

Ilustríssima Conversa
Folha de S.Paulo
A equipe de jornalistas da Ilustríssima, da Folha, entrevista autores de livros de não ficção ou de pesquisas acadêmicas.
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Apr 26, 2025 • 45min
Juliano Spyer: O que explica o crescimento evangélico no Brasil
Juliano Spyer, antropólogo e colunista da Folha de São Paulo, destaca o crescimento evangélico no Brasil e suas complexas raízes sociais. Ele argumenta que o segmento é diverso e merece uma compreensão mais aprofundada, além de discutir a LGBTfobia e o machismo presentes nas igrejas. Spyer também analisa o impacto político dos evangélicos, explicando como sua influência se espalhou nas últimas décadas e os desafios que a esquerda enfrenta ao dialogar com esse público em ascensão.

Apr 12, 2025 • 53min
Arlene Clemesha: Judaísmo vive crise de consciência com genocídio em Gaza
Arlene Clemesha, professora de história árabe da USP, é uma das mais conhecidas vozes críticas à ofensiva militar de Israel em Gaza e, de forma mais geral, ao sionismo, a ideologia política de defesa do Estado judeu no Oriente Médio. Em "Marxismo e Judaísmo: História de uma Relação Difícil", o foco da sua análise, no entanto, é outro: a historiadora se volta a como movimentos marxistas e socialistas lidaram com a questão judaica até as vésperas da Primeira Guerra Mundial, período em que o antissemitismo tinha feições diferentes e o sionismo, menos força. Na entrevista, Clemesha fala sobre as transformações do antissemitismo nos séculos 19 e 20 e defende que a necessária condenação desse tipo de preconceito não deve ser usada para silenciar críticos de Israel. A pesquisadora diz considerar que o país está cometendo um genocídio de palestinos na Faixa de Gaza e explica por que pensa que a solução de um só Estado, que una israelenses e palestinos, pode até ser o caminho mais simples para a paz na região —lembrando que, hoje, qualquer proposta parece completamente irrealizável. Israel nega as acusações de genocídio contra palestinos. Em defesa na Corte Internacional de Justiça, o país declarou que uma guerra trágica está em curso na Faixa de Gaza, não um genocídio, e que acusar Israel desse crime é uma leitura distorcida do direito internacional. Definição de antissemitismo da IHRA (Aliança Internacional para a Memória do Holocausto) Declaração de Jerusalém sobre o Antissemitismo Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.

Mar 29, 2025 • 48min
Sérgio Costa: Esquerda precisa oferecer imagem de mundo melhor
Muito já foi escrito sobre os rumos da política brasileira nas últimas décadas. Encontrar um ângulo original de análise é talvez um dos maiores desafios para quem se dedica a esse campo de pesquisa. Sérgio Costa, professor de sociologia da Universidade Livre de Berlim e codiretor do Mecila, centro de pesquisas sobre convivialidade e desigualdade na América Latina, buscou um caminho tentando analisar, ao mesmo tempo, as mudanças —ou os medos que cercam possíveis mudanças— nas hierarquias sociais e as escolhas eleitorais de pessoas e grupos. No recém-lançado "Desiguais e Divididos: uma Interpretação do Brasil Polarizado", Costa entrelaça as dimensões de gênero, raça, renda e sexualidade para pensar as desigualdades brasileiras e constrói uma narrativa ampla da tumultuada história política recente do país, desde o governo Lula 1. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.

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Mar 15, 2025 • 41min
Lenin Bicudo: Por que a homeopatia ainda é popular no Brasil
Lenin Bicudo Bárbara, sociólogo e autor de "Cultura Homeopática", explora a intrigante popularidade da homeopatia no Brasil. Ele discute como a homeopatia sobreviveu em meio a avanços da medicina tradicional e sua relação com o espiritismo. Bicudo analisa a falta de comprovação científica, as estratégias de desinformação e o reconhecimento da homeopatia como especialidade médica. Além disso, aborda como a prática se tornou uma alternativa vinculada a um atendimento mais humanizado durante crises na saúde.

Feb 22, 2025 • 45min
Juliana Belo Diniz: Transtornos psiquiátricos não são doenças do cérebro
O Ilustríssima Conversa deste sábado (22) recebe a pesquisadora Juliana Belo Diniz, que atua como psiquiatra clínica e psicoterapeuta no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Diniz é autora de "O que os psiquiatras não te contam", com lançamento em março pela editora Fósforo. No livro, a especialista em pesquisa clínica por Harvard e doutora em psiquiatria pela USP questiona o senso comum sobre os transtornos mentais. Entre eles, o de que seriam resultado de mau funcionamento do cérebro ou de que a especialidade médica se resume a prescrever antidepressivos, calmantes, estimulantes e antipsicóticos. "O conceito de doença não nasce do problema biológico. Não precisa ter algo errado com seu cérebro para a gente dizer que isso é uma doença. Eu defendo que depressão e ansiedade são doenças, porque existem pessoas que sofrem com elas, e que procuram ajuda médica para esse sofrimento, mas não quer dizer que o cérebro delas esteja funcionando errado", a autora afirma no podcast. Produção e apresentação: João RabeloEdição de som: Raphael ConcliSee omnystudio.com/listener for privacy information.

Feb 8, 2025 • 50min
Juliana Dal Piva: Militares mataram Rubens Paiva de diferentes maneiras
Juliana Dal Piva, jornalista e autora de "Crime Sem Castigo: Como os Militares Mataram Rubens Paiva", mergulha na investigação do assassinato do ex-deputado Rubens Paiva durante a ditadura militar. Ela compartilha como documentos históricos revelaram verdades ocultas e expuseram mentiras militares. A luta de Eunice Paiva por justiça e o papel da imprensa na divulgação dos crimes da ditadura são destacados. Juliana também discute a brutalidade do regime e a complexidade do caso, conectando passado e presente na busca por memória e justiça.

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Jan 25, 2025 • 49min
Leonardo Weller: Direita brasileira deixou de conter extremistas
Leonardo Weller, historiador e professor da FGV São Paulo, coautor de "Democracia Negociada", discute a política brasileira e o papel de partidos como o PT e o PSDB na construção de consensos. Ele analisa a trajetória da Nova República e eventos como o impeachment de Dilma Rousseff, revelando os desafios que a democracia enfrenta. Weller argumenta que a extrema direita, representada por Bolsonaro, emergiu em um cenário de polarização, apontando para a urgentíssima necessidade de um novo centro político para restaurar a democracia no Brasil.

Jan 11, 2025 • 45min
Lattes pagou o preço de ser cientista brasileiro, dizem biógrafos
No fim da década de 1940, Cesar Lattes tinha pouco mais de 20 anos, mas já vivia anos de glória. Pouco tempo depois de chegar a Bristol, na Inglaterra, ele se firmou como um figura-chave na pesquisa sobre o méson pi, uma nova partícula atômica, descoberta que rendeu o Prêmio Nobel de Física a Cecil Powell, chefe do laboratório em que trabalhou. O próprio Lattes recebeu sua primeira indicação ao Nobel em 49, e a reputação internacional transformou o físico nascido em Curitiba e formado pela USP em um inesperado cientista-celebridade no Brasil. Comprometido a voltar ao país e usar suas credenciais para impulsionar a física brasileira, Lattes recusou convites de universidades de ponta no exterior e logo se viu mergulhado em um cipoal de burocracia, falta de recursos e instabilidade política, que culminou com um caso de corrupção, denunciado por ele, no CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas), instituição que tinha se empenhado em criar. Aos 30 anos, o físico enfrentou um episódio de depressão que o obrigou a abandonar o trabalho e ir se tratar nos Estados Unidos. Tanto o diagnóstico quanto o tratamento eram muito mais frágeis que hoje, mas Lattes se deparava com os sintomas do transtorno bipolar. No centenário do seu nascimento, comemorado em 2024, o livro "Cesar Lattes, uma Vida: Visões do Infinito" revisita a trajetória extraordinária de um dos mais importantes cientistas brasileiros da história. A obra é assinada por Marta Góes e Tato Coutinho e tem organização de Maria Cristina Lattes Vezzani, a segunda filha do físico, e Jorge Luis Colombo. Góes e Coutinho, convidados deste episódio, lançam luz sobre a importância de Lattes em momentos cruciais da física do século passado, mencionam seus embates com o transtorno bipolar ao longo da vida e o situam nas tramas políticas e da ciência brasileira das décadas em que viveu. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.

Dec 21, 2024 • 51min
O que explica o boom da psicanálise na ditadura militar, segundo autor
Além de sobreviver ao regime militar, a psicanálise brasileira floresceu durante a ditadura. Esse aparente paradoxo foi um dos pontos de partida da pesquisa de doutorado de Rafael Alves Lima, professor colaborador da USP. O trabalho, publicado sob o título "Psicanálise na Ditadura (1964-1985)", compõe uma história do campo psicanalítico do país nessas três décadas, além de investigar sua configuração às vésperas do golpe de 1964. O pesquisador discute, por exemplo, as estratégias que um grupo de psicanalistas de São Paulo empregou para projetar uma imagem de prestígio e questiona o conformismo que dominou boa parte dos consultórios durante a ditadura, apesar de os militares não enxergarem os psicanalistas como uma ameaça. Neste episódio, o autor aborda a imagem pop de Freud e da psicanálise no Brasil em pleno regime militar e debate a hipótese de que o boom do campo nos anos 1970 está relacionado a mudanças mais amplas nas formas de nomear o sofrimento psíquico: em uma sociedade que se transformava muito intensamente, a psicanálise e outras terapias ofereciam uma nova gramática tanto para conceber o mundo quanto para se entender nele. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.

Dec 7, 2024 • 47min
Ernesto Rodrigues: Globo foi mais espelho do Brasil que Grande Irmão
Ernesto Rodrigues, que acaba de lançar o primeiro volume de uma trilogia sobre a história da Rede Globo, diz não acreditar em isenção no jornalismo. Para ele, um esforço sincero para apresentar as várias interpretações de um acontecimento é o melhor caminho. O autor afirma ter se guiado por esse princípio ao escrever sobre os quase 60 anos da Globo, a partir, principalmente, dos depoimentos do acervo institucional da emissora. O retrato que surge do primeiro livro, "Hegemonia: 1965-1984", é mais comedido que outros trabalhos sobre a Globo. Rodrigues narra, o imbróglio relacionado ao acordo com o grupo americano Time-Life, o alinhamento de Roberto Marinho com a ditadura militar e a parcialidade em coberturas históricas, como as greves do ABC e o comício na praça da Sé em janeiro de 1984. O jornalista, por outro lado, recusa a ideia de orquestração deliberada para manipular a opinião pública do país. Em sua opinião, a Globo foi, ao longo da sua história, mais espelho do Brasil, tanto na dramaturgia quanto no noticiário, que um Grande Irmão que tentou dominar a mente dos brasileiros. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Lucas Monteiro See omnystudio.com/listener for privacy information.


