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Ilustríssima Conversa

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May 27, 2023 • 49min

Angela Alonso: País perdeu chance de isolar direita autoritária em 2013

Não basta olhar as Jornadas de Junho de 2013 como a origem de sucessivas crises políticas que o Brasil viveu depois delas. Para entender os protestos que explodiram dez anos atrás, é preciso avaliá-los como uma consequência —e analisar as causas que levaram à sua eclosão. É essa a espinha dorsal do novo livro de Angela Alonso, professora de sociologia de USP e pesquisadora do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), que também é colunista Folha. Alonso é a convidada do Ilustríssima Conversa deste sábado (27). Em "Treze - A Política de Rua de Lula a Dilma" (Companhia das Letras), ela analisa as transformações que a chegada do PT ao poder provocou na política de rua, com movimentos à esquerda e à direita começando a articular uma crítica ao governo. Alonso mapeia os grupos que passaram a se organizar e também os principais conflitos que se desenrolavam na sociedade brasileira desde o começo das gestões petistas, de pautas econômicas a questões morais. A socióloga sustenta que o governo de Dilma Rousseff e analistas políticos falharam em identificar os movimentos de direita nas ruas e reconhecê-los como atores políticos legítimos. Essa dificuldade impediu que esses grupos fossem levados à mesa de negociação e tivessem suas demandas ouvidas "Como a interpretação dominante é que eram protestos à esquerda, a resposta governamental também foi à esquerda", afirma ela. "Se esses movimentos tivessem sido ouvidos, teria havido a possibilidade de trazer os mais liberais ou conservadores democráticos para o jogo político-institucional de maneira mais efetiva, em vez de ficarem misturados aos movimentos autoritários, que eram minoria. Há ali uma chance perdida de isolar a parte autoritária da rua."See omnystudio.com/listener for privacy information.
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May 12, 2023 • 53min

Fernando Limongi: Estamos pagando a conta do impeachment de Dilma

Para afastar um presidente, apenas a vontade da oposição não basta. Afinal, é preciso dois terços dos votos dos parlamentares tanto na Câmara quanto no Senado. A perda de apoio dos congressistas foi central para a queda da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016. Por isso, para entender o processo de impeachment dela, é necessário compreender como a base parlamentar que a petista herdou de Lula implodiu. E como, na hora decisiva, aliados se voltaram contra ela.  O derretimento dessa coalizão é o eixo central do livro “Operação Impeachment - Dilma Rousseff e o Brasil da Lava Jato” (ed. Todavia), escrito pelo cientista político Fernando Limongi, que é professor da USP e da FGV. Ele é o convidado do Ilustríssima Conversa deste sábado (13).  Na obra, Limongi lembra como a aliança de partidos liderada pelo PT governou o Brasil desde a primeira eleição de Lula —e sustenta que a união não tinha nada de frágil. Para explicar o desmonte dessa base, o cientista político volta ao começo do primeiro mandato de Dilma, quando a presidente fez trocas em ministérios e mudanças na diretoria da Petrobras, abraçando o discurso anticorrupção. Na entrevista ao podcast, Limongi analisa as consequências dessa escolha de Dilma e como a atuação da Lava Jato contribuiu para a queda dela. O cientista político defende que Dilma e o PT foram as cargas lançadas ao mar para salvar a embarcação –ou seja, o impeachment seria uma tentativa da classe política de se proteger das investigações do Ministério Público. Mas ele aponta que, enquanto o PT conseguiu sobreviver como alternativa eleitoral, os partidos que encamparam o impeachment foram os principais prejudicados pelos impactos do processo no sistema político.  "A direita ou centro-direita foi a principal vítima. Tem um lado paradoxal, eles acabaram se matando ali. O Aécio Neves (PSDB-MG) é um símbolo disso", afirma Limongi, acrescentando ver danos desse processo para o bom funcionamento do sistema político hoje. "O impeachment foi uma investida de tolos que acabou prejudicando a todos. Quem está pagando a conta somos nós."See omnystudio.com/listener for privacy information.
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May 8, 2023 • 2min

[DICA] Conheça o Brasil à Vista, podcast de políticas públicas da Folha

Te convidamos a conhecer o Brasil à Vista, podcast da Folha de S.Paulo que vai desfazer os nós das políticas públicas e discutir o futuro do país. A cada semana, os apresentadores Irapuã Santana e Angela Boldrini recebem dois especialistas para debater e pensar em soluções para questões estruturantes da sociedade brasileira, como desigualdade de renda, habitação e racismo.  O primeiro episódio estreia nesta quarta-feira (10) e traz a economista Laura Müller Machado e o sociólogo Rafael Osório, do Ipea, em uma conversa sobre a nova cara do Bolsa Família e o futuro do combate à pobreza.  Você encontra o Brasil à Vista nas principais plataformas de podcast e no site da Folha.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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Apr 29, 2023 • 40min

Luiz Marques: Capitalismo sem limites acelera crise climática

Grande parte do que se sabe hoje sobre o aquecimento global já era conhecido no final dos anos 1970, afirma Luiz Marques, professor aposentado do Departamento de História da Unicamp. No entanto, o conhecimento científico sobre os mecanismos que provocam o aumento da temperatura do planeta não levou a uma mudança de rumos para mitigar a crise climática que a humanidade vive hoje. Muito pelo contrário: nas últimas décadas, lembra o historiador, houve uma aceleração do desmatamento, do uso de combustíveis fósseis e de outros processos que, movidos por um capitalismo globalizado que não é capaz de respeitar os limites do planeta, vem emitindo quantidades colossais de gases de efeito estufa na atmosfera. Ao mesmo tempo, os resultados de convenções internacionais para limitar o aquecimento global são extremamente frustrantes, o que faz com que as ações tomadas nos anos 2020 sejam determinantes para o futuro da vida na Terra e as chances de sobrevivência da humanidade. Esse é a tese do recém-lançado "O Decênio Decisivo: Propostas para uma Política de Sobrevivência". Em sua avaliação, esse desafio existencial deve ser enfrentado abandonando o que se entende hoje por realismo: não mais usar o passado como régua do futuro, não mais apostar em mudanças brandas e graduais. Sobreviver em uma era de colapso socioambiental não exige cautela, diz Marques, mas uma redefinição profunda dos fundamentos da economia e da política que regem nossa vida social. Neste episódio, o autor defende a superação do princípio da soberania nacional absoluta e a subordinação da economia capitalista à dimensão ecológica do planeta. Marques também faz uma avaliação da política ambiental brasileira e das contradições que o governo Lula (PT) terá que enfrentar em relação à Amazônia. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
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Apr 15, 2023 • 42min

Bela Gil: Trabalho doméstico sem salário não é amor, é escravidão

No clássico "Geografia da Fome", de 1946, Josué de Castro virou pelo avesso o debate sobre o flagelo que assolava milhões de brasileiros. A fome, ele dizia, não pode ser reduzida à falta de alimentos, causada por secas ou outros fenômenos naturais: ela precisa ser vista como uma questão política. Quase 80 anos depois, o Brasil enfrenta mais uma vez taxas alarmantes de insegurança alimentar, mas hoje, lembra Bela Gil, a fome não é o único nó quando se pensa em comida. O consumo de ultraprocessados vem impulsionando um novo tipo de desnutrição, em um cenário que, para a chef de cozinha, lembra um genocídio silencioso, que afeta pessoas pobres e racializadas com mais força. No recém-lançado "Quem Vai Fazer essa Comida", Bela Gil lança um olhar amplo sobre os hábitos alimentares difundidos pelo agronegócio e pela indústria alimentícia. O livro se distancia da responsabilização individual e reflete sobre as questões econômicas e sociais que fazem com que a alimentação saudável seja um privilégio para poucos. Neste episódio, a autora defende que é preciso revolucionar a produção e o consumo de alimentos e finalmente remunerar o trabalho doméstico, feito principalmente por mulheres, tão essencial para a existência de outras ocupações fora de casa. Leia a transcrição do episódio em folha.com/32w05ef4 Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Laila Mouallem See omnystudio.com/listener for privacy information.
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Apr 8, 2023 • 24sec

Aviso: Novo episódio vai ao ar em 15 de abril

Em razão do feriado de Páscoa, o novo episódio do Ilustríssima Conversa vai ao ar em 15 de abril.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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Mar 25, 2023 • 42min

Javier Montes: Luz del Fuego, queer e protofeminista, é bússola para superar intolerância

Durante cinco anos, no final dos anos 1940 e começo dos anos 1950, Luz del Fuego causou alvoroço na entrada do Baile de Gala do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. A regra do Carnaval é subverter as regras, mas tudo tem limite. Durante cinco anos, a dançarina desceu do seu conversível, subiu a escadaria do teatro —algumas vezes carregando uma das suas jiboias, algumas vezes besuntada em óleo, mas sempre completamente nua— e foi barrada pelos porteiros. Em 1952, para a surpresa de todos, Del Fuego chegou fantasiada de noiva e pôde entrar no baile. O traje de mulher que se rendeu aos bons costumes não era mais que uma fantasia. Dentro do teatro, ela sacou duas pistolas e começou a atirar para o teto, causando um verdadeiro pandemônio entre os convidados. O escritor espanhol Javier Montes, autor de um livro recém-lançado sobre Luz del Fuego, escolheu essa cena para apresentar aos leitores a dançarina, naturista, guerrilheira urbana ou performer. São muitas as possibilidades para se referir a ela —em comum, todas parecem estar à frente do tempo em que Luz del Fuego viveu. A falta de palavras para defini-la, diz Montes, correspondeu a uma dificuldade em enxergá-la, o que explica o seu apagamento em vida e depois de seu assassinato, em 1967. Neste episódio, Montes fala sobre o pioneirismo de Luz del Fuego em várias frentes: ela fundou o primeiro clube naturista da América Latina, em uma ilhota na baía de Guanabara, e tentou criar um partido com o lema "menos roupa e mais pão!". Foi também uma protofeminista e uma protoqueer, afirma o autor, e incorporou com naturalidade, em sua vida, questões de gênero e sexualidade dissidentes que ainda hoje despertam ódio e preconceito. Veja fotos de Luz del Fuego e da ilha do Sol em folha.com/z4qenm1t Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
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Mar 11, 2023 • 56min

Paulo Arantes: Mesmo sem projeto, Lula terá sucesso se frear extrema direita

Paulo Arantes, professor sênior de filosofia da USP, se notabilizou por suas análises críticas das contradições do capitalismo brasileiro e da arquitetura política concebida pelo lulismo. Agora, no terceiro mês do terceiro mandato de Lula, ele diz que nunca foi tão a favor de um governo. Em sua avaliação, o presidente tem pouca margem para fazer algo diferente das políticas dos governos anteriores do PT, sintetizadas por ele na ideia de redução de danos. Neste episódio, ele diz não ter certeza que Lula vai conseguir chegar ao fim do ano no Planalto ou cumprir todo o mandato e que seu governo já terá tido sucesso se for capaz de adiar um eventual retorno da extrema direita ao poder. Arantes acaba de lançar em livro um ensaio publicado no início dos anos 2000, "A Fratura Brasileira do Mundo", que trata do debate sobre a brasilianização dos países desenvolvidos. Leia a transcrição do episódio em folha.com/51tds08o Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
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Feb 25, 2023 • 43min

Especial de 5 anos: Eliane Brum e Maria Rita Kehl

O Ilustríssima Conversa, o primeiro podcast da Folha, acaba de completar cinco anos. Desde a estreia, em fevereiro de 2018, 123 episódios foram publicados. Se você nos acompanha, sabe que o universo do podcast é amplo: já passaram pelo programa autoras e autores para falar sobre as contradições do sistema político brasileiro, o desmatamento da Amazônia e a crise climática, estudos de gênero e sexualidade, a política de drogas e o racismo, entre muitos outros temas. Para comemorar os primeiros cinco anos no ar, este episódio especial recebe duas escritoras que já participaram do podcast: a psicanalista Maria Rita Kehl, entrevistada em janeiro de 2019, e a jornalista Eliane Brum, convidada em novembro de 2021. Brum e Kehl falam sobre as transformações do Brasil nos últimos anos e discutem os primeiros movimentos do governo Lula (PT). As convidadas também defendem a responsabilização de Jair Bolsonaro (PL) pela tragédia humanitária do povo yanomami e refletem sobre os caminhos possíveis para transformar a alienação e o negacionismo em ação política concreta. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
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Feb 11, 2023 • 52min

João Moreira Salles: Boi toma lugar da floresta na cultura da Amazônia

"Quando eu cheguei, aqui não tinha nada." João Moreira Salles conta que os colonos que encontrou no Pará repetiam essa frase com frequência, o que mostra, para ele, como a ocupação da Amazônia por forasteiros aconteceu contra a floresta. Esse nada precisava ser preenchido por uma ordem já conhecida, adestrada e cartesiana, como os pastos e a monocultura de soja. Neste episódio, o autor de "Arrabalde" afirma que o Brasil perdeu a soberania da Amazônia durante o governo Bolsonaro (PL), com o avanço do crime organizado, e que, sem uma ação incisiva do Estado, os produtores que cumprem a lei sempre perderão para as atividades ilegais. Moreira Salles também aponta que o país nunca incorporou a Amazônia ao seu imaginário nacional. Para ele, o agronegócio não é só uma atividade econômica, mas um modo de estar no mundo de boa parte da população da região. Vazia de floresta, a cultura hegemônica da Amazônia tem como pilares, hoje, o boi, as picapes 4x4 e a música sertaneja, o que cria, em sua avaliação, um entrave imenso à preservação do bioma. Leia a transcrição do episódio em folha.com/e7guochk Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.

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