O Assunto

G1
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Jan 8, 2021 • 27min

EUA sob ataque de Trump, parte 2

O dia em que o presidente americano incitou uma turba a invadir o Congresso foi seguido por uma madrugada na qual deputados e senadores ratificaram a vitória de Joe Biden. Mas os eventos da quarta-feira em Washington continuam a reverberar. Desdobraram-se em baixas na Casa Branca, na suspensão de Trump do Facebook por tempo indeterminado e, principalmente, num movimento de parte do establishment para removê-lo do cargo antes do próximo dia 20, data da posse de Biden. Pressão suficiente para levar o presidente a divulgar, na noite desta quinta, um vídeo em que, pela primeira vez, fala em tom conformado sobre a iminente saída do poder. Tudo isso tem consequências que vão além do prazo de validade do atual governo - e muito além das fronteiras dos Estados Unidos. Para avaliá-las, Renata Lo Prete recebe neste episódio o cientista político Houssein Kalout, pesquisador da Universidade Harvard. “Trump rebaixou a estatura da democracia americana", diz ele. Embora enxergue pouca chance de impeachment ou outra saída antecipada prosperar a esta altura, Kalout acredita que os atos de insurreição e vandalismo não ficarão impunes. “Pessoas morreram. Alguém terá que responder por isso". Para ele, o Partido Republicano está "diante de um teste de fogo: ou se reinventa, ou afunda com Trump". Kalout explica ainda o que significa para o mundo a percepção de fragilidade da democracia americana. O que inclui o Brasil: “O roteiro para 2022 está dado".
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Jan 7, 2021 • 29min

Congresso invadido, Trump fora de controle

Era para ser apenas um rito formal no processo de transição, mas virou um dia inédito na história dos EUA. Incitados pelo presidente Donald Trump, manifestantes invadiram o Capitólio, onde congressistas estavam reunidos para ratificar a vitória de Joe Biden no Colégio Eleitoral. Extremistas interromperam a cerimônia, parlamentares foram retirados às pressas e uma mulher morreu baleada. "O que estamos vendo aqui é um grande teatro", diz Daniel Wiedemann, coordenador do escritório da TV Globo em Nova York, em entrevista a Renata Lo Prete. Ele relembra a estratégia de Trump, como a eleição na Geórgia selou a derrota dos republicanos e o que esperar até dia 20 de janeiro, quando Biden toma posse. Participa também Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da FGV em São Paulo. Stuenkel analisa como, mesmo derrotado, Trump continua sendo a figura mais popular do Partido Republicano e como fica a relação entre ele e seu vice, Mike Pence: "está instalada uma espécie de guerra civil no partido." Stuenkel esmiúça como a instabilidade política interna pode afetar a influência norte-americana no mundo: "Biden vai ter que gastar muito tempo e energia para pacificar." E conclui como a troca de poder nos EUA pode complicar a vida de populistas ao redor do mundo, entre eles do presidente Jair Bolsonaro.
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Jan 6, 2021 • 25min

Manaus de volta ao inferno da Covid

“Não há macas, não há leitos, não há nada." Assim o repórter Alexandre Hisayasu, da Rede Amazônica, resume a situação. Em conversa com Renata Lo Prete, ele conta que, em hospitais sobrecarregados, até o espaço antes usado por funcionários para bater ponto agora abriga pacientes de maneira precária. Acompanhando a pandemia no Estado desde os primeiros casos, Hisayasu tem a sensação de assistir a uma reprise trágica: nove meses depois de Manaus apresentar ao Brasil o colapso produzido pelo novo coronavírus, está de volta a via crucis de ambulâncias que não têm onde deixar os doentes. Assim como a adaptação de cemitérios onde falta espaço para sepultar os mortos. Participa também do episódio o infectologista Júlio Croda, pesquisador da Fiocruz, que até março de 2020 respondia pelo Departamento de Imunizações do Ministério da Saúde. Ele atribui a vulnerabilidade de Manaus, antes de tudo, à estrutura hospitalar do Amazonas, a pior do país em termos de leitos de UTI por 100 mil habitantes. Qualquer aumento no número de casos (e o atual é expressivo) leva o sistema ao limite. E frisa que nunca houve imunidade de rebanho por lá, ao contrário do que alguns chegaram a especular: "A imunidade coletiva depende das medidas preventivas". Croda é assertivo: "Vacina é a única forma segura de superar a pandemia".
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Jan 5, 2021 • 23min

O estrago da versão mais contagiosa do corona

A mutação B.1.1.7 do coronavírus já foi registrada em mais de 30 países, entre eles o Brasil. Primeiro a identificá-lo, o Reino Unido registra mais de 50 mil casos diários há uma semana. Para tentar conter o avanço da nova variante, o premiê Boris Johnson reagiu e decretou o terceiro lockdown no país - este, mais longo, pode durar até março. Para explicar a trajetória desta variação do vírus e suas particularidades, Renata Lo Prete entrevista a jornalista da TV Globo em Londres Natalie Reinoso e a imunologista Ester Sabino, professora da Faculdade de Medicina da USP e primeira cientista a sequenciar o genoma do coronavírus no Brasil. Natalie detalha as medidas de restrição no Reino Unido e os dados de contágio atualizados. Ester explica por que esta é a mutação que mais preocupa e sugere o que podemos fazer para frear sua disseminação: "Deveria ter um cuidado maior com as pessoas que estão chegando de fora do Brasil". Segundo ela para "diminuir o número de entradas" da nova variante por aqui. Ester fala que este é o momento de manter os cuidados para evitar a propagação: "Não tem outra saída até que a vacina esteja disponível para toda a população".
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Jan 4, 2021 • 26min

A matemática da vacinação

O biólogo Fernando Reinach descreve 2021 como a pista de uma corrida a ser disputada entre o novo coronavírus e a imunização, para ver quem chega antes às pessoas. Na largada, o primeiro está em clara vantagem. As posições se inverterão quando o mundo “vacinar mais do que o vírus contamina”, explica neste episódio Reinach, autor do livro “A Chegada do Novo Coronavírus no Brasil” e colunista do jornal “O Estado de S. Paulo”. No caso brasileiro, ele calcula que seria necessário aplicar cerca de 500 mil doses por dia, ao longo dos 365 dias deste ano, “para a vida do vírus ficar muito difícil”. Desafio imenso, especialmente quando se leva em conta que, à diferença de cerca de 40 países, não começamos a vacinar nem temos data definida para fazê-lo. Na entrevista a Renata Lo Prete, Reinach diz que começar é necessário, mas que o mais importante a observar é quantas pessoas conseguiremos imunizar por dia e qual será a taxa de eficácia do produto usado -variável essencial na hora de estimar quantos brasileiros precisarão ser vacinados até que se chegue ao controle da doença.
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Dec 31, 2020 • 31min

Revisitando Maria em Ingazeira 

Neste final de ano, O Assunto resgata quatro de seus episódios mais marcantes, protagonizados por brasileiros que tiveram a vida duramente transformada pela pandemia. Da escassez de testes à sobrecarga dos hospitais, da falta de emprego ao luto sem despedida, suas histórias representam as grandes dificuldades do país no enfrentamento do novo coronavírus. Aqui você vai ouvi-los em dois momentos: o do relato original feito a Renata Lo Prete e agora. No quarto e último da série, a entrevistada é a agricultora pernambucana Maria Assunção Araújo, 40 anos, representante de um fenômeno social explicado na participação do doutor em demografia José Eustáquio Diniz Alves: a migração de retorno. Maria é uma entre muitos brasileiros que partiram em busca de oportunidades nos grandes centros do eixo Sul-Sudeste e, sob o efeito combinado de covid e crise econômica, terminaram por voltar à terra natal. Ouvida em 13 de julho, quando havia acabado de se instalar novamente em Ingazeira, Maria resumia assim sua experiência de um ano na cidade grande, com marido e filho pequeno: “São Paulo é bom pra passear. Mas São Paulo é uma ilusão". Cinco meses depois do retorno ao sertão, trabalho ainda é problema, mas dá-se um jeito: “Estamos estabelecidos, compramos uns animaizinhos, alguns deram cria, então a gente tá repondo o que vendeu”. E a mensagem para 2021 é de esperança: “Que seja um ano de paz e prosperidade pra todo mundo, que a pandemia se afaste e que volte a reinar a saúde”.
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Dec 30, 2020 • 41min

2020 em frases e sons

Covid-19, Sars-CoV-2, pandemia, lockdown, recessão, vacina: as palavras mais repetidas deste ano que ninguém vai esquecer remetem todas para a mesma história, que começou na China, perto da virada do ano anterior, espalhou-se literalmente por todo o mundo e entrará em 2021 ainda no centro do noticiário. Palavras que estão na dor das famílias, nos alertas da ciência, nas declarações das autoridades, nos resultados eleitorais, nos eventos cancelados, na vida em suspenso. E que alimentam este episódio especial de O Assunto, cápsula sonora do ano que termina.
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Dec 29, 2020 • 19min

Legítima defesa da honra: ameaça resiste

Esse argumento jurídico usado por décadas para livrar de punição assassinos de mulheres ganhou perspectiva de sobrevida com uma decisão da Primeira Turma do STF publicada pouco antes do Natal. Por 3 votos a 2, os ministros descartaram a possibilidade de anulação, seguida de novo julgamento, de absolvições proferidas pelo Tribunal do Júri, mesmo quando na contramão das provas. Em outro recurso, a matéria ainda será analisada pelo plenário do Supremo. E o que for pacificado ali terá repercussão geral - ou seja, valerá para todas as pendências futuras a esse respeito. O advogado criminalista Luís Francisco Carvalho Filho, entrevistado por Renata Lo Prete neste episódio, lembra que, pelo novo entendimento, Doca Street jamais teria enfrentado um segundo julgamento e cumprido pena de prisão pelo assassinato, em 1976, de Ângela Diniz. No primeiro, mais célebre exemplo do uso da tese da legítima defesa da honra, na prática a condenada foi a vítima, morta a tiros. Por uma conjunção do noticiário, a decisão da Primeira Turma chegou ao conhecimento do público quase ao mesmo tempo da morte de Doca, aos 86 anos, e de mais um caso brutal de feminicídio: o da juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi, assassinada pelo ex-marido com 16 facadas diante das 3 filhas. Carvalho Filho alerta: conferir a jurados autorização ilimitada de clemência vai beneficiar, além de criminosos de gênero, policiais que atiram quando não deveriam, milicianos, matadores profissionais e mandantes poderosos.
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Dec 28, 2020 • 32min

Revisitando Alboino na UTI

Neste final de ano, O Assunto resgata quatro de seus episódios mais marcantes, protagonizados por brasileiros que tiveram a vida duramente transformada pela pandemia. Da escassez de testes à sobrecarga dos hospitais, da falta de emprego ao luto sem despedida, suas histórias representam as grandes dificuldades do país no enfrentamento do novo coronavírus. Aqui você vai ouvi-los em dois momentos: o do relato original feito a Renata Lo Prete e agora. No terceiro capítulo da série, o personagem é Alboino Lucena, médico de 27 anos que se divide entre cinco UTIs de Covid no Ceará. No episódio que foi ao ar em 22 de junho, ele relatou, em tempo real, duas noites de plantão na terapia intensiva. “Teve dia em que fiz 15 entubações”, contou. “Algumas pessoas que estão na linha de frente não estão psicologicamente bem. Eu mesmo estou um pouco abalado e com medo”. Seis meses depois, Alboino constata com otimismo que o número de casos graves na região onde atua diminuiu, mas ressalva que a taxa de letalidade da doença, para quem precisa de UTI, segue alta. “Dos cinco pacientes que atendi naquela noite, fizemos de tudo, tudo, mas eles não resistiram”, relembra. E ainda resume que aprendeu em quase um ano de luta: “as grandes coisas estão nos pequenos detalhes. A principal arma contra o coronavírus é água e sabão”.
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Dec 24, 2020 • 33min

Revisitando Vanda no Parque das Tribos

Neste final de ano, O Assunto resgata quatro de seus episódios mais marcantes, protagonizados por brasileiros que tiveram a vida duramente transformada pela pandemia. Da escassez de testes à sobrecarga dos hospitais, da falta de emprego ao luto sem despedida, suas histórias representam as grandes dificuldades do país no enfrentamento do novo coronavírus. Aqui você vai ouvi-los em dois momentos: o do relato original feito a Renata Lo Prete e agora. No segundo capítulo da série, a entrevistada é a técnica de enfermagem Vanda Ortega Witoto, da etnia do mesmo nome, que vive no Parque das Tribos, em Manaus. O episódio com ela foi ao em 3 de junho e teve a participação mais do que especial de Ailton Krenak, escritor e líder indígena, fundador da Aliança dos Povos da Floresta. Já naquela altura, ele nos convidava a uma reflexão mais ampla sobre a pandemia: “a Terra está reagindo à predação que nós temos de alguma maneira colaborado para que aconteça”. Vanda, que coordena os cuidados com os doentes de Covid no parque, contava que ali o número de casos e óbitos superava em muito os registros oficiais e desabafava: “Não temos assistência do Estado. Até na morte nossa identidade é negada”. Seis meses depois, ela relata que a comunidade segue sem socorro oficial até mesmo para cestas básicas, desprovida de uma Unidade Básica de Saúde e às voltas com um drama acentuado pela pandemia: a ausência de trabalho. “Tem famílias inteiras desempregadas", diz.

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