

Ilustríssima Conversa
Folha de S.Paulo
A equipe de jornalistas da Ilustríssima, da Folha, entrevista autores de livros de não ficção ou de pesquisas acadêmicas.
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Apr 15, 2023 • 42min
Bela Gil: Trabalho doméstico sem salário não é amor, é escravidão
No clássico "Geografia da Fome", de 1946, Josué de Castro virou pelo avesso o debate sobre o flagelo que assolava milhões de brasileiros. A fome, ele dizia, não pode ser reduzida à falta de alimentos, causada por secas ou outros fenômenos naturais: ela precisa ser vista como uma questão política. Quase 80 anos depois, o Brasil enfrenta mais uma vez taxas alarmantes de insegurança alimentar, mas hoje, lembra Bela Gil, a fome não é o único nó quando se pensa em comida. O consumo de ultraprocessados vem impulsionando um novo tipo de desnutrição, em um cenário que, para a chef de cozinha, lembra um genocídio silencioso, que afeta pessoas pobres e racializadas com mais força. No recém-lançado "Quem Vai Fazer essa Comida", Bela Gil lança um olhar amplo sobre os hábitos alimentares difundidos pelo agronegócio e pela indústria alimentícia. O livro se distancia da responsabilização individual e reflete sobre as questões econômicas e sociais que fazem com que a alimentação saudável seja um privilégio para poucos. Neste episódio, a autora defende que é preciso revolucionar a produção e o consumo de alimentos e finalmente remunerar o trabalho doméstico, feito principalmente por mulheres, tão essencial para a existência de outras ocupações fora de casa. Leia a transcrição do episódio em folha.com/32w05ef4 Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Laila Mouallem See omnystudio.com/listener for privacy information.

Apr 8, 2023 • 24sec
Aviso: Novo episódio vai ao ar em 15 de abril
Em razão do feriado de Páscoa, o novo episódio do Ilustríssima Conversa vai ao ar em 15 de abril.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Mar 25, 2023 • 42min
Javier Montes: Luz del Fuego, queer e protofeminista, é bússola para superar intolerância
Durante cinco anos, no final dos anos 1940 e começo dos anos 1950, Luz del Fuego causou alvoroço na entrada do Baile de Gala do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. A regra do Carnaval é subverter as regras, mas tudo tem limite. Durante cinco anos, a dançarina desceu do seu conversível, subiu a escadaria do teatro —algumas vezes carregando uma das suas jiboias, algumas vezes besuntada em óleo, mas sempre completamente nua— e foi barrada pelos porteiros. Em 1952, para a surpresa de todos, Del Fuego chegou fantasiada de noiva e pôde entrar no baile. O traje de mulher que se rendeu aos bons costumes não era mais que uma fantasia. Dentro do teatro, ela sacou duas pistolas e começou a atirar para o teto, causando um verdadeiro pandemônio entre os convidados. O escritor espanhol Javier Montes, autor de um livro recém-lançado sobre Luz del Fuego, escolheu essa cena para apresentar aos leitores a dançarina, naturista, guerrilheira urbana ou performer. São muitas as possibilidades para se referir a ela —em comum, todas parecem estar à frente do tempo em que Luz del Fuego viveu. A falta de palavras para defini-la, diz Montes, correspondeu a uma dificuldade em enxergá-la, o que explica o seu apagamento em vida e depois de seu assassinato, em 1967. Neste episódio, Montes fala sobre o pioneirismo de Luz del Fuego em várias frentes: ela fundou o primeiro clube naturista da América Latina, em uma ilhota na baía de Guanabara, e tentou criar um partido com o lema "menos roupa e mais pão!". Foi também uma protofeminista e uma protoqueer, afirma o autor, e incorporou com naturalidade, em sua vida, questões de gênero e sexualidade dissidentes que ainda hoje despertam ódio e preconceito. Veja fotos de Luz del Fuego e da ilha do Sol em folha.com/z4qenm1t Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.

Mar 11, 2023 • 56min
Paulo Arantes: Mesmo sem projeto, Lula terá sucesso se frear extrema direita
Paulo Arantes, professor sênior de filosofia da USP, se notabilizou por suas análises críticas das contradições do capitalismo brasileiro e da arquitetura política concebida pelo lulismo. Agora, no terceiro mês do terceiro mandato de Lula, ele diz que nunca foi tão a favor de um governo. Em sua avaliação, o presidente tem pouca margem para fazer algo diferente das políticas dos governos anteriores do PT, sintetizadas por ele na ideia de redução de danos. Neste episódio, ele diz não ter certeza que Lula vai conseguir chegar ao fim do ano no Planalto ou cumprir todo o mandato e que seu governo já terá tido sucesso se for capaz de adiar um eventual retorno da extrema direita ao poder. Arantes acaba de lançar em livro um ensaio publicado no início dos anos 2000, "A Fratura Brasileira do Mundo", que trata do debate sobre a brasilianização dos países desenvolvidos. Leia a transcrição do episódio em folha.com/51tds08o Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.

Feb 25, 2023 • 43min
Especial de 5 anos: Eliane Brum e Maria Rita Kehl
O Ilustríssima Conversa, o primeiro podcast da Folha, acaba de completar cinco anos. Desde a estreia, em fevereiro de 2018, 123 episódios foram publicados. Se você nos acompanha, sabe que o universo do podcast é amplo: já passaram pelo programa autoras e autores para falar sobre as contradições do sistema político brasileiro, o desmatamento da Amazônia e a crise climática, estudos de gênero e sexualidade, a política de drogas e o racismo, entre muitos outros temas. Para comemorar os primeiros cinco anos no ar, este episódio especial recebe duas escritoras que já participaram do podcast: a psicanalista Maria Rita Kehl, entrevistada em janeiro de 2019, e a jornalista Eliane Brum, convidada em novembro de 2021. Brum e Kehl falam sobre as transformações do Brasil nos últimos anos e discutem os primeiros movimentos do governo Lula (PT). As convidadas também defendem a responsabilização de Jair Bolsonaro (PL) pela tragédia humanitária do povo yanomami e refletem sobre os caminhos possíveis para transformar a alienação e o negacionismo em ação política concreta. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.

Feb 11, 2023 • 52min
João Moreira Salles: Boi toma lugar da floresta na cultura da Amazônia
"Quando eu cheguei, aqui não tinha nada." João Moreira Salles conta que os colonos que encontrou no Pará repetiam essa frase com frequência, o que mostra, para ele, como a ocupação da Amazônia por forasteiros aconteceu contra a floresta. Esse nada precisava ser preenchido por uma ordem já conhecida, adestrada e cartesiana, como os pastos e a monocultura de soja. Neste episódio, o autor de "Arrabalde" afirma que o Brasil perdeu a soberania da Amazônia durante o governo Bolsonaro (PL), com o avanço do crime organizado, e que, sem uma ação incisiva do Estado, os produtores que cumprem a lei sempre perderão para as atividades ilegais. Moreira Salles também aponta que o país nunca incorporou a Amazônia ao seu imaginário nacional. Para ele, o agronegócio não é só uma atividade econômica, mas um modo de estar no mundo de boa parte da população da região. Vazia de floresta, a cultura hegemônica da Amazônia tem como pilares, hoje, o boi, as picapes 4x4 e a música sertaneja, o que cria, em sua avaliação, um entrave imenso à preservação do bioma. Leia a transcrição do episódio em folha.com/e7guochk Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.

Jan 28, 2023 • 48min
Ailton Krenak: Tragédia yanomami mostra que clube da humanidade não é para todos
Ailton Krenak não acredita na concepção de que todas as pessoas são iguais e todos fazemos parte de uma humanidade abstrata. Para o intelectual, as múltiplas formas de violência que os povos originários enfrentam desde o início da colonização são uma prova de que o clube dos humanos com os mesmos direitos definitivamente não é para todos. Os yanomamis —que vivem hoje uma crise profunda depois de quatro anos de avanço do garimpo ilegal e de recusa do governo Bolsonaro em manter políticas de saúde e garantir a integridade da terra indígena— são vistos como parte de uma sub-humanidade, ele diz. O escritor, um dos mais importantes líderes indígenas da história do país e autor do best-seller "Ideias para Adiar o Fim do Mundo" e de "A Vida Não É Útil", lançou no fim de 2022 "Futuro Ancestral". O novo livro propõe que o futuro, visto como uma ilusão criada pelos brancos e ocidentais, depende hoje de uma reconexão com as memórias da Terra e com o legado dos nossos antepassados. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.

Jan 21, 2023 • 41min
[Conteúdo patrocinado] Como vamos comprar no futuro?
Episódio aborda como novas tecnologias e modernos meios de pagamento vão mudar a experiência de compra do consumidor, tanto online como em lojas físicasSee omnystudio.com/listener for privacy information.

Jan 14, 2023 • 43min
União pela democracia mostra que saída é pela política, dizem autores
Só a política, dizem Gabriela Lotta e Pedro Abramovay, pode construir soluções para as questões estruturais e para as crises do presente do país. Autores de "A Democracia Equilibrista: Políticos e Burocratas no Brasil", Lotta e Abramovay se contrapõem à ideia de que as políticas públicas devem ser desenhadas por técnicos do Estado o mais longe possível dos políticos eleitos. Eles argumentam que servidores públicos não são politicamente neutros e não têm legitimidade para tentar governar o país —e, se seguirem por esse caminho, podem impor suas visões de mundo sem promover um debate qualificado com a sociedade, fragilizando a democracia. Os pesquisadores criticam o corporativismo de carreiras de elite do funcionalismo e apontam os danos produzidos por governantes que agem ignorando os fatos e os subsídios dos burocratas. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.

Dec 17, 2022 • 47min
Felipe Loureiro: EUA e Rússia voltam a se ver como ameaça existencial
No último episódio do ano, o podcast recebe Felipe Loureiro, professor do Instituto de Relações Internacionais da USP e organizador de “Linha Vermelha” (Editora da Unicamp). A coletânea, com 16 capítulos, aborda diferentes aspectos da Guerra da Ucrânia, desde os antecedentes históricos da invasão russa até os principais desdobramentos do conflito no sistema internacional. Loureiro fala sobre as reações que a guerra despertou na extrema direita e em parte da esquerda ao redor do mundo, avalia as posições que o Brasil adotou e argumenta que, do ponto de vista das relações entre os Estados Unidos e a Rússia, a invasão da Ucrânia é um ponto de virada. As duas potências, afirma, hoje se veem como ameaças à sua existência, trazendo de volta uma rivalidade que multiplica a tensão na arena internacional e pode significar um recuo da globalização como se conhece hoje. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.


