Ilustríssima Conversa

Folha de S.Paulo
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Dec 3, 2022 • 45min

Denise Ferreira da Silva: Não há modernidade sem violência racial

Por que as mortes de pessoas pretas, autorizadas ou cometidas pelo Estado, não causam uma crise ética? Denise Ferreira da Silva conta que essa é a pergunta fundamental que tentou elaborar em sua pesquisa de doutorado, que deu origem a "Homo Modernus: para uma Ideia Global de Raça", editado recentemente no Brasil. Professora da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, a autora escava no livro o pensamento filosófico pós-iluminista que talhou uma concepção de sujeito moderno —branco, europeu, considerado portador de uma razão universal— e, ao lado da ciência do século 19, produziu uma representação dos "outros raciais" —asiáticos, negros e indígenas—, vistos como dotados de mentes inferiores e presas à natureza. Neste episódio, ela diz que a violência racial nunca foi um desvio da modernidade, mas sua pedra angular, e, por isso, o capitalismo, as instituições do Estado e o pensamento social têm uma raiz colonial. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
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Nov 26, 2022 • 51min

[Conteúdo patrocinado] Cibersegurança: Chegamos a 2054?

Episódio discute de que forma inteligência artificial, biometria comportamental, análise de dados e machine learning podem atuar na prevenção de ameaças e proteger empresas e consumidoresSee omnystudio.com/listener for privacy information.
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Nov 19, 2022 • 54min

Letícia Cesarino: Extrema direita não pode jogar sozinha nas redes

A antropóloga Letícia Cesarino defende que, para analisar o mundo digital, é preciso se afastar tanto de uma visão neutra quanto de uma visão determinista da tecnologia. Em "O Mundo do Avesso", ela analisa os vieses políticos que a infraestrutura técnica das plataformas carrega, favorecendo a extrema direita e o conspiracionismo. A autora sustenta, a partir da literatura da cibernética, que a ação conjunta de humanos e máquinas faz desmoronar o paradigma liberal em que todas as pessoas são consideradas membros com direitos iguais de uma comunidade. No lugar do princípio da universalidade, ganha força um modelo bifurcado, em que os extremos têm proeminência no debate público e o reconhecimento do outro só é possível no interior de um grupo coeso—enquanto as pessoas de fora, vistas como inimigas, causam indignação e repulsa. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
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Nov 5, 2022 • 49min

Roberto Moura: Como candomblé e samba forjaram a cultura popular carioca

"Tia Ciata e a Pequena África no Rio de Janeiro", publicado no início dos anos 1980, se tornou um dos livros pioneiros a olhar para as raízes africanas da cultura popular carioca. A obra, relançada pela Todavia, reconstitui as condições de vida de africanos escravizados e negros libertos na antiga capital, de meados do século 19 às primeiras décadas do século 20, especialmente da comunidade baiana da cidade. Tratava-se de uma vida subalterna, que ia da brutalização à extrema vitalidade, escreve o cineasta Roberto Moura, e ganhava coesão com a capoeira, o candomblé e o samba, expressões culturais que se tornaram bases da ideia de brasilidade. Neste episódio, o autor discute a paisagem cultural da Pequena África e apresenta a trajetória de Ciata (1854-1924), filha de Oxum, rainha do Carnaval e do samba e dona de uma casa que abrigava as festas mais importantes da comunidade e se transformou no celeiro de uma geração pródiga de músicos, como Pixinguinha, Donga e João da Baiana. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
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Oct 29, 2022 • 45min

O futuro da desigualdade no Brasil, com Pedro Ferreira de Souza

O futuro da desigualdade no Brasil é o tema do quarto episódio da série especial do Ilustríssima Conversa que discute o que vem pela frente em questões importantes da conjuntura atual. O convidado deste episódio, Pedro Ferreira de Souza, é doutor em sociologia pela UnB (Universidade de Brasília) e autor de "Uma História da Desigualdade: a Concentração de Renda entre os Ricos no Brasil (1926-2013)", vencedor de dois prêmios Jabuti em 2019. Na conversa, o pesquisador diz que houve aumento da desigualdade de renda durante as ditaduras que o país viveu, mas que os períodos democráticos não tiveram eficácia semelhante na direção contrária, falhando em enfrentar a concentração de renda no topo da pirâmide. O convidado também apontou medidas que podem contribuir para o Brasil ser menos desigual e discutiu os entraves políticos que dificultam o combate dos privilégios do 1% ou do 5% mais rico do país. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli Para se aprofundar Plano de Biden de aumentar impostos dos mais ricos teria poucas chances no Brasil, de Marta Arretche, Rodrigo Mahlmeister e Eduardo Lazzari Por que investir em educação não é suficiente para reduzir desigualdade, de Marcelo Medeiros See omnystudio.com/listener for privacy information.
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Oct 22, 2022 • 46min

Celso R. de Barros: Se Lula vencer, PT terá que encabeçar acordo que rejeitou

Se Lula derrotar Bolsonaro, o PT terá que cumprir um papel completamente novo em sua história, sustenta o sociólogo Celso Rocha de Barros. Em seus primeiros anos, o partido fez uma aposta arriscada: se recusou a participar da "democratização pelo alto", a concertação política liderada pelo PMDB logo depois do fim da ditadura, e preferiu investir na "democratização por baixo", reunindo dissidentes do regime militar, movimentos sociais, setores do catolicismo progressista e sindicatos. Hoje, diante do esfacelamento da democracia brasileira, o PT terá que agir de uma maneira semelhante ao PMDB dos anos 1980, afirma. Barros, doutor pela Universidade de Oxford, servidor federal e colunista da Folha, examina, o percurso do partido em "PT, uma História". Para o sociólogo, o enraizamento na sociedade civil permitiu ao partido resistir a todos os reveses que o sistema político brasileiro enfrentou nos últimos anos e, mesmo com a Operação Lava Jato, o impeachment de Dilma Rousseff e a prisão de Lula, se manter eleitoralmente competitivo. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
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Oct 8, 2022 • 46min

Christian Lynch: Para Bolsonaro, perder para Lula é deixar de ser escolhido de Deus

O populismo radical não é um médico que quer curar a doença que a democracia enfrenta, é um parasita que explora a fraqueza da doente pra se multiplicar, escreve Christian Lynch, coautor de "O Populismo Reacionário". O livro disseca o populismo radical de direita, de Trump e Bolsonaro, e aponta que eles promovem uma cruzada contra todos que sejam vistos como inimigos do "povo verdadeiro" por não se submeter ao messias  Professor de pensamento político brasileiro na Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), Lynch discute neste episódio o imaginário e os métodos de ação do presidente e analisa a conjuntura eleitoral do país.  O pesquisador afirma que Lula permanece o favorito da disputa e que, embora pareça certo que Bolsonaro vá contestar os resultados das eleições, ele e seus apoiadores têm menos força para instaurar o caos que se costuma imaginar. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
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Oct 1, 2022 • 42min

O futuro da Amazônia, com Ane Alencar

O futuro da Amazônia é o tema do terceiro episódio da série especial do Ilustríssima Conversa que discute o que vem pela frente em questões importantes da conjuntura atual. A convidada deste episódio, Ane Alencar, é geografa pela UFPA (Universidade Federal do Pará), doutora em recursos florestais e conservação pela Universidade da Flórida e diretora de Ciência do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia). Na conversa, a pesquisadora ressalta que o desmatamento, hoje impulsionado pelo crime organizado, vem se aproximando cada vez mais do coração da Amazônia e diz que a possibilidade de Jair Bolsonaro (PL) perder as eleições e um novo governo voltar a coibir a destruição da floresta pode estar levando os criminosos a partirem para o tudo ou nada. Para Alencar, é preciso que um eventual novo presidente promova um choque de governança logo de imediato, retirando invasores de terras públicas e dando um sinal de que a grilagem não será mais tolerada. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli Para se aprofundar Eduardo Sombini indica "Tempo Quente", podcast da Rádio Novelo comandado pela jornalista Giovana Girardi sobre o que o Brasil tem feito em tempos de emergência climática "A Terra É Redonda (Mesmo)", podcast da revista piauí apresentado por Bernardo Esteves e, nesta segunda temporada, por Natalie Unterstell, que trata de temas relacionados à política ambiental e à crise climática que o Brasil vai ter que enfrentar O futuro da política ambiental do Brasil, com Suely Araújo, segundo episódio da série especial do Ilustríssima Conversa sobre o futuro que discute as 'boiadas' de Bolsonaro e as principais medidas para uma nova agenda climática para o país. See omnystudio.com/listener for privacy information.
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Sep 24, 2022 • 50min

Juliana Dal Piva: Pessoas merecem saber como Bolsonaro montou esquema em família

Os indícios da prática de "rachadinha" nos gabinetes dos filhos de Jair Bolsonaro são só a ponta de um esquema de corrupção muito maior, indica a colunista do UOL Juliana Dal Piva no livro "O Negócio do Jair". A jornalista vem investigando desde 2018 as denúncias que envolvem a nomeação de funcionários-fantasma, a devolução de parte de salários e o uso de recursos públicos para a compra de imóveis em dinheiro vivo. Neste episódio, ela explica o que se sabe sobre esse caso e defende que a população brasileira tem o direito de conhecer como Bolsonaro construiu sua vida política e a dos seus filhos com práticas muito distantes da moralidade propalada em seus discursos. Dal Piva também falou sobre os entraves ao avanço das investigações e sobre a influência do cenário eleitoral em medidas como a apresentação de uma nova denúncia contra o senador Flávio Bolsonaro. Para a jornalista, ações desse tipo devem ganhar impulso se Bolsonaro perder as eleições presidenciais. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
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Sep 10, 2022 • 37min

Estado criminoso sustenta democracia de fachada no Brasil, diz autora

Neste bicentenário da Independência, Viviane Gouvêa, pesquisadora do Arquivo Nacional, olha para a história do país a partir da violência do Estado brasileiro contra os grupos marginalizados. Em "Extermínio: Duzentos anos de um Estado Genocida", Gouvêa argumenta que indígenas, negros escravizados e libertos, operários, sem-terra e moradores de favelas e periferias foram vistos como inimigos internos pelas elites e pelas forças de segurança. Tratados como ameaças à manutenção de uma ordem social desigual, não como cidadãos com direitos, esses grupos foram sistematicamente reprimidos com brutalidade, mesmo ao arrepio das leis, diz a autora neste episódio. A política de extermínio de parcelas específicas da população brasileira, afirma, escancara os limites da nossa democracia —uma democracia de fachada que vale até o momento em que os despossuídos passam a reivindicar o seu espaço. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.

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