A Hora Extra | Collor e o impeachment, Itamar, Plano Real e mais com Fernando Limongi e Leonardo Weller
Jan 10, 2025
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Fernando Limongi e Leonardo Weller são cientistas políticos e economistas, respectivamente, e discutem o turbulento período da política brasileira nos anos 90. Eles analisam o governo de Collor e seu impeachment, destacando alianças políticas e estratégias enfrentadas. A ascensão de Itamar Franco e o impacto do Plano Real são abordados, revelando as mudanças econômicas significativas. Os convidados ainda refletem sobre incertezas políticas atuais e compartilham novidades sobre um novo livro que explora a história recente do Brasil.
A inflação galopante nos anos 80 levou a tensões sociais que influenciaram diretamente as eleições presidenciais de 1989.
Fernando Collor, como candidato anti-establishment, capitalizou a insatisfação popular prometendo reformas econômicas radicais e mudanças estruturais.
O impeachment de Collor em 1992 destaca a importância da corrupção e da pressão popular na dinâmica política e no processo democrático no Brasil.
Deep dives
O Período da Constituinte e Crises Econômicas
A promulgação da Constituição em 1988 ocorreu durante um período de elevada inflação no Brasil, que aumentou exponencialmente em 1989, atingindo quase 80% ao mês. Os primeiros anos após a Constituinte foram marcados por tentativas frustradas de controlar a inflação, como o Plano Cruzado, que falhou em manter a estabilidade econômica. A incapacidade do governo Sarney em lidar com esses desafios econômicos resultou em uma insatisfação popular crescente, o que teve impacto direto nas eleições presidenciais de 1989. Esse contexto de crise econômica e pressão social formou o pano de fundo para a transição política e a busca por líderes que pudessem oferecer soluções efetivas para os problemas do país.
A Ascensão de Fernando Collor
Fernando Collor surgiu como um candidato carismático e anti-establishment nas eleições de 1989, capturando a insatisfação popular com os governos anteriores. Ele se apresentou como a alternativa jovem e enérgica ao regime político tradicional, promovendo uma imagem forte e determinada, com uma campanha bem estruturada e apoiada pela grande mídia. Ao posicionar-se como o anti-Sarney, Collor conseguiu conquistar popularidade rápida, especialmente em função do seu discurso de mudanças radicais em relação ao passado. Sua ascensão culminou na vitória eleitoral, estabelecendo uma nova fase na política brasileira, marcada por promessas de liberalização econômica e reforma.
O Frenesi do Plano Collor e suas Consequências
O Plano Collor, implementado com o objetivo de conter a inflação, trouxe medidas drásticas, como o confisco da poupança, gerando uma recessão aguda e insatisfação generalizada. A estratégia inicial envolvia a suspensão temporária de recursos das contas bancárias, que causou um impacto devastador sobre a economia e a vida das pessoas, especialmente dos mais pobres. Apesar de colapsar rapidamente, o plano promoveu algumas privatizações, marcando o início de um processo de desestatização que continuaria com o governo de Fernando Henrique Cardoso. Assim, o colapso dessa política econômica revelou não apenas a fragilidade da gestão Collor, mas também preparou o terreno para mudanças estruturais na economia brasileira posteriormente.
O Processo de Impeachment de Collor
O impeachment de Collor em 1992 foi galvanizado por denúncias de corrupção, culminando em uma perda de apoio essencial no Congresso e na sociedade. A CPI presidida por Pedro Collor revelou uma série de escândalos, acelerando o processo de impeachment e dividindo as opiniões dos políticos sobre a necessidade de afastar o presidente. Apesar de começar com resistência, a crescente quantidade de evidências e a pressão popular acabaram por forçar a votação que resultou na sua destituição. Esse movimento não apenas representou um marco na política brasileira, mas também levantou questões sobre a integridade do processo democrático no país.
Transição e Era de Estabilidade sob Itamar
A presidência de Itamar Franco, que assumiu após o impeachment de Collor, se destacou pela implementação do Plano Real, que buscou estabilizar a economia brasileira após anos de crise. A equipe de economistas liderada por Fernando Henrique Cardoso conseguiu implementar reformas que controlaram a hiperinflação, garantindo mais previsibilidade e segurança aos cidadãos. O plano gerou um cenário econômico mais estável, facilitando o crescimento e levando à popularização de políticas sociais importantes, como o Bolsa Família. Assim, a transição sob Itamar não apenas restaurou a confiança nas instituições, mas também solidificou um novo modelo de governança que priorizava o diálogo e a negociação, preparando o Brasil para ciclos eleitorais futuros.
Nesta edição especial do A Hora, José Roberto de Toledo e Thais Bilenky entrevistam Fernando Limongi e Leonardo Weller, autores do livro Democracia negociada: política partidária no Brasil da Nova República.
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