Escola sem celular: crise de abstinência e adaptação
Jan 27, 2025
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Luiza Tenente, repórter de Educação do g1, compartilha suas experiências em escolas com a proibição de celulares, revelando relatos chocantes de alunos em crise de abstinência. Fábio Campos, pesquisador da Universidade de Columbia, analisa a implementação da lei e a fiscalização nas escolas. Eles discutem como a medida pode melhorar o desempenho escolar e as interações sociais, além dos desafios de adaptação enfrentados por estudantes e educadores. A conversa revela a complexidade dessa transição na educação moderna.
A proibição do uso de celulares nas escolas visa melhorar a concentração e a socialização, resgatando a dinâmica social entre os alunos.
Apesar da resistência inicial e da 'crise de abstinência', a adaptação à nova rotina sem telas resultou em aprimoramento do desempenho escolar e da interação.
Deep dives
Impacto da Proibição de Celulares nas Escolas
A proibição do uso de celulares nas escolas brasileiras visa restaurar a concentração e a socialização dos alunos, que vinham sendo prejudicadas pelo uso excessivo desses dispositivos. A pesquisa da Unesco revelou que os estudantes podem levar até 20 minutos para retomar o foco após uma distração provocada pelo celular. Além disso, durante os recreios, um ambiente que deveria ser de interação e brincadeira, tornou-se mais silencioso e solitário, com os alunos isolados nas suas telas. A nova lei que proíbe celulares e dispositivos conectados à internet promete, assim, reverter esse quadro e restabelecer as interações sociais tão necessárias para o desenvolvimento infantil.
Crises de Abstinência e Adaptação
Em escolas que já haviam adotado a proibição de celulares, testemunhou-se a 'crise de abstinência' entre os alunos, especialmente as crianças pequenas que não conseguiam se adaptar sem as telas. Alguns bebês, acostumados a usar celulares durante as refeições, apresentaram resistência a comer sem esses dispositivos, dificultando a rotina escolar. As escolas implementaram um processo gradual de desmame, oferecendo vídeos curtos antes de substituir por brinquedos e, eventualmente, incentivando a interação entre as crianças. Essa transição resultou em um ambiente mais participativo e social, onde os alunos começaram a explorar suas habilidades sociais e criativas.
Mudança nas Dinâmicas de Conflito e Comunicação
A nova legislação alterou a dinâmica de comunicação entre alunos, escolas e famílias, permitindo que as crianças resolvam conflitos diretamente em vez de recorrer imediatamente aos pais através de mensagens. Com a proibição dos celulares, as escolas foram capazes de retomar o controle sobre a resolução de conflitos, fortalecendo a interação entre estudantes. Os professores relataram que essa mudança trouxe um sentimento de alívio, permitindo uma gestão mais eficaz da sala de aula. Contudo, alguns pais expressaram receio de perder o controle sobre a comunicação com seus filhos, subestimando, assim, a capacidade das escolas de manter um ambiente educacional seguro e produtivo.
Em 15 de janeiro, o presidente Lula sancionou a lei que proíbe o uso de celulares em todas as escolas públicas e privadas do país durante o período das aulas e do intervalo – medida que vale para educação básica, que abrange pré-escola, ensino fundamental e ensino médio. Agora, no ano letivo que se inicia, as escolas terão que se adaptar para atender às novas normas e os estudantes precisam se preparar para uma rotina livre de telas. Educadores afirmam que o uso indiscriminado de dispositivos eletrônicos causa distrações em aula, prejudica o aprendizado dos alunos e compromete também a socialização de crianças e adolescentes. Neste episódio, Luiza Tenente, repórter de Educação do g1, relata a Natuza Nery o que testemunhou nas reportagens que fez em escolas que já adotavam a proibição. Ela conta casos de crianças que se recusavam até a se alimentar e de jovens com crise de abstinência. E que, passada a fase de adaptação, houve melhoras significativas de desempenho escolar e convívio. Natuza conversa também com Fabio Campos, pesquisador em educação e tecnologia do TLTL, o Laboratório de Tecnologias Educacionais Transformadoras, da Universidade de Columbia (EUA). Ele explica como deve ser a fiscalização nas escolas e como pais e professores avaliam a medida.
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