

O Assunto
G1
Um grande assunto do momento discutido com profundidade. Natuza Nery vai conversar com especialistas, com personagens diretamente envolvidos na notícia, além de jornalistas e analistas da TV Globo, do g1, da Globonews e demais veículos do Grupo Globo para contextualizar, explicar e oferecer diferentes pontos de vista sobre os assuntos mais relevantes do Brasil e do mundo.
O podcast O Assunto, em comemoração aos 5 anos de existência, selecionou os 10 episódios essenciais para todo ouvinte na playlist 'This Is O Assunto'. Ouça agora no Spotify:
https://open.spotify.com/playlist/37i9dQZF1DXdFHK4Zrimdk
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Episodes
Mentioned books

Sep 22, 2021 • 23min
Crise da Evergrande e impacto no Brasil
A ameaça de calote da segunda maior incorporadora chinesa, cujo passivo chega a US$ 300 bilhões, levou pânico aos mercados na largada da semana. "O risco financeiro é dentro da China, não fora", sintetiza Rodrigo Zeidan, professor da Universidade de Nova York em Shangai, de onde fala com Renata Lo Prete. Zeidan descreve a importância do setor imobiliário num um país em que mais de 1 bilhão de pessoas migraram do campo para as cidades nos últimos 30 anos. "Imóveis são vistos como algo que traz riqueza para a família", explica, lembrando o peso do setor no PIB. Zeidan diz ainda que, ao contrário da crise com o banco norte-americano Lehman Brothers, em 2008, agora a expectativa é que a China socorra e “estanque a crise financeira", mais do que a empresa, mas pondera que é difícil saber o "tamanho certo" da intervenção. Participa também do episódio Lívio Ribeiro, pesquisador do Ibre-FGV. É ele quem detalha os possíveis efeitos para o Brasil, principalmente para empresas do setor de mineração. Lívio pontua como 85% das exportações brasileiras para a China são de minério de ferro, soja e petróleo. Por isso os impactos podem ser sentidos aqui, principalmente pela desvalorização da moeda brasileira e da queda do preço das commodities.

Sep 21, 2021 • 25min
Submarinos para a Austrália e o conflito do futuro
O anúncio de que os Estados Unidos fornecerão submarinos à Austrália, atropelando um acordo de mais de US$ 50 bilhões que a França havia firmado para o mesmo fim, provocou uma crise diplomática entre Washington e Paris - de onde fala, neste episódio, a jornalista Adriana Moysés, da Rádio França Internacional. Ela explica por que, para o país, tratava-se do “contrato do século”, tanto do ponto de vista econômico quanto de ambição estratégica. E interpreta o ocorrido como mais um sinal do esvaziamento da Otan - a aliança militar que uniu americanos e europeus desde o final da 2ª Guerra Mundial. Também entrevistado por Renata Lo Prete, o cientista político Mathias Alencastro usa justamente a expressão “Otan do Indo-Pacífico” para se referir à nova parceria entre EUA, Austrália e Reino Unido, que tem como pano de fundo a competição entre americanos e chineses. Para ele, o que se encena na região é o “conflito do futuro”, enquanto o recém-encerrado em Cabul seria o do passado. A União Europeia, diz Alencastro, já foi mais impactada por 6 meses de Joe Biden do que por 4 anos de Donald Trump, e será obrigada a se reinventar.

Sep 20, 2021 • 23min
IOF maior: novo improviso na economia
Sem ter de onde tirar recursos para turbinar o Bolsa Família, Jair Bolsonaro e Paulo Guedes engoliram as próprias palavras e adotaram uma solução por decreto: aumentar a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras. Isso deve bastar para o lançamento do programa rebatizado, principal aposta eleitoral do governo, “mas não há nada garantido para o ano que vem”, avisa Adriana Fernandes, repórter especial e colunista do jornal O Estado de S. Paulo. Para que o benefício vigore em 2022, “há uma conta de R$ 60 bilhões a ser fechada” no Orçamento. Conta que passa, explica Adriana, pela encrencada negociação, com Legislativo e Judiciário, para reduzir o saldo de quase R$ 90 bilhões de precatórios da União a pagar nesse período. Jornalista que acompanha há mais de duas décadas a agenda econômica em Brasília, Adriana analisa, na conversa com Renata Lo Prete, o potencial impacto negativo da elevação do IOF sobre a atividade já enfraquecida. Interpreta a medida como mais um sinal do “improviso” que tem pautado as decisões do governo, e aponta o vespeiro bilionário no qual ninguém quer de fato mexer: os chamados incentivos fiscais.

Sep 17, 2021 • 31min
CPI e as cobaias humanas da pandemia
Revelados pelo repórter da GloboNews Guilherme Balza, os indícios de acordo entre o governo Bolsonaro e a Prevent Senior para empurrar cloroquina a doentes de Covid estão na mira da Comissão Parlamentar de Inquérito. Depois de receber denúncia formal de médicos da operadora, os senadores vão ouvir seus dirigentes para tirar a limpo relatos de fraude em estudo sobre o medicamento e estímulo à circulação de pessoas em plena primeira onda da doença no Brasil. Neste episódio, além de conversar com Balza, Renata Lo Prete entrevista a jurista Deisy Ventura, professora titular de ética da Faculdade de Saúde Pública da USP. Coordenadora de um levantamento que tipificou ações e omissões do governo na pandemia, ela mostra como o caso Prevent Senior, assim como o desabastecimento de oxigênio em Manaus, pode acabar enquadrado na mais grave das categorias: crime contra a humanidade. “Houve banalização das mortes”. E muito mais do que incompetência: “O elemento da intencionalidade é fundamental para entender o que aconteceu”.

Sep 16, 2021 • 21min
Mix de vacinas: por que e como fazer
A estratégia de aplicar diferentes imunizantes contra a covid na mesma pessoa tem sido usada em países como EUA, Canadá, Alemanha, Israel e Coreia do Sul. Estudos preliminares indicam que, a depender da combinação, a resposta imune cresce. E até “dilui o risco de eventos adversos”, explica o professor Edecio Cunha-Neto, chefe do Laboratório de Imunologia Clínica e Alergia da Universidade de São Paulo. No Brasil, a prática passou a ser adotada por necessidade, em resposta a um apagão de Astrazeneca no início de setembro. Em estados como São Paulo, quem estava com a segunda dose pendente completará o esquema vacinal tomando Pfizer. A repórter da TV Globo Mariana Aldano conta como a população reagiu nos postos: de início teve dúvidas, mas logo entendeu a eficácia do arranjo e, principalmente, a importância de tomar as duas doses. Mariana mostra também como, mais uma vez, os governos federal e paulista se desentendem sobre como administrar a campanha de vacinação. E Edecio opina sobre outro ponto de discórdia: a ciência, ele afirma, dá razão aos que recomendam evitar a Coronavac como 3ª dose (o reforço) para os mais idosos, ao contrário do que prega a gestão Doria.

Sep 15, 2021 • 26min
Bolsa Família: fila e incertezas
Enquanto o governo busca espaço no Orçamento para chegar ao ano da eleição com uma versão turbinada do programa, na vida real cerca de 1,2 milhão de famílias aptas a receber o benefício seguem desassistidas. Um drama que se desenrola em meio ao aumento da pobreza no país, prestes a se agravar com o fim do auxílio emergencial da pandemia, explica Fernanda Trisotto, repórter do jornal O Globo. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa também com a socióloga Marta Arretche, professora titular da USP e pesquisadora do Centro de Estudos da Metrópole. Ela mostra como o Bolsa Família, embora visto como ativo eleitoral pelos políticos, é vulnerável a cortes e roda hoje em patamares muito inferiores aos do passado. “O programa é pouco protegido contra estratégias silenciosas de retração”, ao contrário do que acontece, por exemplo, com o Benefício de Prestação Continuada, inscrito na Constituição. “Seu tamanho depende da disposição do governo de plantão”. Marta não acredita que a solução seja “constitucionalizar” o Bolsa Família, mas defende clareza e respeito a critérios de elegibilidade e fontes mais estáveis de financiamento.

Sep 14, 2021 • 27min
Quanto dura o Bolsonaro “moderado”?
O golpismo escancarado do presidente da República no 7 de Setembro provocou palavras duras de autoridades importantes, mas, apenas dois dias depois, a temperatura baixou, e a perspectiva de alguma consequência concreta desapareceu, por obra de uma operação de socorro capitaneada por ninguém menos do que Michel Temer. “A turma do deixa-disso barrou o impeachment", resume o sociólogo Celso Rocha de Barros, colunista da Folha de S. Paulo. Ele reconhece que o impedimento de Jair Bolsonaro via Congresso nunca foi cenário provável, mas avalia que o crime de responsabilidade enunciado com todas as letras na avenida Paulista colocou as coisas em outro patamar. E, como o presidente continua “sem a menor intenção” de mudar, pretendendo de fato "melar a eleição" de 2022, a sustentabilidade do arranjo endossado por boa parte do establishment político ainda está por ser demonstrada. Na conversa com Renata Lo Prete, Celso também analisa os protestos do fim de semana passado, capitaneados por ex-apoiadores de Bolsonaro como MBL e Vem pra Rua, e as dificuldades de construção de uma Frente Ampla. E lembra que, enquanto o país segue em suspense na trama do golpe, “não está nem por um segundo” se debruçando sobre seus graves problemas reais.

Sep 13, 2021 • 20min
Estagflação: perigo real e imediato
A escalada dos preços foi sentida primeiro e não parou mais: a taxa acumulada em 12 meses vai se aproximando dos dois dígitos. Recentemente, somaram-se a isso sinais de que a retomada da atividade patina: o PIB ficou negativo no segundo trimestre. “Não chega a ser recessão, mas praticamente não tem crescimento; e, apesar disso, a inflação está muito elevada”. Assim a economista Silvia Matos, do Ibre-FGV, define o quadro de estagflação que, em seu entender, já se configura no Brasil. Como em outros países, parte do problema se deve à pandemia, mas ela aponta pelo menos dois diferenciais: desvalorização da moeda local muito além da média e acentuada instabilidade política. “O governo contribui para a depreciação cambial”, diz. Embora reconheça o efeito perverso sobre a atividade, Silvia não vê alternativa ao aumento dos juros promovido pelo Banco Central, que tenta ser “bombeiro” enquanto o Planalto “joga gasolina” na inflação. Para abrir espaço no Orçamento aos programas sociais, ainda mais urgentes diante da corrosão da renda das famílias, ela defende o enfrentamento de algumas perguntas inconvenientes. “Precisamos de R$ 35 bilhões para emendas parlamentares?” ou de tantos “benefícios fiscais ineficientes?”.

Sep 10, 2021 • 31min
A ameaça do bolsonarismo de caminhão
Por dois meses, o presidente da República insuflou a mobilização de caminhoneiros para o 7 de Setembro. No dia seguinte, o país viu rodovias bloqueadas e, com elas, o fantasma da grande paralisação da categoria em 2018. E daí Jair Bolsonaro teve que “desarmar a bomba que ele próprio armou”, diz Valdo Cruz. O colunista do G1 e comentarista da GloboNews se refere à mensagem de áudio que o presidente enviou, para espanto desses apoiadores, pedindo que liberassem as estradas. Para desativar outra bomba - a da ofensiva contra o Supremo - foi chamado ninguém menos do que o ex-presidente Michel Temer, completando o dia de ressaca do golpismo. Neste episódio, Valdo narra e analisa o bastidor desses eventos, enquanto o economista Claudio Frischtak explica por que a perspectiva de caminhões parados assusta, em especial diante da atividade já fraca e da inflação em alta. Ele observa que desta vez o movimento - estimulado por empresários bolsonaristas - tem demandas "predominantemente políticas". E que, se não for controlado, "todos nós perderemos".

Sep 9, 2021 • 29min
Um repórter pelo mundo pós-11 de Setembro
Os atentados fundadores do século 21 produziram alguns de seus efeitos mais duradouros bem longe dos Estados Unidos, onde aconteceram. Para discuti-los, Renata Lo Prete recebe neste episódio o jornalista da TV Globo Marcos Uchôa, que ao longo dessas duas décadas visitou 22 países do mundo islâmico. O primeiro foi aquele em que a chamada guerra ao terror começou e do qual os americanos só agora se retiraram. Ele conta que nunca, em sua trajetória profissional, sentiu tanto medo quanto no Afeganistão. E que, ao mesmo tempo, se lembra de saraus vespertinos "para conversar sobre poemas de 800 anos com idosos, mulheres e crianças". A alternância de análise política e memórias do cotidiano das pessoas que encontrou dá o tom do depoimento de Uchôa sobre suas passagens por lugares como Iraque, Tunísia e Síria. Prestes a lançar uma série no GloboPlay com esse rico material, ele conclui que, duas décadas depois, a questão do terrorismo está longe de ser resolvida. “A vitória do Talibã traz a mensagem de que a violência funciona”, diz.


