Cida Bento, doutora em psicologia pela USP e especialista em desigualdades raciais, une forças com Thiago André, historiador e criador do podcast História Preta. Juntos, eles exploram como o racismo afeta a saúde mental da população negra, aumentando o risco de suicídio entre jovens pretos e pardos. Cida analisa os impactos do Pacto da Branquitude na autoimagem e identidade, enquanto Thiago traz à luz Juliano Moreira, pioneiro da psiquiatria no Brasil, e suas influências na literatura, incluindo Lima Barreto.
O racismo estrutural impacta profundamente a saúde mental da população negra, aumentando a ansiedade e o risco de suicídio em jovens.
A falta de profissionais da saúde mental que entendam as especificidades culturais da população negra agrava as dificuldades no acesso ao tratamento adequado.
Deep dives
A Experiência do Racismo e a Saúde Mental
O racismo afeta diretamente a saúde mental da população negra, um fato frequentemente ignorado. Muitas experiências de discriminação e preconceito contribuem para a desvalorização da autoestima e dificultam a percepção do próprio valor. O impacto vai além das relações sociais, criando um ambiente constante de insegurança e ansiedade que pode levar a questões mais sérias de saúde mental, como depressão e suicídio. Exemplos de indivíduos que enfrentam dificuldades de aceitação e respeito na sociedade evidenciam como essas experiências negativas se acumulam ao longo da vida.
O Pacto da Branquitude e Seus Efeitos
O pacto da branquitude perpetua a ideia de que as pessoas brancas são as mais bonitas e inteligentes, enquanto as negras são desvalorizadas e inferiorizadas. Essa dinâmica não verbalizada tem um impacto profundo na identificação e na autoestima dos indivíduos negros, reforçando estereótipos negativos e limitando suas oportunidades. Além disso, o pacto contribui para a dificuldade dos profissionais da saúde em reconhecer e entender as experiências de vida da população negra, prejudicando o atendimento psicológico oferecido. A desconexão entre identidades raciais pode levar ao aumento da dor e do sofrimento em busca de apoio.
Desigualdade e Acesso à Saúde Mental
A desigualdade no acesso à saúde mental é um problema crítico enfrentado pela população negra, com a falta de profissionais qualificados em áreas periféricas. A pesquisa revela que a maioria dos psicólogos são brancos, o que dificulta um atendimento que compreenda as especificidades culturais e sociais da população negra. Além disso, o estigma associado à busca por tratamento psicológico pode levar muitos a evitá-lo, escolhendo, em vez disso, buscar conforto em religiões ou outras formas de apoio. A urgência de uma política de saúde mental mais inclusiva e sensível é evidente para abordar esses desafios.
Histórias de Resistência e Fortalecimento
As histórias de figuras históricas como Lima Barreto ilustram a luta e a resistência da população negra frente a adversidades. A importância de um tratamento humanizado é destacada, onde profissionais sensíveis e conscientes das questões raciais podem fazer diferença significativa na vida de indivíduos em sofrimento. A narrativa de Barreto, que utilizou a escrita como um meio de lidar com suas experiências de hospitalização e racismo, é um exemplo de como a expressão criativa pode ser uma forma poderosa de resistência. Além disso, observa-se uma crescente conscientização nas áreas de psicologia e psicanálise sobre a necessidade de adaptação dos métodos de atendimento para acolher efetivamente as vivências da população negra.
“Você tem medo de ser desqualificado e agredido. Você está sempre apreensivo. Está sempre em um lugar perigoso”, diz Cida Bento, doutora em psicologia pela USP e uma das maiores autoridades do Brasil na atuação contra desigualdades raciais. Para ela, uma sociedade que toma a cor de pele como atributo negativo sustenta os números relativos à saúde mental de pessoas negras: o risco de suicídio é 45% maior entre jovens pretos e pardos, na comparação com brancos. Em conversa com Natuza Nery, a autora do livro “Pacto da Branquitude” analisa os fatores raciais e sociais que afetam a saúde mental da população negra. Natuza conversa também com o historiador Thiago André, criador do podcast História Preta. Ele relembra quem é Juliano Moreira, médico negro fundador da disciplina psiquiátrica no Brasil, e como ele influenciou Lima Barreto, um de nossos maiores escritores e autor de ‘Diário do hospício’.
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