O Assunto

G1
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Jul 28, 2021 • 28min

Brasil, potência no surfe e no skate

Italo Ferreira, Rayssa Leal, Kelvin Hoefler: três medalhistas na estreia dessas duas modalidades em Olimpíadas. Não é exagero comparar seus feitos “aos de nomes como Messi e Neymar”, diz o jornalista Paulo Lima. E tampouco se trata apenas de um “bom momento” dos esportes de prancha no país, mas sim de uma construção de décadas, que envolveu talento e esforço de muita gente. Para entender essa trajetória, Renata Lo Prete conversa com o criador da revista Trip e da editora de mesmo nome. “O prazer de deslizar, assim como o de voar, é atávico”, lembra Paulo, ao resgatar a origem do encantamento. O skate nasceu do surfe, e desde então eles se retroalimentam. Nas manobras mais ousadas de atletas como Italo Ferreira e Gabriel Medina, Paulo identifica movimentos originalmente vistos nas rampas e nas pistas. Ele descreve as origens e analisa os fatores que ajudaram a disseminar surfe e skate para além do eixo Rio-São Paulo. Especialmente no caso do surfe, segundo ele, não tem pra mais ninguém: “Hoje o Brasil lidera no mundo, em todas as frentes".
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Jul 27, 2021 • 25min

A pandemia dos não-vacinados

Depois de um 2020 trágico, os Estados Unidos entraram em rota de superação do coronavírus graças, sobretudo, ao maior estoque de doses de vacina do planeta. Assim imunizaram quase metade da população, mas a partir daí a campanha começou a ratear, e a variante delta, a ganhar terreno. Hoje, casos, hospitalizações e óbitos estão de novo em alta no país. E governadores e prefeitos de diversas localidades se inclinam por duas medidas que prometem gerar resistências: restabelecer o uso obrigatório de máscaras e exigir imunização de servidores públicos. Neste episódio, o correspondente da Globo Tiago Eltz descreve a disparidade de cobertura vacinal entre os Estados americanos e o papel do movimento antivacina na construção dessa realidade ameaçadora. Participa também a epidemiologista Fátima Marinho, da organização Vital Strategies. Ela resgata as origens do movimento, apontando onde mais ele é forte no mundo. E, para mostrar o contraste, analisa dois casos de imunização homogênea e com bons resultados na América do Sul: Chile e Uruguai.
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Jul 26, 2021 • 25min

Militares de novo no poder: as origens

Primeiro, eles saíram dos quartéis para o front internacional em missões de grande visibilidade, notadamente a do Haiti. Depois, foram chamados a atuar em segurança pública interna, numa escalada de operações que culminou com a intervenção de 2018 no Rio de Janeiro. Logo depois da eleição de Jair Bolsonaro, o então comandante do Exército, Eduardo Villas-Bôas, qualificou como “volta à normalidade” a atuação de quadros das Forças Armadas em áreas de natureza civil da administração federal -hoje em patamar sem precedentes. “Este é um governo de militares", observa Natalia Viana, diretora-executiva da Agência Pública e autora do recém-lançado “Dano Colateral”. No momento em que eles disputam terreno com políticos do Centrão - e recebem a conta do desempenho desastroso na pandemia-, a jornalista resgata o capítulo inaugural dessa história. Mostra, com apuração minuciosa, a opacidade de informações e a impunidade de atos cometidos, em especial no Rio. E constata que “a democracia já está rota” quando um general (Braga Netto, ministro da Defesa) se sente à vontade para ameaçar ninguém menos do que o presidente da Câmara com a ruptura do calendário eleitoral. “Eles entraram na política e não pretendem se retirar”.
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Jul 23, 2021 • 23min

Espionagem via celular: o caso Pegasus

Mensagens, fotos, e-mails, localização. Todo e qualquer conteúdo do aparelho que se tornou um prolongamento do corpo humano capturado por um software - capaz, ainda, de gravar e transmitir o material. E sem que o usuário desconfie de nada. A revelação, feita por um consórcio de veículos de imprensa, de que países como México, Arábia Saudita e Hungria teriam comprado o produto desenvolvido pela empresa israelense NSO para monitorar alvos comerciais e políticos disparou alarme geral. “Mais do que um software, o Pegasus é uma arma de guerra”, explica o professor Sergio Amadeu, ex-presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação. Ao utilizá-lo, "governos, a partir de suas estruturas de inteligência, atuam nas sombras”, num mercado em que “as fronteiras entre legal e ilegal foram borradas". Ele defende um esforço multilateral de regulação e, de imediato, moratória no uso desse tipo de ferramenta. De Nova York, o correspondente da Globo Ismar Madeira faz um relato das reações dos países na berlinda e também dos potenciais atingidos - entre eles ativistas, advogados de direitos humanos, jornalistas e até chefes de governo, como o presidente francês, Emmanuel Macron.
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Jul 22, 2021 • 26min

Com Bolsonaro, Centrão chega ao topo

Acuado por revelações da CPI da Covid e mais de uma centena de pedidos de impeachment, o presidente resolveu promover uma dança de cadeiras que levará o senador Ciro Nogueira (PP-PI) à chefia da Casa Civil. Para esse aglomerado de partidos essencialmente fisiológicos, que apoiaram todos os governos em troca de cargos e manejo de verbas do Orçamento, não se trata de um avanço qualquer. “A Casa Civil está no topo da cadeia alimentar dos ministérios", observa Natuza Nery em conversa com Renata Lo Prete no episódio de número 500 do podcast. Ao entregar tamanha fatia de poder a um dos expoentes do Centrão, Bolsonaro espera, além de chegar até o fim do mandato, pavimentar terreno para a disputa da reeleição. Nesse contexto, explica a colunista do G1 e comentarista da GloboNews, ele tanto pode se filiar ao PP quanto pescar um vice nos quadros da sigla. Renata e Natuza analisam ainda movimentos secundários da sacudida no primeiro escalão. O esperado deslocamento do general da reserva Luís Eduardo Ramos da Casa Civil para a Secretaria Geral da Presidência indica perda de terreno dos militares na disputa com o Centrão. Assim como a recriação da pasta do Trabalho, desmembrada da Economia, para dar abrigo a Onyx Lorenzoni é mais uma etapa do longo processo de desidratação de Paulo Guedes.
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Jul 21, 2021 • 25min

Congresso: Fundão e muito mais

Com Jair Bolsonaro mais dependente de sua base parlamentar a cada revelação da CPI da Covid, deputados e senadores vão cuidando dos próprios interesses, sem maior preocupação com o pensamento ou as demandas da sociedade. Antes de saírem em férias, triplicaram o valor do fundo público que financia eleições, no que bem pode ser um “bode na sala”, explica Paulo Celso Pereira, editor-executivo do jornal O Globo. Diante da péssima repercussão, tudo caminha para um “acordo” que reduziria os quase R$ 6 bi para algo como R$ 4 bi - patamar que mantém as campanhas brasileiras entre as mais caras do mundo. Na conversa com Renata Lo Prete, Paulo Celso fala também de outras movimentações na mesma linha, previstas para a volta do recesso, em agosto. Uma delas pretende reduzir drasticamente a obrigação de prestar contas, criando uma espécie de “salvo-conduto para os gastos do Fundo Partidário" e terceirizando sua análise para auditorias privadas. Para completar, há a proposta de adoção de um regime semipresidencialista, que limitaria os poderes do chefe do Executivo, aumentando ainda mais os do Congresso. Ao abraçá-la, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), “quer esvaziar a pressão em torno dos mais de cem pedidos de impeachment de Bolsonaro". Como lembra Paulo Celso, falta apenas combinar com o eleitor, que já rejeitou o parlamentarismo (do qual o semipresidencialismo é a forma envergonhada) duas vezes em plebiscitos.
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Jul 20, 2021 • 23min

Olimpíadas de Tóquio: a hora chegou

Elas já foram marcadas pela ascensão (e pela contestação) do nazismo. Pela Guerra Fria e pela emergência da China, entre outros movimentos históricos. Desta vez, a ideia era que refletissem diversidade e o esforço de reconstrução do Japão pós-desastre nuclear de Fukushima (2011). Mas o coronavírus atropelou tudo. Os Jogos que se iniciam agora, um ano depois da data original, são essencialmente sobre a pandemia. Com infecções pelo coronavírus em alta e vacinação incipiente, Tóquio nem de longe lembra as sedes anteriores. “Existe uma indiferença grande", relata o correspondente Carlos Gil. Para contenção do contágio, nem público local haverá nos eventos, cujo protocolo sanitário atingirá até as cerimônias de premiação. “Pela primeira vez, é o atleta que vai colocar a medalha no próprio peito", diz Gil. Mas o jornalista pondera: o esforço de se preparar em circunstâncias tão adversas faz dos participantes deste ano tão ou mais merecedores de aplauso do que seus antecessores. Gil ainda destaca quem serão as potenciais estrelas destas Olimpíadas e faz prognósticos sobre a participação brasileira.
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Jul 19, 2021 • 26min

Violência contra a mulher: um alerta

A cada minuto de 2020, o Brasil registrou uma denúncia de agressão dentro de casa. E, a cada dia, mais de 600 vítimas foram à delegacia denunciar - como fez recentemente a mulher do DJ Ivis, depois de divulgar um vídeo com imagens que chocaram o país. Uma realidade agravada por duas circunstâncias da pandemia: mais tempo de exposição ao agressor sob o mesmo teto e menos autonomia financeira. Neste episódio, a repórter da Globo Bruna Vieira compartilha as descobertas que fez ao acompanhar as histórias de algumas dessas mulheres: cerceamento muitas vezes travestido de “amor e cuidado”, desrespeito verbal que evolui para ataques físicos, medo das consequências de relatar à polícia. Mesmo depois da concessão de medida protetiva pela Justiça, uma das entrevistadas por Bruna teve que enfrentar um mês de terror até que o marido saísse de casa. Renata Lo Prete conversa também com a socióloga Samira Bueno, diretora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Ela destaca a importância de combater a vulnerabilidade socioeconômica das vítimas, como forma de romper o ciclo de violência.
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Jul 16, 2021 • 26min

Amazônia emite mais CO2 do que absorve

O fenômeno, em estágio avançado na região sudeste da floresta, foi detectado em estudo que ganhou destaque na revista científica “Nature”. Resultado de desmatamento e outras formas de degradação, ele compromete a capacidade do bioma para exercer uma de suas funções essenciais no planeta: funcionar como filtro do dióxido de carbono, principal vilão do efeito estufa. Neste episódio, dois convidados enxergam o Brasil “na contramão do mundo”. Um deles é Paulo Artaxo, professor da USP e integrante do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU. Segundo o físico, trata-se de “um tiro no pé” porque, nessa batida, até o agronegócio terá dificuldades para se sustentar, por escassez de chuvas. Ele discute qual seria o ponto de não-retorno da destruição da Amazônia, e recomenda “não testar esse precipício”. Também entrevistado por Renata Lo Prete, o jornalista Jorge Caldeira analisa o cerco internacional que se fecha. “Se o Brasil não se mexer depressa, será punido”, diz ele, comentando editorial do jornal britânico “Financial Times” que conclama investidores a reduzir suas posições no país. “Vai virar uma espécie de Irã, com embargos por questões ambientais”. Apesar desse diagnóstico, Caldeira enxerga avanços à margem da política oficial, especialmente na área de energia. “Somos o país que mais tem a ganhar com a economia de carbono neutro”, diz o autor do livro “Brasil: Paraíso Restaurável”.
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Jul 15, 2021 • 28min

Vacina: adiantar ou não a 2ª dose?

Com pouco mais de 15% dos brasileiros totalmente imunizados e a variante delta amedrontando o mundo, vários Estados se movimentam para reduzir o espaçamento entre as duas doses dos imunizantes da AstraZeneca e da Pfizer, até aqui aplicadas com 12 semanas de intervalo. A Fiocruz é contra, considerando a resposta imunológica “mais eficaz” no modelo atual. O biólogo e imunologista Gustavo Cabral vê mérito nos argumentos dos dois lados do debate, mas vota com o primeiro. "Precisamos construir anéis e barreiras de dispersão do vírus", diz em entrevista a Renata Lo Prete, o que só será possível, segundo ele, aumentando mais rapidamente o percentual das pessoas que concluíram o esquema vacinal. A epidemiologista Denise Garrett também participa do episódio, para avaliar outra discussão, que cresce em países com campanha de imunização mais avançada: trata-se de saber se vale a pena acrescentar uma terceira dose ao calendário. Ela não vê evidências científicas suficientes de ganho de proteção com tal medida. E considera que seria antiético direcionar esse reforço extra aos países ricos agora, quando ainda há tanta desigualdade vacinal no planeta.

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