Cadeirada e xingamentos: a política no fundo do poço
Sep 17, 2024
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Pablo Marçal é candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PRTB, enquanto José Luiz Datena representa o PSDB. No debate, Marçal acusa Datena de assédio, levando a uma agressão física sem precedentes. Conversam sobre o aumento da agressividade e polarização na política, a influência das redes sociais e a desconexão entre políticos e cidadãos. Também discutem a necessidade de um diálogo construtivo e o combate às fake news, destacando a importância de renovar a confiança nas instituições democráticas.
A recente agressão física entre candidatos no debate evidencia a crescente truculência e radicalização que ameaça a democracia brasileira.
As redes sociais amplificam a polarização política, incentivando táticas agressivas que distorcem o debate e refletem um movimento global preocupante.
Deep dives
A Crise da Política e da Democracia
A atual crise da política é caracterizada por níveis crescentes de agressão e truculência que minam as instituições democráticas. Episódios de violência em debates, como a agressão física entre candidatos, evidenciam como esses comportamentos se tornaram comuns e até esperados em uma era dominada pelas redes sociais. A polarização acentuada, onde a política se torna uma guerra entre amigos e inimigos, alimenta a deslegitimação das práticas democráticas. Essa dinâmica reflete um movimento global e não é restrita ao Brasil, indicando uma necessidade urgente de resgatar a civilidade nos debates públicos e reforçar a importância do diálogo e da etiqueta política.
O Papel das Redes Sociais na Polarização
As redes sociais têm desempenhado um papel fundamental na transformação da política, agindo como um catalisador para o aumento da polarização. O uso estratégico da provocação por candidatos, como exemplificado pelas ações do Pablo Marçal, mostra como a busca por likes e engajamento pode desvirtuar o debate político tradicional. A crescente influência de figuras políticas extremistas, que utilizam táticas de deslegitimação e agressividade para mobilizar apoio popular, agrava ainda mais essa situação. Essa transformação não é apenas política; ela permeia diversos aspectos da vida social, levando a uma deterioração dos espaços de diálogo e convivência na sociedade.
A Necessidade de Diálogo e Mudança Sociopolítica
Para reverter essa tendência de radicalização e violência política, é essencial promover o diálogo e encontrar formas de mitigar a desinformação e a polarização. Combater as fake news e fazer com que a classe política se reconecte com as demandas sociais são passos fundamentais para restaurar a confiança nas instituições democráticas. A proposta de um diálogo sustentado entre diversas partes da sociedade, longe da lógica de 'lacrar', é vital para reconstruir a convivência civilizada e a democracia. A falta de diálogo e a falta de representação de questões urgentes permitirão que posições extremistas continuem a prosperar, levando a um futuro político incerto.
No debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, realizado pela TV Cultura, Pablo Marçal (PRTB) e José Luiz Datena (PSDB) protagonizaram uma das cenas mais absurdas da história recente da política brasileira: Marçal acusou Datena de ser estuprador, e o tucano reagiu com uma agressão física, atingindo o candidato do PRTB com uma cadeirada. É o momento mais baixo de uma campanha que já registrou diversas ofensas e xingamentos entre os candidatos. “É um radicalismo e uma truculência que estão crescendo em todo o mundo”, afirma Fernando Abrucio, doutor em ciência política pela USP, professor da FGV-SP e colunista do jornal Valor Econômico. Convidado de Natuza Nery neste episódio, Abrucio alerta para a crescente radicalização que já ultrapassa as barreiras da política e atinge a sociedade como um todo – fomentada pelas redes sociais, onde candidatos “usam essa lógica para lacrar e ganhar força”. Abrucio enumera ainda outros fatores que levaram o debate político ao fosso da civilidade: a desconexão da classe política das "urgências” da vida real dos cidadãos; a ineficácia do combate às mentiras e às fake news; e o crescimento de quadros extremistas e autodeclarados políticos “antissistema”.
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