Em um giro pelo Oriente Médio, o presidente Lula visitou Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos, país que sedia a 28ª edição da Conferência do Clima, nessa que é a décima-quinta viagem internacional dele desde que tomou posse em janeiro desse ano – ao todo, foram mais de 2 meses fora do país; estratégia para tentar recuperar o prestígio diplomático brasileiro. Para analisar onde Lula errou e acertou, e projetar os próximos passos das relações internacionais do Brasil, Natuza Nery conversa com o economista Daniel Souza, comentarista da Globonews, professor do Ibmec e criador do podcast Petit Journal, e com o cientista político Guilherme Casarões, professor de relações internacional da FGV-SP. Neste episódio: - Daniel e Guilherme comentam a rodada de encontros do presidente brasileiro com líderes de países árabes. “O mundo árabe nos oferece hoje um cardápio completo de comércio, investimentos potenciais e protagonismo político”, diz Casarões. “Eu fico preocupado com a certa ambiguidade do Brasil em relação a energias renováveis”, diz o economista, ao falar do convite feito ao país para integrar a Opep+. “Acredito que não deveria aceitar”, completa; - Casarões descreve a relação do governo com líderes autoritários como parte de uma estratégia pragmática da diplomacia brasileira: “A crítica a Bolsonaro era sobre personalização excessiva das relações. Lula preserva uma impessoalidade institucional”. Daniel sinaliza incômodos com a visita de Lula ao príncipe saudita. “Quando Lula vai a Riad, ele assume um fardo excessivo”; - O cientista político avalia que a visita de Lula à Alemanha – marcada para depois da COP28 – é o contrapeso da agenda árabe na geopolítica global. “É um momento importante para sinalizar compromisso com os valores ocidentais”, afirma. E Daniel chama a atenção para o potencial estratégico do encontro com o primeiro-ministro alemão pouco antes da data prevista para a celebração do acordo comercial entre União Europeia e Mercosul (7 de dezembro); - Daniel alerta para a crescente tensão entre Venezuela e Guiana, na fronteira norte do país: “O Brasil é o grande mediador de conflitos na América do Sul e vai ter que transitar nele com muito cuidado”. Casarões concorda e acrescente que, caso a tensão escale para um enfrentamento militar, todos os outros problemas diplomáticos “vão parecer fichinha para o Brasil”. “Será o grande teste do governo Lula”, resume.
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