

O Assunto
G1
Um grande assunto do momento discutido com profundidade. Natuza Nery vai conversar com especialistas, com personagens diretamente envolvidos na notícia, além de jornalistas e analistas da TV Globo, do g1, da Globonews e demais veículos do Grupo Globo para contextualizar, explicar e oferecer diferentes pontos de vista sobre os assuntos mais relevantes do Brasil e do mundo.
O podcast O Assunto, em comemoração aos 5 anos de existência, selecionou os 10 episódios essenciais para todo ouvinte na playlist 'This Is O Assunto'. Ouça agora no Spotify:
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Episodes
Mentioned books

Nov 19, 2021 • 25min
Os “sem-nada” são quase 30 milhões
Em um contexto no qual a inflação se aproxima dos dois dígitos e o desemprego nas faixas de menor renda atinge um terço da população, o mês de novembro marca o fim da última fase do auxílio emergencial e a substituição completa do Bolsa Família, criado há 18 anos, pelo Auxílio Brasil. Uma operação que vai empurrar para a pobreza mais brasileiros - a maior parte mulheres, negras, jovens, com filhos, sem trabalho formal e moradoras de periferias e favelas, como descreve Lucia Xavier, assistente social há mais de 30 anos e coordenadora da ONG Criola, que atua no Rio de Janeiro. Ela relata que vê pessoas sem condições de comprar até medicamentos e comida, sobretudo proteínas animais. “As pontas das carnes eram compradas em açougues ou mercados, mas, agora, o recurso não alcança”, conta. O economista Marcelo Neri, diretor da FGV-Social, dimensiona e analisa: a renda dos mais pobres caiu 21,5% desde o início da crise sanitária. “É um Brasil bem pior do que antes da pandemia”. E com sinais econômicos apontando para mais deterioração. Neri explica que, ao olhar para trás, observam-se duas grandes crises - a recessão brasileira de 2016 e a mais recente, agravada pela pandemia. Mas, ao mirar à frente, a paisagem aponta estagflação. E um governo incapaz de focalizar sua política social. Diante de um “apagão de informações” que atrapalha a aplicação das políticas públicas, a vulnerabilidade é a nova regra. “Os mercados gostam de estabilidade, mas são os beneficiários desses programas que precisam muito mais dela”.

Nov 18, 2021 • 23min
Argentina em seu labirinto pós-eleitoral
O presidente Alberto Fernandez terá que atravessar os dois anos remanescentes de mandato sem maioria no Senado e com vantagem estreita na Câmara. E, nessas condições, enfrentar uma inflação que neste ano já supera 40%, mesmo percentual da população que vive na pobreza. Em conversa com Renata Lo Prete sobre desdobramentos das eleições legislativas de domingo passado, o jornalista Ariel Palacios resgata o histórico de uma crise econômica que vem de longe, foi agravada pela pandemia e agora cobra a conta do condomínio peronista instalado no poder central. “Condomínio que mais parece um hospício”, diz o correspondente da Globo em Buenos Aires. Ele se refere, principalmente, à disputa permanente entre os apoiadores de Fernandez e de sua vice, a ex-presidente Cristina Kirchner - também derrotada nas urnas. Ariel analisa ainda mudanças dentro da coalizão oposicionista, com perda de poder do ex-presidente Mauricio Macri. E recomenda prestar atenção à chegada da extrema-direita ao Congresso, com a eleição do economista “antissistema” Javier Milei.

Nov 17, 2021 • 23min
Lockdown: agora para não-vacinados
Diante da quarta onda de infecções por Covid-19, a Áustria resolveu resgatar uma medida dos primeiros tempos da pandemia. Pelos próximos dias, vai impor restrições drásticas à circulação de pessoas, mas, desta vez, apenas aquelas que não se imunizaram. Direto de Viena, a jornalista Amanda Previdelli conta que, para entender o presente, é preciso lembrar do que aconteceu desde o verão passado: o distanciamento foi derrubado, e uma hora a vacinação “empacou”. Em parte porque, segundo ela, “o governo falhou em conversar com as pessoas”. Já efeito do isolamento recém-anunciado foi imediato: “filas para fazer teste de PCR e tomar vacina”. Participa também do episódio Bianca Rothier, correspondente da Globo na Suíça. Ela dá um panorama de medidas adotadas por países como Alemanha, Holanda e Dinamarca - num momento em que a Europa voltou a ser o epicentro da pandemia. E mostra que a situação é pior onde a vacinação menos avançou - casos de Rússia, Romênia e Bulgária, por exemplo.

Nov 16, 2021 • 30min
Inflação: a do Brasil e a do mundo
A aceleração de preços é global. Mas aqui ela não apenas alcança taxas mais elevadas como tem motores específicos. Com a ajuda de dois estudiosos do tema, este episódio procura explicar tanto o fenômeno geral quanto as peculiaridades do caso brasileiro. Para a primeira tarefa, o convidado é Otaviano Canuto, ex-diretor-executivo do FMI e do Banco Mundial. De Washington, onde dirige o Centro para Macroeconomia e Desenvolvimento, ele analisa o momento histórico “extraordinário”, no qual o aquecimento da demanda (especialmente nos países ricos) não encontra correspondência na oferta (ainda impactada pelo efeito disruptivo da pandemia nas cadeias produtivas). Canuto descreve as faces da crise de energia em diferentes regiões e a escassez de mão-de-obra nos Estados Unidos - onde a inflação anualizada é a maior em três décadas. Na comparação com ciclos passados, ele vê vantagem no fato de hoje não haver a “dinâmica perversa da corrida entre salários e preços”, nem economias tão fechadas, o que oferece “possibilidade maior de substituição de produtos”. A questão principal, diz, é “quando os agentes privados acham que a situação vai se estabilizar”. E conclui: não antes do meio de 2022. Renata Lo Prete conversa também com André Braz, pesquisador do Ibre-FGV, que aponta o espalhamento como um dos traços distintivos da inflação brasileira. Puxada sobretudo por energia elétrica e combustíveis (estes sob efeito permanente de uma desvalorização cambial acima da média), ela hoje está disseminada por todos os preços da economia, e em outubro atingiu o maior patamar, para esse mês, desde 2002. Braz chama a atenção para outro elemento complicador: “como nossa inflação não é de demanda, e sim de custos, aumentar a Selic ajuda pouco a resolver”. Ele se refere à elevação da taxa básica de juros que o Banco Central vem promovendo. Melhor remédio, avalia o economista, seria o fiscal. Mas ele mesmo acha improvável que, com uma campanha eleitoral pela frente, governo e Congresso tomem medidas relevantes de corte de gastos.

Nov 12, 2021 • 26min
Avanços e frustrações: saldo da COP-26
A mais aguardada cúpula climática desde o Acordo de Paris (2015) vai chegando ao fim com resenha mista, feita neste episódio por Daniela Chiaretti, repórter especial do Valor Econômico. Com a experiência de quem cobriu esta e as 12 conferências anteriores, ela destaca, entre os ganhos, o entendimento para cortar drasticamente as emissões de metano - ainda mais poluente que o gás carbônico. Aponta como revés o fato de EUA, China e Índia terem pulado fora de compromisso para reduzir a produção de carvão. E reconhece que, no cômputo geral, os resultados do evento devem ficar aquém da “palavra mágica” que o precedeu: “ambição”. Até porque o financiamento das medidas para conter o aquecimento do planeta “é sempre um problema”, lembra Daniela. Também participando do episódio direto de Glasgow, na Escócia, a administradora pública Natalie Unterstell, especialista em mudanças climáticas, analisa o papel desempenhado pelo Brasil, que chegou à COP-26 “como pária”. Isso obrigou a diplomacia do país a adotar posição “muito humilde” em várias discussões. Para além de gafes cometidas pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, o que fica de mais surpreendente, segundo ela, são concessões feitas num ponto central: os mercados de carbono.

Nov 11, 2021 • 22min
Vacina para crianças: a hora do Brasil
No mundo todo, a prioridade dada a grupos mais expostos às formas graves de Covid-19 empurrou a imunização dos pequenos para o final da fila. Desde setembro, porém, ela é realidade em muitos países, e por aqui a Anvisa analisa pedidos nesse sentido. Nada mais oportuno, na avaliação de Marco Aurélio Sáfadi, presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria. Num momento em que outras faixas etárias já estão mais protegidas, é natural que a participação das crianças no universo de doentes aumente, e com ela a conveniência de vaciná-las. Além disso, diz Sáfadi, a “desproporcionalidade” com que a doença colhe vítimas entre os mais idosos “faz com que a gente se distraia” de uma estatística cruel: o Brasil tem uma das mais altas taxas de mortalidade por Covid entre crianças e adolescentes. Na contramão do Ministério da Saúde, que até aqui manifesta desinteresse em incluí-los no plano nacional, o infectologista defende a medida e prevê que “não vai parar por aí”: logo mais, segundo ele, estaremos discutindo a vacinação de bebês.

Nov 10, 2021 • 27min
Enem: retrocessos em série
Já são quase 3 anos (com uma pandemia no meio) de ideias fora de lugar no Inep, responsável pelo Exame Nacional do Ensino Médio. Todas no sentido de enfraquecer uma ferramenta essencial de avaliação do aprendizado, que desde 2008 funciona também como maior vestibular do país. Agora, a menos de 2 semanas do Enem de 2021, mais de três dezenas de servidores do instituto entregaram seus cargos, muitos de coordenação do exame. Denunciam um quadro que inclui de assédio moral a fragilidade técnica do comando. “E eles têm provas”, afirma com conhecimento de causa a pedagoga Maria Inês Fini, uma das idealizadoras do Enem, que esteve à frente do Inep entre 2016 e 2018. Para ela, o desmonte do órgão, que no governo Bolsonaro já teve quatro presidentes, não é acidental, e sim um “processo programado de exclusão” - a prova deste ano tem o menor número de inscritos desde 2005. Na entrevista a Renata Lo Prete, ela resgata a história do exame e sua importância para a democratização do acesso ao ensino superior. Participa também do episódio a jornalista da Globo Ana Carolina Moreno, para lembrar que o desmantelamento em curso tem consequências mais amplas do que se imagina: hoje o Inep não divulgou os dados relativos à prova passada, instrumento estratégico para conhecer o perfil dos alunos e definir políticas públicas.

Nov 9, 2021 • 31min
Curto-circuito no Orçamento secreto
Ao mandar suspender o pagamento das “emendas de relator” e determinar a publicidade das informações acerca dos beneficiários desses recursos, a ministra Rosa Weber deu um nó no sistema que sustenta o governo Bolsonaro no Congresso. Nesta “superterça”, como define a jornalista Vera Magalhães, o plenário virtual do Supremo estará recebendo os votos dos colegas de Rosa para confirmar ou rejeitar a decisão liminar. Enquanto isso, em outro ponto da Praça dos Três Poderes, o presidente da Câmara pretende votar em segundo turno a PEC dos Precatórios - mesmo diante de questionamentos da própria ministra, relatora também de ações que apontam desrespeito ao regimento na primeira e apertada aprovação do texto. Colunista do jornal O Globo, comentarista da rádio CBN e apresentadora do programa Roda Viva, da TV Cultura, Vera relata o bastidor do tribunal quanto a essa questão. Na conversa com Renata Lo Prete, ela aposta numa “saída conciliatória”, que preserve prerrogativas do Legislativo e, ao mesmo tempo, restaure alguma transparência no manejo do dinheiro público. O diagnóstico é compartilhado por Valdo Cruz, colunista do g1 e comentarista da GloboNews, que participa deste episódio para analisar os humores do Congresso e do Palácio do Planalto. Ele fala da urgência, para Bolsonaro e Lira, em aprovar a PEC que viabilizará a vitrine eleitoral de um (Auxílio Brasil) e o instrumento de poder do outro (mais recursos para emendas parlamentares), às custas de um drible no teto de gastos. E relembra votações anteriores igualmente regadas com o pagamento de “emendas de relator”. Também para deputados e senadores, “o que está pesando é o ano que vem”, quando muitos enfrentarão recondução difícil a seus mandatos.

Nov 8, 2021 • 28min
Moro e Dallagnol: Lava Jato vai às urnas
Em 2018, com Lula preso, quase duas centenas de outros personagens condenados e mais de R$ 12 bilhões recuperados para os cofres públicos, a operação viveu o apogeu de sua influência. Ajudou a eleger o presidente da República e outros nomes que se apresentaram como desafiadores da corrupção e do “sistema”. Agora, às vésperas de um novo ciclo eleitoral, os dois principais símbolos da República de Curitiba preparam sua entrada na pista. Sergio Moro, ex-juiz e ex-ministro de Jair Bolsonaro, está com filiação marcada ao Podemos. Foi “um dos poucos partidos que se dispuseram a abrigá-lo”, conta Andréia Sadi, repórter da Globo, colunista do G1 e apresentadora da Globonews. Moro mira o Planalto, buscando espaço no miolo em que se acotovelam vários “candidatos a candidato” da chamada “terceira via” -pelotão hoje distante de Lula e Bolsonaro, primeiro e segundo colocados nas pesquisas, respectivamente. Já Deltan, que acaba de anunciar seu desligamento do Ministério Público Federal, almeja cadeira na Câmara dos Deputados. O mandato lhe daria algo que sempre criticou: imunidade parlamentar, útil diante das denúncias que enfrenta pela atuação na Lava Jato. Na conversa com Renata Lo Prete, Andréia reconstrói as movimentações de ambos e avalia cenários para cada um. Ainda neste episódio, o consultor Mauricio Moura, fundador do instituto Ideia, aponta o grau de conhecimento que o eleitorado tem de Moro como principal ativo dele na comparação com outros postulantes da “terceira via”. Por outro lado, Mauricio mostra com números como a aprovação ao ex-juiz caiu desde seu desembarque do governo. E projeta que, em 2022, a conversa se dará principalmente sobre temas como emprego, inflação e pobreza. “É a eleição na qual a pauta econômica terá mais peso desde 1994”.

Nov 5, 2021 • 25min
PEC dos precatórios: como ler a votação
Perto do limite do tempo regulamentar, o governo conseguiu colocar de pé seu “plano A” para 2022: um programa social que entre no lugar do já extinto Bolsa Família. Para que ele saia do papel, venceu a tese do calote constitucionalizado em dívidas da União e do abandono do teto de gastos. A PEC dos Precatórios é a torneira da qual sairão recursos para o Auxílio Brasil e também para encher ainda mais o tanque das emendas parlamentares no ano da eleição. “Todo governo faz barganha, mas este se reduziu a isso”, resume Maria Cristina Fernandes, colunista do jornal Valor Econômico e comentarista da rádio CBN. Na votação da PEC em primeiro turno na Câmara, a operação funcionou, mas por pouco: a proposta passou com apenas 4 votos acima do mínimo necessário. E para isso contou com todo o empenho do presidente da Casa, que permitiu até votação remota de deputados que estão fora do Brasil. A “chicana de Arthur Lira”, explica Maria Cristina, está relacionada à compreensão de que a “lógica das emendas de relator vai morrer” - e que portanto o Centrão precisa se mobilizar para garantir seu naco no Orçamento do ano que vem. Na conversa com Renata Lo Prete, ela analisa ainda o racha em partidos como o PDT (que levou Ciro Gomes a “suspender” sua pré-candidatura ao Planalto) e PSDB (reflexo do “drama tucano” de ver se esvaírem suas condições de liderar uma eventual “terceira via” na disputa presidencial).


