
O Assunto Público x privado: fila paralela da vacina?
Jan 27, 2021
26:05
Sem doses suficientes nem mesmo para o primeiro dos grupos prioritários, o Brasil vê surgir uma discussão que em outros países não prosperou, em torno de delegar à iniciativa privada parte da compra e da oferta de imunizantes contra a Covid-19. A Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas propôs a aquisição de 5 milhões de doses da indiana Covaxin. E nesta terça o presidente Jair Bolsonaro confirmou ter dado sinal verde para que um grupo de empresários encomende 33 milhões de doses da AstraZeneca - metade iria para funcionários e familiares dos compradores, metade para o SUS. Problema: a farmacêutica já avisou que, neste momento da pandemia, não tem como atender clientes privados. “A gente precisa concentrar todos os recursos disponíveis para vacinar as pessoas mais vulneráveis", diz o médico sanitarista Adriano Massuda, pesquisador do Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da FGV, um dos entrevistados de Renata Lo Prete neste episódio. Ele lembra que os vulneráveis, no caso, não são apenas idosos e portadores de comorbidades, mas amplas fatias da população brasileira especialmente expostas ao contágio - e que não teriam acesso à vacina na rede particular. Com isso, o objetivo central, de alcançar a imunidade coletiva, ficaria cada vez mais distante. Participa também Geraldo Barbosa, presidente da associação das clínicas. “Vamos somar, não concorrer", defende ele.
