de pesar argumentos favoráveis e contrários à sua realização enquanto o país estiver pouco vacinado e com o contágio nas alturas.
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Apr 9, 2021 • 28min

Henry: o horror que ninguém viu

Depois de um mês de investigações, a polícia do Rio de Janeiro reuniu indícios suficientes para mandar prender o padrasto e a mãe do menino de 4 anos agredido até a morte no apartamento onde vivia o casal, na Barra da Tijuca. “A perícia técnica foi fundamental”, avalia o repórter da Globo Carlos de Lannoy, que acompanha o caso desde o início. É ele quem detalha, neste episódio, o histórico de violência contra crianças do vereador Dr. Jairinho e as evidências de que Monique Medeiros tinha pleno conhecimento dos maus tratos sofridos pelo filho. Eles agora são investigados por homicídio duplamente qualificado e tortura. Lannoy explica também a rede de conexões políticas que por muito tempo protegeu Jairinho -no quinto mandato, ele é influente na Câmara Municipal, onde integra o Conselho de Ética. Renata Lo Prete entrevista ainda o advogado Ariel de Castro Alves, do Instituto Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. “Trabalho há quase 30 anos na área, e nunca vi um caso como esse”, afirma.
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Apr 8, 2021 • 25min

A privatização da vacina

“Em português claro, é uma maneira de furar a fila”. Assim o médico e ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão traduz a decisão da Câmara dos Deputados de liberar a compra de vacinas contra a Covid-19 por empresas privadas sem necessidade de repassar todas as doses ao SUS, executor do Plano Nacional de Imunização. E de permitir que essa aplicação paralela aconteça antes mesmo de o PNI alcançar todos os grupos prioritários. Entrevistado neste episódio, Temporão explica de que maneira a fila dupla rompe a lógica sanitária de imunizar em etapas, considerando o grau de risco de quem vai receber a dose. E aponta ainda a incongruência de favorecer funcionários de empresas, aleatoriamente, num país em que o trabalho informal predomina e o número de desempregados é altíssimo. Renata Lo Prete ouve também a empresária Luiza Trajano, que está à frente do Unidos pela Vacina, movimento de apoio atuando em quase todos os municípios brasileiros. Há meses mergulhada nessa questão, ela aponta, em primeiro lugar, a ociosidade do debate: “O problema é que não tem vacina sobrando para comprar”. Luiza se refere ao superaquecimento da demanda global e à consequente decisão, por parte dos principais fabricantes, de por enquanto vender somente para governos. Se alguma empresa conseguir, “ótimo”, ela diz. E completa: “tem que ir para o SUS”.
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Apr 7, 2021 • 30min

A fábula do tratamento precoce

Durante meses, enquanto outros países se concentravam na aquisição antecipada de vacinas, o governo brasileiro investiu pesadamente em comprar e distribuir cloroquina, um antigo medicamento até hoje sem eficácia demonstrada contra o novo coronavírus. A pregação do presidente Bolsonaro encontrou eco em parte da classe médica, que receitou sem pudor nem critério esse e outros itens do chamado “kit covid”. As vendas dispararam, e agora se multiplicam também as notificações à Anvisa de complicações sofridas por pacientes. Neste episódio, Ricardo Melo, repórter do Fantástico em Minas Gerais, relata alguns desses casos - há quem tenha ido parar na fila do transplante de fígado. “Tem gente usando como profilaxia, acha que vai evitar a doença”, conta. Ele também mapeia a rede de fake news que promove o consumo do kit e ações que já tramitam na Justiça para responsabilizar agentes públicos. Renata Lo Prete entrevista também o cardiologista Bruno Caramelli, professor da USP e diretor do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas. Ele é o autor de uma representação para que o Ministério Público investigue o papel do Conselho Federal de Medicina nessa história. “O CFM não só não condena como aprova”, diz. Caramelli questiona ainda a ideia de que a “autonomia médica” impediria a atuação do poder público, como sugere o novo ministro da Saúde. “Prescrever medicamento para o qual não existe evidência científica não é autonomia, é erro”.
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Apr 6, 2021 • 23min

A guerra em torno do Orçamento

Foram sete meses de tramitação, três dos quais já no ano de vigência. E ao final saiu uma peça de ficção, no entender quase unânime dos especialistas. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Cristiano Romero, diretor-adjunto, chefe da Sucursal de Brasília e colunista do Valor Econômico, para entender as despesas subestimadas, os cortes de gastos obrigatórios e o milagre da multiplicação das emendas parlamentares. Uma disputa que tem o ministro da Economia de um lado, aliados do governo no Congresso de outro, e o presidente Jair Bolsonaro com um pé em cada canoa - e os dois olhos mirando a eleição de 2022. “Paulo Guedes já esteve para sair do governo inúmeras vezes”, lembra Romero. Se Bolsonaro não vetar os desarranjos da peça aprovada, “não haverá momento melhor para o ministro sair do que agora”. O jornalista explica que irregularidades tão flagrantes “podem até criar motivo técnico para impeachment”, como ocorreu com Dilma Rousseff, em 2016. E avalia que a eventual decretação de uma nova calamidade pública, para escapar das exigências fiscais, será uma grande derrota para Guedes.

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